Novembro 26, 2024

Rússia diz ter concluído a 'retirada' de civis da região ocupada de Kherson, na Ucrânia

A Rússia anunciou nesta sexta-feira (28) que concluiu a retirada de civis da região ucraniana ocupada de Kherson antes do avanço das tropas da Ucrânia, uma operação considerada pelo país como uma "deportação" da população.

O exército ucraniano está se preparando para uma batalha feroz para tentar recuperar a cidade de Kherson e as áreas ao redor da cidade, que antes da guerra tinha cerca de 288 mil habitantes.

A cidade está ocupada pela Rússia desde os primeiros dias da guerra e suas autoridades prometeram transformá-la em uma "fortaleza" para resistir à ofensiva ucraniana nesta região, que o Kremlin afirma ter sido anexada.

Desde 13 de outubro, as autoridades russas de ocupação em Kherson pediram a retirada da população para o lado menos exposto do rio Dnieper, antes do avanço dos ucranianos.

Nesta sexta-feira eles afirmaram que a transferência foi concluída. "O trabalho de organizar a partida dos habitantes... para regiões seguras na Rússia está concluído", disse Sergey Aksionov, líder da Crimeia, a península vizinha de Kherson, anexada por Moscou em 2014, na noite de quinta-feira.

"Fico feliz que aqueles que queriam deixar o território bombardeado pelos ucranianos com rapidez e segurança conseguiram fazê-lo", disse Aksionov no Telegram, onde postou uma foto ao lado do vice-diretor da administração presidencial russa, Sergei Kiriyenko.

Na quarta-feira, um funcionário responsável pela ocupação russa de Kherson, Vladimir Saldo, disse que pelo menos 70 mil moradores conseguiram deixar suas casas na área em menos de uma semana.

Por seu lado, o comando militar ucraniano indicou nesta sexta-feira no seu relatório diário das últimas 24 horas que "continua a chamada 'retirada' do território temporariamente ocupado de Kherson".

Vítimas chechenas
Uma indicação da intensidade dos combates é que o líder da república russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov - cujas forças estão lutando na Ucrânia - anunciou a morte de 23 de seus soldados em um bombardeio ucraniano que deixou 58 feridos.

Enquanto isso, na linha de frente, as autoridades ucranianas denunciaram que o bombardeio russo danificou dois prédios residenciais e uma padaria em Mikolaiv, no sul, deixando um ferido.

No leste, na região de Donetsk, cinco pessoas morreram e nove ficaram feridas nas últimas 24 horas, especialmente na cidade de Bakhmut, que é outro ponto-chave que as forças russas tentam tomar desde meados do ano. disse o governador ucraniano, Pavlo Kirilenko.

Enquanto isso, Aksionov e Kiriyenko anunciaram que visitaram na quinta-feira a usina nuclear de Zaporizhia, a maior da Europa e que está sob ocupação russa desde março.

Moscou e Kiev se culpam há meses por bombardear as instalações da usina, uma área que fica em uma das quatro regiões ucranianas que a Rússia reivindica como territórios anexados.

Nas últimas semanas, a Rússia multiplicou os bombardeios contra as infraestruturas energéticas ucranianas, o que provocou um racionamento de energia elétrica em grande parte do país.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusa a Ucrânia de preparar um ataque com uma "bomba suja" com resíduos radioativos, acusações que tanto Kiev quanto seus aliados no Ocidente classificam como "absurdas" e afirmam que podem servir de pretexto para Moscou escalar o conflito .

Em um discurso em um fórum político na quinta-feira, Putin pediu à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que envie uma missão à Ucrânia "o mais rápido possível". Este órgão de controle nuclear da ONU disse que realizará "uma verificação independente".

Putin afirmou ainda que o mundo está entrando na "década mais perigosa, imprevisível e ao mesmo tempo importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial", descrevendo o conflito na Ucrânia como uma luta global contra a hegemonia ocidental.

AFP
Portal Santo André em Foco

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