Novembro 28, 2024

Boris Johnson descarta convocar eleições, apesar da renúncia de 27 membros de seu governo

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, descartou nesta quarta-feira (6) a possibilidade de convocar eleições antecipadas, apesar da renúncia de 27 membros de seu governo em menos de 24 horas, em protesto contra a legitimidade de um líder cercado por escândalos.

"Realmente, não acho que ninguém neste país queira que os políticos se dediquem agora a fazer campanha eleitoral. E acho que precisamos continuar servindo aos nossos eleitores e nos ocupando dos temas, com os quais eles se preocupam", declarou Johnson a um comitê especial formado pelos presidentes das diferentes comissões parlamentares.

Cinco secretários de Estado (cargo equivalente a ministro) do governo de Boris Johnson renunciaram em uma carta conjunta entregue nesta quarta-feira.

"De boa-fé, devemos pedir-lhe que, pelo bem do partido e do país, que se afaste", afirma o grupo em sua carta, em meio ao número cada vez maior de pedidos de renúncia de Johnson entre as fileiras de seu próprio Partido Conservador.

"Integridade" do governo
As renúncias do ministro da Saúde, Sajid Javid, e do ministro das Finanças, Rishi Sunak, dois pesos pesados ​​do executivo e do partido, ocorreram horas depois de Johnson se desculpar muitas vezes, reconhecendo que cometeu um "erro" ao nomear Chris Pincher, um funcionário conservador, para um importante cargo parlamentar, que na semana passada se demitiu acusado apalpar, embriagado, dois homens.

O governo reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado de alegações anteriores contra Pincher em 2019, mas as "esqueceu".

Os britânicos esperam que o governo se comporte de maneira "competente" e "séria", "é por isso que estou me demitindo", escreveu Sunak. De sua parte, Javid considerou que os britânicos precisam da "integridade de seu governo".

De acordo com uma pesquisa realizada nesta quarta-feira pela consultoria Savanta ComRes, três em cada cinco eleitores conservadores acreditam que Johnson não pode recuperar a confiança do público e 72% acham que ele deveria renunciar.

Manobra contra Johnson
Do chamado “partygate”, o escândalo das festas organizadas em Downing Street que desrespeitaram as regras anticovid em 2020 e 2021, ao financiamento irregular da luxuosa reforma de sua residência oficial, passando por acusações de compadrio, os escândalos não param de crescer em torno de Johnson.

Campeão das eleições legislativas de 2019, quando conquistou a maioria conservadora mais importante em décadas graças à promessa de realizar o Brexit, o primeiro-ministro agora está despencando nas pesquisas, que apontam que a maioria dos britânicos o considera um "mentiroso".

Ele vai ser investigado por uma comissão parlamentar para apurar se enganou conscientemente os deputados quando em dezembro negou a celebração de festas durante os confinamentos.

E o fato de ele alegar desconhecer as acusações contra Pincher, quando muitos alegaram o contrário, e acabou reconhecendo seu "esquecimento" reforça as acusações de que o primeiro-ministro está brincando com a verdade.

Reveses eleitorais, o mais recente em 23 de junho em duas eleições de meio de mandato, estão convencendo um número crescente de rebeldes do Partido Conservador de que Johnson não pode mais levá-los a uma nova eleição geral em 2024.

O primeiro-ministro sobreviveu a um voto de confiança lançado no início de junho na tentativa de removê-lo do poder.

Apoiado por 211 de seus 359 legisladores, ele seguiu cargo, mas os 148 votos contra ele deixaram claro que o descontentamento continua crescendo.

As regras do partido estabelecem que esse procedimento não pode ser repetido durante o próximo ano, mas muitos já exigem uma mudança para tentar imediatamente outra manobra contra Johnson.

R7
Portal Santo André em Foco

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