Um voo internacional com estrangeiros decolou nesta quinta-feira (9) do aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão, o primeiro vez desde que os Estados Unidos encerraram a ocupação de quase 20 anos do país.
Cerca de 200 pessoas embarcaram, incluindo americanos, britânicos, alemães e canadenses, segundo a agência de notícias Associated Press e o jornal "The New York Times", e outros 200 passageiros deixarão o país na sexta-feira (10), afirmou o enviado do Catar, Mutlaq bin Majed al-Qahtani.
Os voos domésticos haviam sido retomados no domingo (5), com a companhia aérea estatal Ariana Afghan Airlines voltando a fazer viagens para três províncias.
Irfan Popalzai, de 12 anos, embarcou no voo com sua mãe e seus cinco irmãos e irmãs. Ele disse que sua família mora em Maryland. “Sou afegão, mas você sabe que sou americano e estou muito animado para partir".
O voo da Qatar Airways tem como destino Doha, capital do Catar, e marca um avanço significativo nas negociações entre o novo governo do Talibã com os Estados Unidos e outros países.
Um impasse de dias sobre aviões fretados em Mazar-e-Sharif, no norte do país, deixou dezenas de passageiros presos e lançou dúvidas sobre as garantias do grupo de permitir que estrangeiros e afegãos com a documentação necessária pudessem deixar o país.
Uma fonte do governo americano disse à Associated Press, sob condição de anonimato, que o novo ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro ministro ajudaram a facilitar a partida desta quinta.
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, agradeceu ao Catar por ajudar a fazer o aeroporto voltar a funcionar e por transportar 50 toneladas de ajuda humanitária.
Mujahid disse que a reabertura foi uma "oportunidade para apelar a todos os países muçulmanos e internacionais a dar uma mão amiga ao povo afegão e começar a entregar ajuda humanitária".
Saída do Afeganistão
O Exército americano encerrou em agosto a guerra mais longa da história do país, quando o major-general Christopher Donahue foi o último soldado americano a deixar o Afeganistão.
Mais de 120 mil pessoas foram evacuadas pelo aeroporto, a única porta de saída de estrangeiros e afegãos que tentavam fugir do Talibã, em uma retirada tumultuada e cheia de falhas que resultou em cenas de desespero, um atentado terrorista e várias tentativas de ataque ao local.
Os EUA mobilizaram 6 mil soldados para ocupar e manter o funcionamento do aeroporto, após uma multidão invadir o aeroporto e o tumulto deixar mortos, quando o Talibã voltou ao poder.
Em meio ao caos, afegãos chegaram a subir em um avião da Força Aérea americana que estava taxiando na pista, caíram após a decolagem e morreram.
Ataques ao aeroporto e resposta dos EUA
No dia 26, um ataque terrorista com um homem-bomba em um dos portões do aeroporto deixou mais de 180 mortos, inclusive 13 soldados americanos.
O atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), braço afegão do grupo terrorista inimigo do Talibã.
No dia 28, a primeira resposta dos EUA ao ataque: dois integrantes do EI-K foram mortos e um ficou ferido em um ataque com drone. Militares americanos dizem que os três estavam envolvidos no planejamento e execução do atentado.
No dia seguinte, os EUA fizeram um novo ataque com drone e disseram ter atingido um carro que levava um homem-bomba ao aeroporto. Mas afegãos afirmam que o ataque matou também civis.
Na dia 30, cinco foguetes lançados contra o aeroporto foram interceptados pelo sistema antimísseis americano e outros caíram em bairro próximo e atingiram casas. O EI-K assumiu a responsabilidade pelos ataques.
G1
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