Nos últimos três dias, o Japão registrou recordes consecutivos de novos casos de Covid-19. Na terça-feira (18) foram confirmados 32.197 casos em 24 horas, pela primeira vez ultrapassando a marca de 30 mil desde o início da pandemia no arquipélago japonês. No dia seguinte, o número de novas infecções passou de 41 mil. Na quinta, saltou para 46 mil.
Os números podem não surpreender se comparados aos de outros países – o Brasil, por exemplo, registrou na quinta o recorde de 110.442 diagnósticos positivos. Entretanto, é bastante para os indicadores japoneses. Assim, diante da alta de casos com o avanço da variante ômicron, o governo japonês decidiu declarar estado de “quase emergência” a partir desta sexta-feira (21) até 13 de fevereiro.
Ao todo, a medida vale para 16 das 47 províncias japonesas: além de Hiroshima, Okinawa e Yamaguchi, que já estavam enfrentando uma onda da doença desde o início do mês, o primeiro-ministro Fumio Kishida decidiu reforçar restrições para conter o vírus em outras 13 províncias, entre elas Tóquio.
“Vamos superar essa situação com as avaliações científicas de especialistas, a cooperação de profissionais médicos e, sobretudo, a cooperação da população japonesa”, destacou o premiê.
Estado de "quase emergência"
Segundo o painel de especialistas consultado pelo governo, o objetivo de instituir diretrizes especiais de “quase emergência” é avaliar e evitar a sobrecarga do sistema médico-hospitalar diante da alta de diagnósticos positivos nessas áreas. O aumento ocorre em uma rapidez “sem precedentes”, nas palavras do secretário-chefe do gabinete do governo, Hirokazu Matsuno.
“Precisamos agir rapidamente para prevenir a disseminação de infecções, considerando o potencial de uma sobrecarga maior do sistema médico no futuro próximo”, acrescentou o ministro Daishiro Yamagiwa, que lidera ações contra o novo coronavírus no país.
“Quase emergência” quer dizer que o governo japonês está autorizando governadores das províncias a indicar limitações de mobilidade e de atividades consideradas não essenciais. Caberá a cada governo definir diretrizes e detalhar como vão funcionar as restrições nas cidades e quais subsídios serão oferecidos aos que precisarem interromper os negócios.
Tóquio, por exemplo, pedirá a bares e restaurantes para reduzir os horários de funcionamento, não servir álcool a partir de determinada hora e ainda limitar o número de clientes por mesa. Saitama sinalizou, por outro lado, que não deve restringir o número de clientes que portarem certificados de vacinação ou testes negativos para Covid-19. Aichi pretende pedir o escalonamento de horários nos colégios, além de opções de aulas online para alunos de 52 cidades da província.
Variante ômicron no Japão
Desde o início da pandemia, o Japão já declarou estado de emergência diversas vezes, inclusive durante as Olimpíadas, entre julho e agosto de 2021, mas nunca impôs lockdown.
O país teve um momento de otimismo entre outubro e novembro, com controle de novos casos e alto índice de vacinação, quando cogitou-se a possibilidade de reabertura de fronteiras, que desde abril de 2020 estão fechadas para turistas vindos de fora.
Entretanto, a descoberta da variante ômicron brecou a reabertura e a perspectiva de relaxar restrições dentro do país. Com o alastramento acelerado da nova variante, as viagens internas no feriado de fins de dezembro e a chegada do inverno no Hemisfério Norte - que também desperta preocupações quanto a infecções virais - o país passou a atravessar mais uma onda forte de infecções.
Apesar de 79,2% da população já estar vacinada com duas doses de imunizantes, a campanha para as doses de reforço ainda não deslanchou no arquipélago. Diante do novo quadro, o governo pretende acelerar essa nova fase da luta contra a doença – a expectativa é que a campanha se inicie até o próximo mês de março.
Até agora, o Japão registrou 1,98 milhão de casos de Covid-19 e 18 mil mortes.
RFI
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