Um encontro de fim de ano de uma empresa em Oslo, que reuniu mais de 100 pessoas, vem sendo considerado pelas autoridades da Noruega como o foco de um surto de Covid-19 no país, com 60 casos positivos – 17 deles são analisados como casos suspeitos da variante ômicron.
O balanço ainda é provisório e pode aumentar com o avanço dos testes de sequenciamento, disse em nota a prefeitura da capital norueguesa – que confirmou, a partir de sequenciamento genético, ao menos um caso da nova variante entre os convidados.
"Até agora, 60 pessoas testaram positivo para a Covid-19 nos exames de PCR", disseram as autoridades sanitárias em um comunicado.
Entre 100 e 120 funcionários se reuniram há uma semana para uma festa de confraternização da empresa Scatec, que atua na produção de energia solar. Um dos participantes havia viajado recentemente para o sul da África.
"Todos estavam vacinados, ninguém apresentava sintomas e todos fizeram autoexame antes do encontro", afirmou Tine Ravlo, funcionária do departamento de saúde do município. "Tudo estava em ordem e nenhuma regra foi desrespeitada."
Até o momento, nenhum dos participantes desenvolveu um quadro grave da doença, informou Ravlo. A maioria dos infectados apresenta sintomas leves, como:
As suspeitas de que os contágios foram causados pela variante ômicron começaram depois do sequenciamento de alguns testes, e o processo ainda não foi concluído.
Na quinta-feira, após a detecção do suposto foco de ômicron, o governo norueguês anunciou uma série de restrições em Oslo e nas áreas próximas à capital.
"O que podemos observar é que ômicron se propaga rapidamente, apesar da vacinação. É mais uma informação terrível em meio à pandemia", explicou o epidemiologista francês, Antoine Flahault, à AFP.
'Festas devem ser proibidas'
Segundo ele, cerca de 88% da população adulta está vacinada na Noruega, o que pode indicar que a imunização atual não seja suficiente para impedir a progressão da nova variante, declarou. A cepa, detectada na África do Sul, pode se tornar majoritária na Europa nos próximos meses.
A ômicron possui cerca de 50 mutações, sendo aproximadamente 30 na proteína Spike, que o coronavírus utiliza para entrar nas células. Algumas estão associadas a um aumento da contagiosidade e podem gerar uma queda na eficácia das vacinas.
O epidemiologista francês lembra que festas como a ocorrida em Oslo são eventos que tipicamente geram "superpropagação" e deveriam ser proibidos em períodos como o atual, de circulação acelerada do vírus.
Em toda a Europa, 79 casos da variante foram confirmados até o momento, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC).
Variante ainda não causou mortes
A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não tem informações sobre um caso fatal associado à ômicron, de acordo com Christian Lindmeier, porta-voz da organização em Genebra.
"Como um número maior de países realiza testes para detectar a nova variante, nós teremos mais casos, informações, e, apesar de eu esperar que isso não aconteça, óbitos", disse.
A nova variante foi detectada na África do Sul em novembro e já há casos diagnosticados em mais de 30 países. A transmissão local já foi confirmada em países como os Estados Unidos e a Austrália, mas por enquanto a maior parte das contaminações ainda são provocadas pela delta.
De acordo com a OMS, serão necessárias semanas para que o impacto da ômicron, incluindo sua sensibilidade às vacinas, seja avaliado. "Os dados preliminares indicam que ela é mais contagiosa, mas isso é tudo o que sabemos por hora", resumiu o porta-voz da organização.
RFI
Portal Santo André em Foco
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