Novembro 23, 2024

Laboratório na Rússia explode e causa incêndio

Uma explosão de gás provocou um incêndio em um centro de pesquisa na cidade de Koltsovo, próxima de Novosibirsk, na Rússia, na segunda-feira (16), anunciaram as autoridades locais. Uma pessoa sofreu queimaduras de terceiro grau e foi levada ao hospital.

A explosão ocorreu em uma sala de inspeção que estava em reparo, no 5º andar do laboratório, e o incêndio se espalhou pelo sistema de ventilação do edifício antes de ser extinto.

O Centro Estatal de Pesquisa em Virologia e Biotecnologia, conhecido como Vector, é conhecido por armazenar vírus de doenças como varíola, HIV e ebola, segundo o jornal "The Guardian". O lugar sediava pesquisas secretas de armas biológicas durante a era soviética e agora é um dos principais centros de pesquisa de doenças da Rússia.

Segundo o anúncio oficial, a estrutura do edifício não foi danificada e o fogo não expôs os vírus ao exterior. O prefeito de Koltsovo disse que o laboratório não contém amostras de vírus no momento por causa dos trabalhos de reparo que estão sendo feitos.

O Vector é um dos dois únicos laboratórios em todo o mundo a guardar o vírus da varíola. O outro pertence ao CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e fica em Atlanta.

O laboratório também já armazenou formas altamente contagiosas de gripe aviária e cepas de hepatite.

De acordo com o especialista Joseph Kam, do Centro Stanley Ho de Doenças Infecciosas Emergentes, em Hong Kong, o fogo seria quente o suficiente para destruir os vírus, mas uma explosão poderia espalhá-los e haveria risco de contaminação daqueles na sala ou na área próxima.

"Parte da onda da força da explosão levaria [o vírus] para longe do local de armazenamento", declarou Kam à rede de televisão americana CNN.

A zona de contaminação pode variar de 10 a algumas centenas de metros, dependendo do tamanho da explosão e de outros fatores, como velocidade e direção do vento, e se o vírus pode ser transmitido pelo ar (em casos raros, o da varíola pode ser transmitido assim; não é o caso do HIV e do ebola, segundo a OMS).

Incidentes anteriores
O incidente de segunda (16) não foi o primeiro no Vector. Em 2004, uma pesquisadora morreu no complexo depois de ser picada acidentalmente com uma agulha que carregava o vírus do ebola. A mídia russa alegou que era a única morte por causa do vírus na história do país.

Surtos de antraz e varíola foram causados por programas soviéticos de desenvolvimento de armas na década de 1970 e depois encobertos pelo governo, diz o "The Guardian".

O laboratório foi ameaçado pela falta de financiamento nos anos 90, levantando preocupações de que os pesquisadores pudessem vender seus conhecimentos ou amostras biológicas reais a governos como o do Iraque e da Coreia do Norte. Nos anos 2000, o Vector também deu treinamento sobre como responder a um possível ataque terrorista.

Em 2006, um esconderijo de armas, incluindo lançadores de granadas, supostamente pertencentes a um grupo da máfia, foi encontrado próximo à instalação.

Acidente em base militar
No mês passado, autoridades russas demoraram a divulgar informações sobre uma explosão em um local de testes militares que causou um aumento nos níveis de radiação na região de Arkhangelsk. A explosão ocorreu quando um foguete movido a líquido com material nuclear explodiu, matando cinco pessoas.

Inicialmente, o governo afirmou que nenhum elemento químico prejudicial foi liberado na atmosfera e que os níveis de radiação não mudaram. Autoridades da cidade vizinha de Severodvinsk relataram, entretanto, o que descreveram como um breve pico de radiação.

G1
Portal Santo André em Foco

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