O presidente da Itália, Sergio Mattarella, dissolveu o Parlamento nesta quinta-feira (21), o que implica, automaticamente, em eleições antecipadas, que serão realizadas em 25 de setembro.
"A situação política levou a esta decisão", declarou Mattarela ante as câmeras de televisão, referindo-se ao fim da coalizão de unidade nacional que apoiava o governo liderado pelo economista Mario Draghi.
"Sancionei o decreto de dissolução das Câmaras, com o objetivo para convocar novas eleições no prazo máximo de 70 dias", disse Mattarella, ressaltando que essa decisão é sempre "a última opção".
Mattarella agradeceu a Draghi e a seus ministros pelo trabalho realizado durante "estes 18 meses" de governo. Também recordou que a situação econômica, assim como o custo da energia e dos alimentos, "não permitem muitas pausas" e advertiu que ainda há muitas medidas a serem tomadas.
Considerado o salvador da zona do euro em 2012, Mario Draghi foi nomeado primeiro-ministro da Itália em fevereiro de 2021 para resgatar a Itália da emergência sanitária, política e econômica, pela qual passava. Jogou a toalha nesta quinta-feira, esgotado pelas disputas dentro de sua coalizão.
A crise política vinha-se formando há meses em Roma, tendo como pano de fundo as lutas internas do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5E). Por fim, desmoronou a heterogênea coalizão que o sustentava e que ia da direita à esquerda.
O fim do Executivo liderado por Draghi pode beneficiar, sobretudo, a coalizão de direita liderada pelo partido pós-fascista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), dirigido por Giorgia Meloni. Pesquisas indicam sua vitória confortável nas eleições.
Esta manhã, muito aplaudido na Câmara dos Deputados, Draghi solicitou de imediato a suspensão da sessão para se deslocar ao palácio presidencial do Quirinal, onde chegou pouco depois das 09h15 locais (04h15 em Brasília) para comunicar a sua "decisão" ao presidente Sergio Mattarella.
A dissolução do Parlamento era a conclusão esperada depois que o Força Itália, partido de direita de Silvio Berlusconi, a Liga, partido de extrema-direita de Matteo Salvini, e o partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5E) se recusaram a participar de um voto de confiança solicitado na quarta-feira pelo primeiro-ministro no Senado.
A queda do "Super Mario", designado para salvar a Itália em fevereiro de 2021 em um momento de crise social, econômica e sanitária, gerou fortes reações em toda a península.
"Itália traída" foi o título do jornal La Repubblica, enquanto La Stampa, jornal próximo dos industriais, se limitou a escrever "Vergonha" na página inteira.
De acordo com as pesquisas, a maioria dos italianos desejava que Draghi permanecesse no cargo, uma das razões pelas quais ele recuou na quarta e não confirmou sua primeira renúncia. No entanto, não conseguiu fazer com que os partidos de sua coalizão se alinhassem em torno de um "pacto" de governo que ele propôs em um longo e denso discurso no Senado.
Direita favorita
Os partidos de direita que faziam parte do Executivo esperam ganhar as eleições e decidiram derrubar o primeiro-ministro sob o pretexto de não querer mais governar junto com o Movimento 5 Estrelas.
Por sua vez, os antissistemas, que iniciaram a crise na semana passada, consideram que vários pontos das leis propostas por Draghi são contrários aos seus princípios e que todas as medidas tomadas durante o seu governo anterior foram desmanteladas.
O fim do Executivo de unidade poderia, sobretudo, beneficiar a coalizão de direita liderada pelo partido pós-fascista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), liderado por Giorgia Meloni, que segundo as pesquisas ganharia confortavelmente as eleições antecipadas.
"Estamos prontos. Esta nação precisa desesperadamente recuperar sua consciência, seu orgulho e sua liberdade", tuitou nesta quinta-feira Giorgia Meloni, 45, uma veterana líder de extrema-direita que pode se tornar a futura chefe de governo da Itália.
Essa perspectiva preocupa os europeus, já que o seu partido, os Irmãos de Itália, com 24% das intenções de voto, defende uma revisão dos tratados da União Europeia e até a sua substituição por uma "confederação de Estados soberanos".
O comissário europeu para a Economia, o italiano Paolo Gentiloni, considerou "irresponsável" a deserção dos partidos da coalizão, enquanto Bruxelas e seus parceiros europeus pressionaram para que Draghi permanecesse no cargo.
Os mercados observam cuidadosamente a situação. O custo da dívida da Itália subiu novamente e a Bolsa de Valores de Milão fechou em queda de 1,6% na quarta-feira, um sinal de nervosismo devido à incerteza na terceira maior economia da zona do euro.
AFP
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