O presidente francês, Emmanuel Macron, fará sua segunda visita de Estado aos Estados Unidos nesta semana, onde espera expressar suas preocupações sobre o protecionismo dos EUA e abordar a guerra na Ucrânia com o presidente americano Joe Biden.
Em 2018, o antecessor de Biden, Donald Trump, convidou Macron para uma reunião de alto nível.
Na próxima quinta-feira (1°), na Casa Branca, irá ocorrer o disparo de 21 tiros de canhão e um jantar de Estado.
Tanto Trump quanto Biden escolheram, para sua primeira visita de Estado como anfitriões, o presidente da segunda maior economia da União Europeia (UE), que chegará na noite da próxima terça-feira (29) e partirá na sexta-feira (2) após passar por Nova Orleans.
"A França é o aliado mais antigo dos Estados Unidos", disse à AFP um alto funcionário norte-americano, para quem "esta visita se centra sobretudo na relação pessoal e na aliança" com o "parceiro vital".
Do lado francês, sublinham que se trata de uma “honra que se presta mais à França do que a qualquer outro país europeu”. Mas, no fundo, trata-se também de resolver uma crise inusitada entre os dois aliados da OTAN.
Em setembro de 2021, o anúncio de uma aliança entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, denominada AUKUS, enfureceu a França, pois esperava que Canberra quebrasse um contrato multibilionário de compra de submarinos franceses em benefício dos americanos.
Segundo Célia Belin, investigadora visitante do think-tank norte-americano Brookings Institution, os americanos têm interesse em manter uma relação próxima com o aliado que defende a "autonomia estratégica" da Europa. "Os franceses nem sempre são fáceis de lidar, mas quando os franceses e os americanos se unem, é um longo caminho."
'Não somos aliados alinhados'
Para além do protocolo, a presidência francesa espera um diálogo "exigente". "Não somos aliados alinhados", diz um assessor presidencial.
Desde a invasão russa à Ucrânia, Macron apoiou Kiev, mas também manteve um diálogo com Moscou para que, quando os ucranianos decidirem, a guerra termine "em torno de uma mesa de negociações".
Em 13 de dezembro, vai assim organizar em Paris uma conferência de apoio à resistência civil na Ucrânia, mas promete voltar a falar com o presidente russo, Vladimir Putin, “nos próximos dias”.
Inicialmente relutante, Washington parece estar caminhando para essa posição, já que seu chefe de gabinete, o general Mark Milley, evocou uma possível janela de oportunidade para negociações.
Mas Macron também quer uma "ressincronização" da resposta econômica de ambos os lados do Atlântico à crise provocada pelo conflito e, em geral, em termos de transição ecológica e rivalidade com a China.
O US Inflation Reduction Act (IRA) é anunciado como o principal ponto de tensão, especialmente quando prevê investimentos maciços para a transição ecológica, acompanhados de generosos subsídios para produtos americanos, como veículos elétricos.
“Não vamos ficar de braços cruzados” diante deste plano de investimento tido como protecionista, assegurou a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne.
Macron espera obter "renúncias" para algumas indústrias europeias, pois, segundo seus serviços, sabe que Biden não recuará neste plano politicamente crucial para o democrata.
A ideia em troca é promover uma medida semelhante na UE para evitar deslocalizações em massa.
"A China favorece sua produção, os Estados Unidos favorecem sua produção. Talvez tenha chegado a hora de a Europa favorecer sua produção", disse o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, no domingo, no France 3, lamentando que o Velho Continente viva "ainda na globalização de ontem, aberto aos quatro ventos".
AFP
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