Um dos comandantes do Exército de Libertação Nacional (ELN), último grupo guerrilheiro ainda ativo na Colômbia, morreu em decorrência de ferimentos de um bombardeio militar realizado há duas semanas, informou o ministro da Defesa, Diego Molano, nesta terça-feira (28).
Conhecido como "Fabián", Ogli Ángel Padilla Romero foi encontrado ferido na selva perto do local do ataque e morreu em um hospital, explicou o ministro da Defesa, Diego Molano.
"Ele foi encontrado ferido, coberto de arbustos e de vegetação, na segunda-feira. Ele estava muito perto do local onde ocorreu a operação aérea", disse Molano.
Ele faleceu enquanto recebia atendimento médico na cidade de Cali.
No total, sete pessoas morreram em decorrência do bombardeio.
'Narcoterrorista neutralizado'
O presidente Iván Duque confirmou que "foi neutralizado o narcoterrorista vulgo 'Fabián', assassino de lideranças sociais, narcotraficante e principal comandante do ELN na Colômbia, que havia sido capturado ferido".
"Continuamos na luta contra todas as formas de crime", acrescentou.
As autoridades suspeitaram que o comandante estava no acampamento atacado após encontrar seus pertences em meio aos corpos de outros guerrilheiros mortos.
El Chocó é um dos redutos da guerrilha guevarista, a última ativa na Colômbia depois do acordo de paz de 2016 que desarmou as então Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Membro do Comando Central, o órgão de direção do ELN, "Fabián" liderava a chamada Frente de Guerra Ocidental, a segunda com maior expansão depois do pacto histórico.
"Era um criminoso da maior periculosidade. Foi autor de muitos assassinatos, sequestros, líder de narcotráfico" e responsável pelo deslocamento de milhares de pessoas, disse o ministro.
Também organizou ataques às forças de segurança e atos de vandalismo durante os multitudinários protestos contra o governo que abalaram o país entre abril e junho deste ano, segundo a polícia. Dezenas de pessoas morreram.
Nas últimas semanas, o governo atribuiu ao ELN vários ataques contra as forças de segurança.
Mandados de prisão
Padilla ingressou na guerrilha ainda adolescente e fez parte da ala radical da organização que recorre ao tráfico de cocaína em suas áreas de influência, assim como a sequestros, como fontes de recursos para a insurreição.
Havia um mandado de prisão pelos crimes de rebelião, sequestro e homicídio agravado pelo assassinato de uma liderança indígena contra ele.
Sua morte é o golpe militar mais importante contra o grupo rebelde desde que "Uriel", uma das figuras mais midiáticas do ELN, foi assassinado em outubro de 2020 na mesma região.
A densa selva de Chocó é o epicentro de uma disputa territorial entre a guerrilha e o Clã do Golfo, maior gangue de narcotráfico do país, herdeira dos paramilitares.
É também um dos pontos de saída estratégicos dos carregamentos de cocaína que saem do Pacífico colombiano com destino à América Central e aos Estados Unidos. Além disso, é um enclave de garimpo ilegal de ouro, cujas receitas, segundo a Promotoria, superam as do narcotráfico.
O ELN tem cerca de 2.300 combatentes no país e uma extensa rede de apoio urbano.
De acordo com o centro de pesquisa criminal Insight Crime, a Frente de Guerra Ocidental é a segunda em importância, depois da Frente de Guerra Oriental. Esta última opera na fronteira com a Venezuela e comandada por "Pablito".
No início de 2019, o presidente Iván Duque enterrou as negociações de paz mantidas com o ELN por seu antecessor, o Nobel da Paz Juan Manuel Santos, em decorrência de um atentado com carro-bomba contra uma academia de polícia. Nele, 22 cadetes e o agressor morreram.
Negociações com os grupos
Os guerrilheiros se organizam em uma estrutura federada, com diferentes chefes. Isso dificulta a negociação com o ELN.
Estima-se que o grupo esteja presente em 10% dos 1.100 municípios da Colômbia.
Sem diálogo estabelecido, as operações militares contra a guerrilha continuam. "Terroristas que tentam colocar a Colômbia contra a parede com essa violência e crime devem sofrer o mesmo destino", disse Molano.
Conflito armado na Colômbia
A Colômbia está mergulhada em um conflito armado há seis décadas com mais de nove milhões de vítimas, em sua maioria deslocados.
Em algumas regiões, o ELN disputa a receita do narcotráfico com grupos dissidentes das Farc que não aceitaram o acordo de paz, embora, segundo Duque, tenham feito alianças nos últimos meses para atacar as forças públicas.
O ELN já tem quase 60 anos. Nesse período, o grupo tentou uma insurreição armada malsucedida. A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo, segundo a ONU, e os Estados Unidos são o principal consumidor dessa droga.
g1
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