Novembro 26, 2024

Exército americano destrói aviões e blindados antes de deixar Cabul

O Exército americano destruiu aviões, blindados e o sistema de defesa antimísseis antes de deixar o aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, e encerrar na madrugada desta terça-feira (31) a guerra mais longa da história dos Estados Unidos.

Foram "inabilitados" 73 aviões, 70 veículos blindados resistentes a minas terrestres — que valem US$ 1 milhão cada um — e 27 Humvees, disse o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, órgão responsável pelas operações militares do país no Oriente Médio.

McKenzie afirmou que o último aparelho a ser inutilizado foi o sistema de defesa antimísseis, que na segunda-feira (30) deteve cinco foguetes disparados pelo Estado Islâmico contra o aeroporto. "Decidimos deixar esses sistemas funcionando até o último minuto".

O último soldado americano a deixar o país foi o major-general Christopher Donahue, segundo o Departamento de Defesa americana. Sua patente é equivalente à de general de brigada no Brasil.

Talibã comemora
O fim da "Guerra sem fim" ("Endless war", como a Guerra do Afeganistão é conhecida nos EUA) acontece depois de quase 20 anos de ocupação do país, que foi invadido meses após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.

O Talibã comandava o país desde 1996 e foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.

O Talibã foi expulso do poder com a invasão americana, mas voltou a comandar o Afeganistão no dia 15, antes mesmo do fim da ocupação, após o presidente Ashraf Ghani fugir do país e o grupo extremista tomar a capital Cabul.

Após a retirada americana, talibãs tomaram o controle do aeroporto e comemoraram o fim da ocupação americana com tiros para o alto (veja no vídeo abaixo). "Parabéns ao Afeganistão. Esta vitória pertence a todos nós", afirmou o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid.

Mujahid afirmou que o Talibã deseja ter "boas relações com os EUA e com o mundo", mas fez um alerta: "A derrota dos EUA é uma grande lição para outros invasores e para nossas gerações futuras".

Fim tumultuado da ocupação
A saída das tropas americanas e aliadas do Afeganistão foram marcadas por cenas de desespero no aeroporto internacional Hamid Karzai — a única porta de saída de estrangeiros e afegãos que tentavam fugir do Talibã —, um atentado terrorista e várias tentativas de ataque ao local.

Os EUA mobilizaram 6 mil soldados para ocupar e manter o funcionamento do aeroporto após uma multidão invadir o aeroporto e o tumulto deixar mortos no dia 16, um dia após o Talibã voltar ao poder.

Em meio ao caos, afegãos chegaram a subir em um avião da Força Aérea americana que estava taxiando na pista, caíram após a decolagem e morreram.

Ataques terroristas e resposta dos EUA
Na quinta-feira (26), um ataque terrorista com um homem-bomba em um dos portões do aeroporto deixou mais de 180 mortos, inclusive 13 soldados americanos. O atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), braço afegão do grupo terrorista inimigo do Talibã.

No sábado (28), a primeira resposta dos EUA: dois integrantes do EI-K foram mortos e um ficou ferido em um ataque com drone. Militares americanos dizem que os três estavam envolvidos no planejamento e execução do atentado.

No domingo (29), os EUA fizeram um novo ataque com drone e disseram ter atingido um carro que levava um homem-bomba ao aeroporto. Afegãos afirmam que o ataque matou também civis.

Na segunda (30), cinco foguetes lançados contra o aeroporto foram interceptados pelo sistema antimísseis americano e outros caíram em bairro próximo e atingiram casas. O Estado Islâmico-Khorasan assumiu a responsabilidade pelos ataques.

Apesar dos diversos problemas na retirada, os voos de evacuação retiraram mais de 120 mil pessoas do país, segundo o Pentágono. Mas milhares de afegãos que trabalharam para os EUA e países aliados ficaram para trás e correm o risco de sofrerem retaliação.

O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse em pronunciamento após o fim da operação que "um novo capítulo do envolvimento dos EUA com o Afeganistão começou". "Um [novo capítulo] em que vamos liderar com diplomacia".

G1
Portal Santo André em Foco

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