O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu nesta terça-feira (22) aos parlamentares italianos a adoção de sanções mais contundentes contra os oligarcas russos que passam suas férias na Itália e advertiu sobre a escassez de alimentos e a crise migratória que a guerra pode deflagrar.
Zelenski foi ovacionado durante seu discurso por videoconferência aos deputados e senadores do Parlamento italiano. Este foi o mais recente de uma série de discursos do presidente ucraniano a parlamentos ocidentais, no esforço de obter apoio após a invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro.
"Não sejam o lugar de férias dessas pessoas", declarou Zelenski aos parlamentares, ao lembrar que a península é um dos destinos da oligarquia russa, que possui mansões de luxo em algumas das mais belas localidades do país — da Toscana à a ilha da Sardenha.
"Temos de congelar suas propriedades, suas contas, seus iates, do navio Scheherazade até o menor. Devemos congelar os ativos de todos aqueles que têm, na Rússia, o poder de tomar decisões", clamou.
Em seu discurso, o primeiro-ministro Mario Draghi lembrou, por sua vez, que a Itália confiscou até agora mais de 800 milhões de euros (quase R$ 4,4 bilhões) em bens pertencentes a oligarcas, graças às sanções decididas pela União Europeia. Entre os ativos apreendidos, estão um iate, de 530 milhões de euros (cerca de R$ 2,8 bilhões), e um complexo residencial, em Olbia, na Sardenha, de 105 milhões de euros (aproximadamente R$ 566 milhões).
Se a guerra se prolongar, a Itália também poderá enfrentar outra grave emergência humanitária, com o aumento do número de migrantes, provocado pelo agravamento da crise alimentar avivada pela guerra na Ucrânia, segundo Zelenski.
"Não vamos poder exportar milho, óleo, trigo, tantos produtos que são absolutamente necessários para a vida. E isso também vai afetar seus vizinhos do outro lado do mar [Mediterrâneo]. Os preços estão aumentando, dezenas de milhões de pessoas vão precisar de ajuda no seu litoral", alarmou o presidente ucraniano.
A Ucrânia é um grande exportador de grãos e cereais e também abastece o PMA (Programa Mundial de Alimentos) das Nações Unidas, que comprou quase metade de seus suprimentos mundiais de trigo antes da guerra.
AFP
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