As divergências a respeito de Taiwan dominaram a reunião desta terça-feira (22) entre o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e seu homólogo chinês, Wei Fenghe, um encontro que aconteceu no Camboja em um momento em que as duas nações se esforçam para conter as tensões.
A reunião, que ocorreu à margem de uma conferência de ministros da Defesa na cidade cambojana de Siem Reap, foi a primeira entre os dois desde junho.
Pouco depois, em agosto, a visita da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan aumentou a tensão entre as potências.
Desde então, Pequim e Washington tentam acalmar a situação e organizaram vários encontros entre funcionários de alto escalão.
Uma fonte do Departamento de Defesa americano classificou o diálogo entre Austin e Wei como "produtivo e profissional".
"As partes concordaram que é importante que nossos países trabalhem juntos para evitar que a concorrência resulte em conflito", declarou.
Austin buscou "a reabertura de uma série de diálogos e mecanismos militares, além de outros mecanismos para ajudar a administrar a concorrência de forma responsável", acrescentou a mesma fonte.
O funcionário do governo americano informou que Austin e Wei tiveram uma "longa conversa" sobre Taiwan, que durou quase uma hora e meia.
Um porta-voz do ministério da Defesa da China descreveu o encontro como "sincero, profundo, prático e construtivo".
"As duas partes reconheceram que os exércitos devem implementar com seriedade os importantes consensos alcançados pelos chefes de Estado para manter a comunicação e os contatos, além de fortalecer a gestão da crise e trabalhar duro para manter a paz e a estabilidade regional", disse o porta-voz.
A fonte acrescentou que a "China considera importante o desenvolvimento das relações bilaterais, mas que os Estados Unidos devem respeitar os interesses fundamentais chineses".
Linha vermelha
A China considera que Taiwan é parte de seu território e busca retomar o controle, inclusive pela força se considerar necessário.
Durante a reunião, Wei disse que para a China a questão de Taiwan é uma linha vermelha. "Taiwan pertence a China, é um tema que deve ser resolvido pelo povo chinês apenas e nenhuma força externa tem o direito de interferir", disse o porta-voz.
Pequim critica as ações diplomáticas que podem conceder legitimidade a Taiwan e critica as visitas à ilha de autoridades ocidentais. Após a visita de Pelosi, Pequim organizou manobras militares em larga escala ao redor da ilha.
Austin disse a Wei que a política americana a respeito de Taiwan não mudou e que Washington continua contrário a qualquer mudança unilateral no 'status quo' da ilha.
Na reunião também foram citados outros temas geopolíticos como a invasão russa à Ucrânia e a situação da Coreia do Norte, segundo um comunicado do secretário de imprensa do Pentágono, o general Pat Ryder.
O encontro entre os secretários de Defesa aconteceu uma semana após a reunião do presidente chinês Xi Jinping com o colega americano Joe Biden, à margem da cúpula do G20.
Poucos dias depois, Xi se reuniu com a vice-presidente americana, Kamala Harris, no encontro de cúpula da APEC em Bangcoc.
R7
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