Pelo menos 51 detentos morreram e 30 ficaram feridos na madrugada desta terça-feira (28) em um incêndio provocado por presos na penitenciária de Tuluá, município no sudoeste da Colômbia, informaram as autoridades.
A tragédia ocorreu em um pavilhão do presídio municipal quando os presos atearam fogo a seus colchonetes para impedir a entrada da polícia após uma tentativa de fuga ou para "encobrir alguma situação", informou à AFP o general Tito Castellanos, diretor do Inpec (Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário).
"Infelizmente, há uma rebelião no pavilhão número 8 da prisão de Tuluá, onde há 1.267 presos, com um lamentável resultado de 49 mortes", disse o oficial à W Radio.
Segundo Castellanos, os internos morreram no incêndio, que ocorreu volta das 2 horas da madrugada.
"Ao atear fogo aos colchonetes [os presos] não mediram as consequências", explicou o general em entrevista à rádio RCN.
"O Corpo de Bombeiros de Tuluá já controlou a situação", acrescentou.
Há mais 30 pessoas "feridas e afetadas pela conflagração e pela fumaça", entre elas seis guardas que ajudaram a retirar os detentos, disse Castellanos, que não forneceu informações sobre os presos foragidos.
Do lado de fora do presídio, dezenas de pessoas aguardam notícias sobre seus parentes.
"Não sei de nada. O Inpec não quer nos deixar entrar", afirmou, entre lágrimas, María Eugenia Rojas, mãe de Luis Miguel Rojas, que estava detido no pavilhão onde o motim começou, à Caracol Television.
Poderia ser "pior"
As autoridades avaliam várias hipóteses, desde uma "tentativa de fuga" até distúrbios provocados "para encobrir alguma situação", de acordo com o relatório oficial.
No local afetado pelas chamas havia 180 detentos, que atearam fogo a colchonetes para impedir a entrada da polícia no pavilhão.
Em reação, os agentes tentaram controlar o incêndio com extintores e conseguiram retirar dezenas de presos com vida.
"Senão, o resultado teria sido pior do que este que temos atualmente", enfatizou Castellanos.
Segundo o general, o presídio abrigava 1.267 detentos, 17% a mais que a sua capacidade.
A perícia trabalha na identificação das vítimas.
O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, expressou suas condolências aos familiares das vítimas no Twitter e pediu "um repensar completo da política carcerária diante da (...) dignidade do preso".
"O Estado colombiano encara a prisão como um espaço de vingança, e não de reabilitação", acrescentou o esquerdista, que assumirá o cargo em 7 de agosto, evocando a morte de 23 presos durante um motim na prisão La Modelo, em Bogotá, em março de 2020.
O presidente Iván Duque, por sua vez, citou o ocorrido no Twitter, sem mencionar números.
"Lamentamos os acontecimentos ocorridos no presídio de Tuluá (...) Dei instruções para realizar investigações para esclarecer essa terrível situação. Minha solidariedade às famílias das vítimas", escreveu o presidente.
O sistema penitenciário colombiano abriga 97.426 presos. A superpopulação é de 16.251 pessoas, segundo o Inpec.
AFP
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