Parentes e amigos do ex-primeiro-ministro japonês assassinado, Shinzo Abe, prestaram homenagens a ele nesta segunda-feira (11) em Tóquio, durante seu funeral. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o chamou de "homem com uma visão do futuro".
A coalizão governista do Japão também consolidou sua maioria no Senado nas eleições do último domingo (10), realizadas dois dias após Abe ter morrido após levar dois tiros durante um comício eleitoral.
O carro funerário com os restos mortais de Abe chegou ao templo Zojoji na tarde desta segunda-feira para o funeral que reuniu autoridades e empresários.
Blinken, que estava na Ásia, fez uma visita não programada ao Japão para expressar as condolências dos Estados Unidos. Ele entregou ao primeiro-ministro japonês Fumio Kishida uma carta do presidente dos EUA, Joe Biden, endereçada à família de Abe.
"Quando um amigo está sofrendo o outro vem", disse o secretário de Estado. Ele acrescentou que Abe "fez mais do que ninguém para levar o relacionamento" entre os dois países a novos patamares.
"Faremos tudo o que pudermos para ajudar nossos amigos a suportar o fardo dessa perda", disse ele, chamando Abe de "um homem com uma visão e a capacidade de levar essa visão adiante".
A 'Seita da Lua'
O acusado do assassinato, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, está sob custódia e disse aos investigadores que atacou Abe porque acreditava que o político estava ligado a uma organização religiosa.
A mãe do suspeito é membro da Igreja da Unificação, organização conhecida como "Seita da Lua". A mídia local disse que a família de Yamagami sofreu problemas financeiros como resultado das doações de sua mãe ao grupo.
Yamagami queria se vingar da "organização" e pensou que o ex-primeiro-ministro tinha ligação com o grupo.
"Ela tem participado de nossos eventos uma vez por mês", disse Tomihiro Tanaka, presidente da Igreja da Unificação no Japão, em uma breve entrevista coletiva convocada em cima da hora, recusando-se a comentar as doações da mãe do suspeito.
Tanaka disse que ficou horrorizado com o assassinato "selvagem" e informou que vai cooperar com as investigações.
Especula-se que Yamagami passou três anos na Marinha japonesa e assistiu a vídeos no YouTube para aprender a fazer armas caseiras como a usada no ataque, disseram à mídia local fontes próximas à investigação.
Uma vitória eleitoral
Nas eleições de domingo, realizadas apesar do choque nacional pelo assassinato, o primeiro-ministro Kishida afirmou a importância de mostrar que a violência não pode derrotar a democracia.
O partido no poder, o Partido Liberal Democrático (LDP), ao qual pertencia Abe, e seus aliados no partido Komeito reforçaram sua posição e têm uma maioria confortável com mais de 76 dos 125 assentos na Câmara Alta, um ganho de dez parlamentares, segundo a mídia nacional.
Antes mesmo do crime, uma vitória era antecipada e com esse avanço abre-se caminho para grandes reformas, como uma emenda à constituição, reforma que Abe queria implementar para deixar para trás o caráter pacifista que define o Japão para reconhecer as forças.
O primeiro-ministro disse a repórteres que os assentos conquistados representam uma oportunidade para "proteger o Japão" e consolidar as conquistas de Abe.
Kishida, que assumiu o cargo em setembro, prometeu combater a pandemia, a inflação e os problemas decorrentes da invasão da Ucrânia pela Rússia, e houve especulações de que o assassinato de Abe poderia aumentar o apoio popular.
AFP
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