O papa Francisco viajou nesta terça-feira (31) para a a República Democrática do Congo (RDC) para uma visita de quatro dias, a primeira etapa de sua quinta viagem ao continente africano, que também o levará ao Sudão do Sul.
O avião com o pontífice decolou de Roma às 8h28 (4h28 de Brasília) e deve pousar às 15h00 (11h00 de Brasília) no aeroporto de Kinshasa, a capital do maior país católico do continente.
Inicialmente prevista para julho de 2022, a visita foi adiada devido às dores no joelho que afetam Francisco, 86 anos, que utiliza uma cadeira de rodas em seus deslocamentos, assim como pelos problemas de segurança em Goma, nordeste do país, etapa da viagem que foi cancelada.
Em sua 40º viagem internacional, o pontífice argentino pretende levar uma mensagem de paz e reconciliação ao país abalado pela violência e miséria.
Contra a violência e a exploração
Na RDC, que tem quase 100 milhões de habitantes, o papa deve abordar os confrontos armados e a exploração que este país rico em recursos naturais enfrenta, mas com uma população empobrecida - dois terços vivem com menos de 2,15 dólares por dia -, como o próprio Francisco antecipou no domingo.
O país africano enfrenta há vários meses o ressurgimento do grupo armado M23, que conquistou amplas faixas do território de Kivu do Norte, província na fronteira com Ruanda, que o governo da RDC acusa de interferência.
A visita papal acontece duas semanas depois de um ataque mortal reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) em uma igreja pentecostal em Kivu do Norte.
Anteriormente conhecido como Zaire, com riquezas como cobre, cobalto, ouro, diamantes, urânio, coltan e estanho, a RDC tem uma história marcada pelo colonialismo, escravidão e abusos.
Também é a terra de Patrice Lumumba, líder anticolonialista africano, que foi o primeiro-ministro do Congo independente em 1960, derrubado e assassinado.
Vigília e grande missa
O líder da Igreja Católica será recebido com uma cerimônia oficial no aeroporto e depois percorrerá, no papamóvel, as ruas que seguem até o Palácio da Nação, onde participará em uma recepção com o presidente Félix Tshisekedi.
Ele pronunciará o primeiro discurso diante das autoridades, do corpo diplomático e de representantes da sociedade civil.
"Será a oportunidade para enviar uma mensagem forte aos políticos e abordar o tema da corrupção", afirmou Samuel Pommeret, da ONG CCFD Terre Solidaire, em referência a um dos grandes males do país.
Durante a noite, dezenas de milhares de pessoas devem participar em uma vigília de oração no aeroporto N'dolo de Kinshasa, onde passarão a noite, antes de uma grande missa na quarta-feira, com a previsão de mais de um milhão de fiéis.
Francisco também se reunirá com vítimas da violência, deslocados, membros do clero e representantes de instituições de caridade.
Com 52 milhões de católicos, a ex-colônia belga representa o futuro para o catolicismo, que está perdendo fiéis na Europa e na América Latina.
O papa viajará na sexta-feira para Juba, capital do Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo e um dos mais pobres do planeta, onde permanecerá até 5 de fevereiro.
France Presse
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