Novembro 28, 2024

Presidente da Ucrânia promete 'vitória' diante da Rússia

A Ucrânia sairá vitoriosa da guerra iniciada pela Rússia, garantiu nesta sexta-feira (3) seu presidente, Volodmir Zelenski, cem dias após o começo da invasão lançada por Moscou, cujas tropas intensificam sua ofensiva na região do Donbass.

Milhares de pessoas foram mortas, milhões fugiram de suas casas e cidades inteiras foram destruídas desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que suas forças invadissem a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

O avanço do Exército russo foi retardado pela feroz resistência dos ucranianos, que conseguiram frustrar uma ofensiva-relâmpago para derrubar o governo pró-ocidental em Kiev e que forçou Moscou a reorientar suas forças para o leste, para conquistar a região mineradora do Donbass.

Apesar da resistência apoiada pelo Ocidente, Zelenski reconheceu que a Rússia triplicou a parte do território ucraniano sob seu controle. Com a península da Crimeia anexada em 2014 e as áreas do Donbass e do sul sob seu poder, a Rússia agora ocupa cerca de 125.000 km2 do território de seu vizinho.

O presidente ucraniano procurou transmitir uma mensagem de confiança aos seus compatriotas nesta sexta-feira (3) em um vídeo gravado da sede da Presidência em Kiev.

"A vitória será nossa", disse. "Os representantes do Estado estão aqui, defendendo a Ucrânia há cem dias", acrescentou.

Por sua vez, o Kremlin afirmou ter alcançado "certos" objetivos nos cem dias de ofensiva, segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, que observou que as tropas libertaram várias cidades do que ele descreveu como "forças armadas pró-nazistas da Ucrânia".

"Destroem tudo"

As tropas de Putin estão concentradas no Donbass e a batalha é especialmente feroz na cidade de Severodonetsk.

Os combates continuam no centro da cidade e, segundo a Presidência ucraniana, os invasores estão "bombardeando infraestruturas civis e edifícios militares".

"Por cem dias, [os russos] estão destruindo tudo o que diferenciava a região de Luhansk", disse o governador regional, Sergii Gaiday.

O líder local acusou os russos de arrasarem hospitais, escolas e estradas, mas salientou que a população se apega ao território.

Gaiday declarou que as tropas ucranianas estão resistindo em uma área industrial, uma situação que lembra a da cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, onde soldados se barricaram em uma siderúrgica até que finalmente se renderam no fim de maio.

A situação em Lysychansk, a cidade gêmea localizada em frente a Severodonetsk, na outra margem do rio, também parece terrível.

Quase 60% das casas foram destruídas e as redes de internet, telefonia móvel e gás foram cortadas, informou o prefeito Oleksandr Zaika. "Os bombardeios estão ficando cada vez mais intensos", apontou.

"Situação piora"

A outra região do Donbass, Donetsk, não está isenta de hostilidades, especialmente em Sloviansk, cerca de 80 km a oeste de Severodonetsk, cujos habitantes estão fugindo desesperadamente da cidade, onde não há água nem eletricidade.

"A situação está piorando, as explosões estão cada vez mais intensas e as bombas caem cada vez mais", disse à AFP Gulnara Evgaripova, uma estudante de 18 anos que embarcava em um ônibus para deixar a localidade.

Diante do rolo compressor russo, o Exército ucraniano, que perde entre 60 e 100 soldados diariamente, segundo Zelensky, aguarda a chegada dos avançados sistemas de mísseis Himars prometidos pelos Estados Unidos.

Apoiados pelos carregamentos de armas dos Estados Unidos e seus aliados da Otan, os militares ucranianos conseguiram conter o Exército russo — maior e mais bem equipado — e transformar o conflito em uma guerra de desgaste.

"Devemos nos preparar para o longo prazo (...) porque o que vemos é que esta guerra agora se tornou uma guerra de atrito", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, após reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden.

O coordenador da ONU para a crise na Ucrânia, Amid Awad, alertou nesta sexta-feira que a guerra "não terá vencedor" e sublinhou que o conflito "implica um preço elevado para os civis", citando "as vidas, casas, empregos e perspectivas perdidas".

Os países ocidentais e seus aliados procuram sufocar a economia russa com um pacote de sanções, na esperança que isso force Putin a ceder.

Na quinta-feira, os países da União Europeia aprovaram um sexto pacote de medidas contra a Rússia, que inclui um embargo, com exceções, às compras de petróleo.

As sanções procuram enfraquecer a economia russa, mas segundo o vice-primeiro-ministro russo responsável pela Energia, Alexander Novak, os europeus serão os primeiros a "sofrer" com o embargo petrolífero.

O cartel de produtores de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus dez parceiros, um grupo que inclui a Rússia, concordaram na quinta em aumentar a produção para conter o aumento dos preços.

Mas essa medida não acalmou os investidores e os preços continuaram a subir.

Diante da escalada dos preços dos alimentos, ligada ao fato de a Ucrânia ser um dos maiores produtores de cereais do mundo, o presidente da União Africana, o líder senegalês Macky Sall, reuniu-se com Putin.

Sall afirmou que a África é "vítima" desse conflito, devido à alta dos preços dos grãos, e defendeu a tese de que os produtos alimentícios russos fiquem fora das sanções.

AFP
Portal Santo André em Foco

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