A Austrália divulgou nesta segunda-feira (24) a maior reforma militar do país em décadas, que busca conter o reforço das capacidades militares da China, em meio às crescentes tensões na região da Ásia-Pacífico.
"Hoje, pela primeira vez em 35 anos, estamos reorientando a missão da Força de Defesa Australiana", disse o ministro da Defesa, Richard Marles.
Traçando um futuro em que a Austrália terá uma capacidade de ataque de longo alcance, Marles disse que a estratégia atual, focada no território, não era mais "adequada ao propósito".
Diante de uma China mais combativa, ele garantiu que a Austrália agora se concentrará em dissuadir os inimigos antes que eles cheguem aos territórios do país, seja por mar, ar ou online.
A revisão estratégica do Ministério da Defesa indica que o reforço militar da China é o maior e mais ambicioso de qualquer país desde a Segunda Guerra Mundial.
No processo, a Austrália adverte contra o aumento dos "riscos de escalada militar ou erro de cálculo" devido ao reforço militar da China.
"A reivindicação chinesa de soberania sobre o Mar do Sul da China ameaça a ordem mundial baseada em regras no Indo-Pacífico de uma forma que impacta negativamente os interesses nacionais da Austrália", acrescentou.
Analistas australianos veem a ascensão militar da China com suspeita e temem que as agora grandes capacidades de Pequim possam isolar a Austrália de parceiros comerciais e cadeias de suprimentos globais.
Diante dessa ameaça, a nova doutrina de defesa visa o recrutamento de soldados e o reforço das bases militares no norte do país, bem como a ampliação da capacidade de bombardeio aéreo, terrestre e marítimo.
A Austrália já havia anunciado a aquisição de submarinos movidos a energia nuclear e as forças armadas australianas receberão mísseis de longo alcance que podem ser lançados tanto do ar quanto do solo.
Marles disse nesta segunda-feira que a Força de Defesa Australiana também terá capacidade de ataque de longo alcance.
O anúncio desta reforma provocou uma reação imediata da China, que afirmou seguir uma política de “natureza defensiva”.
"Não somos uma ameaça para nenhum país", disse Mao Nig, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
AFP
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