A rainha Elizabeth II, da Grã-Bretanha, expressou irritação com outros líderes mundiais que "falam" sobre as mudanças climáticas, "mas não fazem". O áudio da declaração foi captado em um evento oficial na quinta-feira (14) e revelado pela imprensa britânica nesta sexta-feira (15).
A reclamação foi feita em uma conversa privada sobre a COP26 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que vai reunir líderes de quase 200 países em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro.
A COP (Conferência das Partes) é um evento anual e parte da convenção da ONU sobre mudanças climáticas, um acordo internacional assinado por praticamente todos os países e territórios do mundo para reduzir o impacto da atividade humana no clima.
A rainha, que tem 95 anos, conversava com Camilla, a esposa de seu filho Charles, e com Elis Jones, a presidente da Câmara do País de Gales, após inaugurar a nova sessão legislativa do Parlamento regional em Cardiff.
O microfone de uma câmera de televisão captou sua fala: "Estou acompanhando tudo sobre a COP" e "ainda não sei quem vem", reclamou Elizabeth. "Sabemos apenas quem não vem. É realmente irritante quando falam, mas não agem".
Até o momento, está prevista a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas entre os líderes que ainda não confirmaram estão os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Segundo o jornal britânico "The Times", Xi Jinping não irá presencialmente ao evento — o presidente chinês não fez nenhuma viagem internacional desde o início da pandemia.
Elizabeth é a terceira pessoa da realez britânica a acusar os líderes mundiais de inação nesta semana.
O príncipe Charles, que está com 72 anos e é um ambientalista de longa data, pediu "mãos à obra". O príncipe William, neto de Elizabeth e filho de Charles, pediu na quinta-feira (14) "mais do que palavras".
Turismo espacial
Na mesma entrevista, o duque de Cambridge também criticou a corrida pelo turismo espacial.
William pediu que "algumas das mentes e dos cérebros mais brilhantes do mundo se concentrem, antes de mais nada, em tentar consertar este planeta, não tentar encontrar outro lugar para viver".
A declaração do príncipe foi dada um dia após William Shatner, ator que interpretou o capitão Kirk na série "Jornada nas Estrelas", se tornar a pessoa mais velha a viajar ao espaço, aos 90 anos.
Shatner voou por 10 minutos a bordo da cápsula suborbital da empresa espacial Blue Origin, do bilionário fundador da Amazon, Jeff Bezos.
A presidente do Parlamento galês perguntou à rainha se ela tinha visto o raro ataque frontal do neto, que gerou muitas reações. "Sim, eu li", respondeu Elizabeth II com um sorriso.
Críticas à crítica
Os comentários de William desagradaram inclusive cientistas, que destacaram o valor para a humanidade de décadas de exploração espacial.
A cientista espacial britânica Maggie Aderin-Pocock disse que concorda que a ação humana está destruindo o planeta e que há lições a serem tiradas, mas que a pesquisa sobre o espaço também é relevante quando se trata da questão climática na Terra.
"Mas esse não pode ser o nosso único objetivo. O espaço é inspirador. Graças a 'Star Trek' [o nome original de 'Jornada nas Estrelas', em inglês] eu me tornei cientista espacial e agora trabalho na mudança climática", afirmou Aderin-Pocock a um canal de televisão.
"Vou para a COP26 no mês que vem para falar sobre como o espaço nos ajuda com a mudança climática. Então, temos que nos concentrar na mudança climática, mas não pode ser a única coisa", disse a cientista.
A conferência tentará fazer com que as principais economias em desenvolvimento façam mais para reduzir suas emissões de carbono e que os países mais ricos contribuam com bilhões de dólares para ajudar os países mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas.
g1
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