Novembro 23, 2024

EUA e Rússia encerram tratado de desarmamento nuclear assinado na Guerra Fria

Os Estados Unidos e a Rússia encerraram nesta sexta-feira (2) o tratado de desarmamento nuclear INF, assinado nos últimos anos da Guerra Fria, em uma decisão que reacende o medo de uma corrida armamentista entre as potências mundiais.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou a retirada formal de Washington em um comunicado em um fórum regional em Bangcoc, minutos após a Rússia ter declarado o fim do tratado.

O governo americano voltou a acusar a Rússia de violar o emblemático texto bilateral com seu sistema de mísseis 9M729.

"A retirada dos Estados Unidos conforme o artigo XV do tratado tem efeito hoje porque a Rússia não retornou ao respeito total e verificado. A Rússia é a única responsável pelo fim do tratado", afirmou em um comunicado o chefe da diplomacia americana.

Alguns minutos antes, a Rússia já tinha anunciado o fim do tratado "por iniciativa dos Estados Unidos". O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, afirmou que seu país propôs aos Estados Unidos uma moratória na instalação de mísseis nucleares de alcance intermediário depois de deixar o INF.

Washington acusou a Rússia por anos de desenvolvimento de um novo tipo de míssil, o 9M729, alegando que violava o tratado, uma posição apoiada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O 9M729 tem um alcance de cerca de 1.500 km, segundo a Otan. Mas Moscou garante que só pode percorrer 480 km.

Em fevereiro, Washington suspendeu sua participação no tratado, ao acusar Moscou de fabricar mísseis que não seguiam os termos previstos. Moscou, que rejeita a acusação, seguiu a decisão de Washington e também anunciou a suspensão de sua participação.

Temor de nova corrida armamentista
O tratado, assinado pelo presidente americano Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev em dezembro de 1987, aboliu o uso de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km.

O acordo encerrou a crise dos mísseis europeus na década de 1980, provocada pela presença de ogivas nucleares SS-20 soviéticas dirigidas a capitais ocidentais, e foi considerado a pedra angular da arquitetura global do controle de armas.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a organização não quer uma nova corrida armamentista. "Não queremos uma nova corrida armamentista e não temos intenção de implantar novos mísseis nucleares terrestres na Europa", disse Stoltenberg em uma entrevista coletiva em Bruxelas.

A suspensão do tratado INF gera temores de uma nova corrida armamentista entre Moscou e Washington porque o acordo era visto como um dos dois principais de armas entre a Rússia e os Estados Unidos.

Nas próximas semanas, os Estados Unidos devem testar um míssil de cruzeiro lançado no solo. Em novembro, o Pentágono pretende testar um míssil balístico de alcance intermediário.

O outro é o novo Tratado START, que mantém os arsenais nucleares dos dois países bem abaixo do pico da Guerra Fria. No tratado assinado em abril de 2010 durante os governos dos presidentes Barack Obama e Dimitri Medvedev, Moscou e Washington estabeleceram o prazo de sete anos para reduzir em 30% seus respectivos arsenais. O acordo prevê um máximo de 1.550 ogivas nucleares para cada lado, contra 2.200 atuais.

O START expira em 2021 e parece haver pouca vontade política por parte dos dois países em renová-lo.

A China rejeitou pedidos dos Estados Unidos para se juntar ao novo START no futuro.

G1
Portal Santo André em Foco

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