O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abre oficialmente nesta quarta-feira (8) em Los Angeles a 9ª edição da Cúpula das Américas, onde espera fará ofertas de financiamento e diálogo aos colegas da região.
O encontro, que deve ter a presença de mais de 20 chefes de Estado, começa ofuscado pelo boicote do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), que desistiu de participar porque Washington não convidou Cuba, Nicarágua e Venezuela, por considerar que os três países não cumprem os parâmetros de uma democracia. A presença de AMLO era crucial para abordar a crise de migração regional.
O governo Biden minimizou a questão e prosseguiu com os planos para consolidar os vínculos com a América Latina, onde a China faz cada vez mais avanços.
Horas antes da chegada de Biden a Los Angeles, sua administração anunciou a criação de um novo Corpo de Saúde das Américas para melhorar a formação de 500 mil profissionais da saúde na região, aproveitando as lições da pandemia de Covid-19.
A capacitação em saúde custará 100 milhões de dólares, mas Washington não pagará por tudo e buscará uma arrecadação de fundos.
Na última terça-feira (7), a vice-presidente americana Kamala Harris anunciou investimentos privados de 1,9 bilhão de dólares para estimular a criação de empregos e conter a migração para os EUA a partir de Honduras, Guatemala e El Salvador.
Harris se reuniu na terça-feira com empresários e representantes da sociedade civil. Ela falou sobre as causas que estimulam a migração, no momento em que a fronteira sul dos Estados Unidos registra números recordes de migrantes interceptados procedentes de países como Venezuela, Nicarágua ou Haiti.
Mauricio Claver-Carone, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, declarou à AFP que a América Latina pode ser vista como um "mar de paz" para os investidores, em meio às turbulências provocadas pela invasão da Rússia à Ucrânia.
"A América Latina e o Caribe podem ser uma solução para esses problemas de abastecimento, seja de manufatura na Ásia ou de alimentos e energia na Europa", disse.
Como parte do apoio à região, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, anunciou na terça-feira o lançamento de uma nova "Rede de Comunicação Digital" para a América Latina.
Com a iniciativa, os jornalistas poderão trocar experiências e combater a desinformação que, destacou Blinken, teve um papel importante durante o avanço da pandemia de Covid-19.
A Cúpula das Américas, que não acontecia nos Estados Unidos desde 1994, começou na segunda-feira com pouco entusiasmo.
Encontro entre Biden e Bolsonaro
Apesar das várias ausências, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou sua presença e, inclusive, deve ter um encontro bilateral com Biden.
Poucas horas antes do encontro, Bolsonaro, que foi aliado do ex-presidente americano Donald Trump, voltou a questionar a eleição de Biden em 2020.
Nayib Bukele, presidente de El Salvador e outro político importante para a questão migragória, ainda não revelou se viajará a Los Angeles.
Em contrapartida, o presidente do Chile, Gabriel Boric, estreante no evento, foi um dos primeiros a chegar.
Em seu discurso, Biden anunciará uma aliança com a América Latina para melhorar a situação econômica, em plena recuperação pós-pandemia, com o objetivo de mobilizar investimentos, informou uma fonte do governo.
Com a segurança reforçada ao redor da zona hoteleira e do Centro de Convenções de Los Angeles, onde acontecerão as plenárias, vários protestos também estão previstos para os próximos dias.
Representantes indígenas da Amazônia se reunirão nesta quarta-feira para criticar as atividades extrativistas na floresta, que engloba oito países da região.
"O destino da Amazônia está nas mãos dos líderes que se reúnem aqui. É o futuro da vida no planeta, precisamos agir", declarou à AFP a fundadora e presidente da organização Amazon Watch, Atossa Soltani, que criticou a exclusão de líderes dessas comunidades do evento.
AFP
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