O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (30) que foi vacinado contra a Covid-19 com a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, mas fez questão de dizer que não apoia a imunização obrigatória no país.
A revelação foi feita no dia em que a Rússia registrou pelo segundo dia seguido um novo recorde de mortes causadas pelo novo coronavírus (foram 669 óbitos nas últimas 24 horas), em meio a uma nova onda de contágios impulsionada pela variante delta.
A variante detectada pela primeira vez na Índia é mais contagiosa e reduz a eficácia das vacinas, principalmente se a pessoa tomou apenas uma dose.
A Rússia é o país europeu com o maior número de mortes por Covid-19, e a campanha de vacinação iniciada em dezembro segue em ritmo muito lento devido à desconfiança da população. A rejeição ultrapassa 50%, segundo pesquisas.
O país é 14º que mais aplicou doses no mundo, segundo o "Our World in Data". Foram 38,7 milhões, o que coloca a Rússia à frente do Canadá (36,2 milhões) e atrás da Espanha (39,9 milhões).
O número equivale a 26,5 doses a cada 100 habitantes, patamar semelhante ao de Belize (26,6) e Bulgária (25) e muito inferior à média mundial (38,5).
Diante dos problemas, o governo russo admitiu na segunda-feira (28) que a meta de vacinar 60% da população até o outono (no hemisfério norte, primavera no Brasil) é inalcançável.
Mistério sobre qual vacina
Putin havia dito em dezembro que tomaria a Sputnik V, e em março a agência de notícias russa RIA informou que o presidente tinha recebido a primeira dose. Mas o governo russo não divulgou com qual das três vacinas do país nem imagens da imunização.
A justificativa era de que "todas as três vacinas russas" eram "absolutamente confiáveis, seguras e eficazes", segundo o porta-voz do governo, Dmitry Peskov.
O presidente russo falou só nesta quarta (30) sobre a sua vacinação, durante a sessão anual em que reponde a perguntas da população, e afirmou que vinha se abstendo de dizer com qual vacina tinha sido inoculado para não criar "vantagens competitivas" entre os imunizantes.
"Quanto a mim, quando fiz isso — e isso aconteceu em fevereiro —, havia na verdade duas em circulação: a EpiVacCorona, do Vektor Center de Novosibirsk, e a Sputnik V. Como vocês sabem, ambas são boas".
"Parti do pressuposto de que precisava estar protegido pelo maior tempo possível e tomei a decisão de receber a vacina Sputnik V", acrescentou Putin.
A terceira vacina russa contra a Covid-19, no caso, é a CoviVac. Ela é desenvolvida pelo Centro Chumakov.
Filha vacinada
O presidente russo lembrou que uma de suas filhas também foi vacinada com a Sputnik V e disse que o imunizante é necessário e não provoca efeitos colaterais graves. "A inoculação, porém, não é perigosa e não tivemos nenhuma complicação em nosso país".
Segundo o fundo soberano da Rússia, que financia o desenvolvimento, a produção e a distribuição da Sputnik V, ela tem 91,6% de eficácia e já foi aprovada para uso emergencial em 67 países (que possuem mais de 3,5 bilhões de habitantes).
No Brasil, o Ministério da Saúde assinou um contrato para compra de 10 milhões de doses da Sputnik V, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não liberou o seu uso emergencial.
No começo do mês, a Anvisa aprovou o pedido de importação excepcional da vacina, para uso em até 1% da população. A liberação do uso emergencial segue pendente na agência.
RFI
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