Na última semana, brigas e discussões tomaram postos de gasolina no Reino Unido enquanto aumenta o clima de tensão por conta da crise no setor de abastecimento, o que tem levado motoristas ao limite após passarem horas em filas para tentar abastecer (veja no vídeo acima).
Há gasolina, afirmam as distribuidoras, o problema está no transporte. Com a escassez no número de caminhoneiros atuando no país, o setor tem encontrado dificuldades em entregar os combustíveis – além de outros produtos – dentro da Grã Bretanha.
O que anda acontecendo?
Os problemas com o abastecimento no país – que é uma ilha, o que dificulta ainda mais sua logística – não são de agora.
Nos últimos meses, muitas empresas do ramo alimentício já vinham relatando dificuldades para receber produtos básicos. Redes de fast-food (como o Mc Donalds, por exemplo) ficaram sem as famosas, e tradicionais, batatinhas fritas.
Na semana passada, no entanto, gigantes do petróleo como a BP e a ExxonMobil anunciaram o fechamento de postos de gasolina por encontrar dificuldades em levar o combustível para os clientes. Além disso, prateleiras de supermercados já começam a ficar vazias.
Os britânicos vêm encarando filas imensas naqueles postos de combustível que conseguiram renovar seus estoques. Mas em algumas regiões, entre 50% e 90% dos pontos de venda estão completamente sem gasolina.
Preocupadas, associações médicas, de enfermeiros e de cuidadores estão pedindo que profissionais da saúde tenham prioridade na hora de abastecer.
Há falta de combustíveis?
Segundo o governo britânico, não. A dificuldade de levar os combustíveis aos pontos de venda é que é o problema. O secretário de Transportes, Grant Shapps, chegou a dizer que a falta de gasolina era culpa dos motoristas que correram atrás do produto "pelo pânico da população".
"Não há falta de combustível e as pessoas devem ser sensatas e só abastecer quando precisam", disse Shapps em entrevista ao programa Andrew Marr, na emissora britânica BBC.
A Petrol Retailers Association (PRA), associação dos postos de gasolina do país, disse que não tem visto aumentar o suprimento de combustíveis em diversos pontos do Reino Unido, e afirmou que há ainda muita pressão de motoristas que tentam, sem sucesso abastecer.
E o Brexit nisso tudo?
Opositores do governo de Boris Johnson afirmam que este era um "caos anunciado". É que o problema tem a ver com o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia. As longas jornadas e os baixos salários também já vinham afastando muitos motoristas da profissão.
A situação se agravou porque boa parte dos caminhoneiros que trabalhavam no país vêm do bloco europeu. Antes, eles circulavam à vontade. Agora, as novas burocracias na fronteira atrapalham e qualquer atraso custa dinheiro: Muitos motoristas são pagos pela distância percorrida, e não por hora.
Com as restrições da pandemia, muitos deles foram para casa e não voltaram. O setor de transportes vem operando com uma falta de mão de obra estimada em cerca de 100 mil motoristas, segundo cálculos mais recentes.
O governo conservador tenta, agora, recorrer a trabalhadores estrangeiros para contornar o problema. As autoridades vão oferecer 5 mil vistos para motoristas de outros países trabalharem temporariamente até o Natal.
Associações de transporte de países do Leste Europeu, grande fonte de mão-de-obra para o Reino Unido nos últimos anos, parecem não estar dispostas a ajudar e dizem que os britânicos precisam aprender a lidar com as consequências do Brexit.
g1
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