O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não descartou no domingo (15) retaliar o ataque contra duas instalações da principal companhia petroleira saudita, a Aramco. Nesta manhã, ele deu entender que o Irã pode estar envolvido no incidente. Para a Rússia, discutir retaliação é "inaceitável e contraproducente".
Os bombardeios provocaram a redução à metade da produção do maior exportador mundial e fizeram com que o preço do petróleo disparasse nesta segunda-feira (16).
Os rebeldes iemenitas houthis, que são apoiados pelo Irã no conflito que acontece no Iêmen, disseram ter enviado no sábado (14) dez drones para atacar as instalações, o que provocou incêndios de grandes proporções.
"O fornecimento de petróleo da Arábia Saudita foi atacado. Há motivos para acreditar que conhecemos o culpado", disse Trump no Twitter no domingo. Ele acrescentou que os Estados Unidos estão prontos para atacar, "dependendo da verificação", pois esperam conhecer a versão saudita para determinar como proceder.
Nessa manhã, Trump voltou a se manifestar na rede social e dessa vez indicou que o Irã pode estar envolvido no incidente. O chefe de estado americano disse que em certa ocasião o país derrubou um drone americano alegando que ele estava em seu espaço aéreo "quando, na verdade, não estava nem perto".
"Eles se apegaram fortemente a essa história, sabendo que era uma grande mentira. Agora eles dizem que não tiveram nada a ver com o ataque à Arábia Saudita. Veremos?", declarou.
Donald Trump disse ainda que os Estados Unidos não precisam de petróleo do Oriente Médio. "Somos um exportador de energia e agora o maior produtor de energia do mundo. Não precisamos do petróleo e do gás do Oriente Médio e, na verdade, temos muito poucos cargueiros por lá, mas ajudaremos nossos aliados", escreveu no Twitter.
Embora o chefe de estado americano não tenha acusado diretamente o Irã, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, já o tinha feito anteriormente. Segundo Pompeo, não havia "evidências de que os ataques tenham partido do Iêmen.
O Irã negou acusações e acusou os Estados Unidos de buscarem um pretexto para retaliar o país.
"Tais acusações e comentários infrutíferos e cegos são incompreensíveis e sem sentido. Tais comentários parecem mais conspirações de organizações secretas e de inteligência para prejudicar a reputação de um país e criar um quadro para ações futuras", afirmou o porta-voz do Ministério do Exterior iraniano, Abbas Mousavi, em comunicado.
Repercussão internacional
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que é inaceitável discutir uma possível retaliação aos ataques e que usar o incidente para aumentar as tensões no Irã é contraproducente.
"Acreditamos que é contraproducente usar o que aconteceu para aumentar as tensões em torno do Irã, de acordo com a conhecida política dos Estados Unidos. Propostas de ações retaliatórias difíceis, que parecem ter sido discutidas em Washington, são ainda mais inaceitáveis", afirmou o ministério em comunicado.
O porta-voz do premiê Boris Johnson afirmou que os ataques foram uma violação do direito internacional. O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, condenou o ataque, mas ressaltou que ainda não está claro de onde partiram os ataques.
Ataques
No sábado (14), ataques de drones provocaram incêndios na unidade saudita de Abqaiq, a maior do mundo dedicada ao processamento de petróleo, e na instalação de Khurais, provocando a redução da produção da petroleira em cerca de 5,7 milhões de barris, o que representa mais de 5 % do suprimento global de petróleo. Não houve relatos de feridos, mas a fumaça foi vista do espaço.
Após o ataque, rebeldes iemenitas houthis, que são apoiados pelo Irã no conflito que acontece no Iêmen, disseram ter enviado dez drones para atacar as instalações da Aramco.
Desde 2015, a Arábia Saudita lidera uma coalização internacional que apoia o governo iemenita e ataca os houthis. Em retaliação, esses rebeldes têm feito vários bombardeios fronteiriços com mísseis e drones contra bases aéreas sauditas e outras instalações no país.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e países ocidentais acusam Teerã de fornecer armas ao grupo, algo que o governo iraniano nega.
Piora nas relações Irã/EUA
A relação entre os Estados Unidos e o Irã vem se deteriorando desde a eleição de Donald Trump. Em 2018, Trump cumpriu sua promessa de campanha e retirou seu país do acordo nuclear assinado em 2015.
Na época, os Estados Unidos alegraram que o Irã financiava patrocinava grupos terroristas e não cumpria os termos do tratado – o que não foi confirmado por organizações independentes. Desde então, os americanos adotaram sanções que prejudicam a economia iraniana.
Em julho de 2019, o Irã ultrapassou o limite de 300 kg de urânio de baixo enriquecimento que foi previsto no acordo nuclear em retaliação contra as sanções americanas.
O urânio de baixo enriquecimento é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas, potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares.
A violação dos termos abre espaço para a volta de sanções multilaterais que foram suspensas em troca de o Irã limitar suas atividades nucleares.
G1
Portal Santo André em Foco
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