Quando se cogita a candidatura de Joe Biden à reeleição, o fator idade automaticamente aparece como o seu principal adversário. O presidente mais velho dos Estados Unidos seria também o mais idoso ao terminar um segundo mandato, com 86 anos.
Por isso, o resultado do check-up que ele fez nesta quinta-feira no Hospital Walter Reed, em Maryland, mereceu tanta atenção.
A vitalidade do presidente, como homem vigoroso de 80 anos, “perfeitamente apto para cumprir as suas funções”, foi destacada no atestado emitido por seu médico, Kevin O’Connor.
Os incômodos que ele causa ao público foram esclarecidos no boletim: pigarros e tosse frequentes são resultado de um refluxo; a marcha rígida é decorrente de um desgaste na coluna e aliviada com fisioterapia.
O exame de três horas não revelou anomalias neurológicas. Depois de concluído, Biden fez uma corrida no Gramado Sul da Casa Branca, sob chuva fina, em mais um indício de quem quer exibir a saúde perfeita e precisa convencer seus eleitores.
“Eu acho que as pessoas precisam apenas me observar”, respondeu ele na semana passada ao ser questionado sobre a idade numa entrevista na emissora PBS.
Biden manifestou desejo por concorrer novamente, mas ainda não anunciou oficialmente a candidatura. Desde já, enfrenta resistências em seu próprio partido, que procura combater com a experiência.
Uma pesquisa AP-NORC Center for Public Affairs revelou que apenas 37% dos democratas o apoiam nesta segunda empreitada. Setenta por cento dos americanos não querem que ele concorra novamente, e a maioria cita a idade como um impeditivo.
Os adversários republicanos pintam o presidente como uma caricatura e exploram falhas cognitivas – imagem que a Casa Branca tenta insistentemente desfazer, ressaltando os seus feitos nas diversas crises conduzidas durante o mandato.
Seus aliados exaltam o desempenho de Biden no discurso do Estado da União, proferido recentemente no Capitólio, e as respostas afiadas e de improviso, às críticas de republicanos, assim como a exaustiva agenda de viagens, dentro e fora do país.
Os ataques remontam à campanha passada, quando o adversário Donald Trump, apenas quatro anos mais novo, o apelidou de “Joe Sonolento”. Naquela altura, o democrata sugeria que faria um mandato único e que serviria de ponte para a nova geração. Biden, contudo, tem dado a entender que mudou de ideia.
Primeira pré-candidata republicana a entrar no páreo, a ex-embaixadora na ONU Nikki Haley, se vende, aos 51 anos, como a candidata da próxima geração. Assim, numa tentativa de atingir simultaneamente Biden e Trump, ela defendeu, no anúncio de sua campanha, um teste de capacidade mental para os candidatos acima de 75 anos.
“Existe um teste de competência para presidente, chamado de eleição”, resumiu o estrategista democrata Michael Starr Hopkins ao site “The Hill”. E, nesse ponto, seus aliados alertam os adversários de que concentrar-se na idade para atacá-lo pode resultar também em gol contra.
g1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.