A derrota de Maurício Macri nas eleições primárias da Argentina levou pânico ao mercado financeiro do país. Nesta segunda-feira (12), o peso argentino fechou em queda de 15,27%, cotado a 53,5 por dólar. A bolsa de valores recuou 37,01%.
Na leitura dos investidores, a derrota do presidente Macri coloca em risco a agenda de reformas do país. Vencedor das primárias, o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández é visto como menos comprometido com a agenda de ajustes.
A queda do mercado acionário nesta segunda foi puxada pelo setor financeiro e energético. Segundo a agência Reuters, o mercado financeiro registrou uma das piores sessões desde as crises econômicas de 2001 e 1989.
A Argentina enfrenta um quadro bastante complicado na economia. O país está em recessão, tem uma inflação elevada e teve de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para tentar evitar a fuga de investidores do país, o Banco Central da Argentina subiu a taxa de juros paga pelas notas do Tesouro de sete dias - conhecidas como Letras de Liquidez (Leliq) e que serve de referência para política monetária do país - 10 pontos percentuais, para cerca 74%, maior patamar desde 9 de maio, segundo a Reuters.
O BC argentino também teve de vender parte das suas reservas pela primeira vez desde setembro de 2018. Ao todo, segundo o jornal El Clarin, injetou US$ 105 milhões no mercado.
O risco país da Argentina superou os 900 pontos.
Centro-esquerda vence a eleição
O peronista de centro-esquerda Alberto Fernández obteve ampla vantagem sobre o presidente liberal Mauricio Macri nas eleições primárias para a presidência do país. Com 99,37% das urnas apuradas, Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como vice, teve 47,66% dos votos, e Macri 32,08%. Roberto Lavagna aparece em 3º lugar com 8,23% dos votos.
"A diferença do resultado foi muito maior do que podíamos supor. Pelos números da economia, era mais provável que a oposição ganhasse, mas havia outros aspetos que beneficiavam o governo como transparência e combate à corrupção, mas isso não aconteceu", explicou à RFI a Mariel Fornoni, diretora da Management & Fit, empresa especializada em opinião pública.
"Esta segunda-feira será um dia muito complicado nos mercados. O grande risco é que haja uma forte corrida cambial durante este período eleitoral", avaliou o analista político Sergio Berensztein.
A Argentina está em recessão com inflação de mais de 55% depois de mais mais de três anos de políticas de Macri. Entretanto, os investidores veem a dupla Fernández/Kirchner como uma perspectiva mais arriscada do que o pró-mercado Macri devido às políticas intervencionistas prévias da oposição.
"Cristina Kirchner governou entre 2007 e 2015 e adotou um modelo econômico que praticamente afundou a economia para a crise que ainda se encontra, nacionalizando empresas, manipulando dados oficiais e provocando repulsa aos investidores", destacou a Rico Investimentos em relatório a clientes.
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.