O avanço da variante delta tem provocado uma piora da pandemia em diversos países. A Rússia registrou nesta terça-feira (29) um recorde diário de mortes por Covid-19 e a Austrália determinou o confinamento de quase 10 milhões de pessoas (cerca de 40% da população do país).
A Rússia registrou 652 mortes por Covid-19 e mais de 20 mil casos confirmados nas últimas 24 horas. O pico anterior da pandemia havia acontecido no fim de dezembro, no auge da segunda.
Moscou, principal foco de contágios e mortes do país, registrou 121 óbitos e São Petersburgo, 119. A segunda maior cidade da Rússia receberá na sexta-feira (2) uma partida das quartas de final da Eurocopa, entre Suíça e Espanha.
Autoridades da Finlândia revelaram na segunda-feira (28) que cerca de 300 torcedores que voltaram ao país após assistir aos jogos do torneio de futebol em São Petersburgo testaram positivo.
A variante delta (antes conhecida como variante indiana) é uma das quatro cepas de preocupação global (VOCs, na sigla em inglês). As outras 3 são a alfa (variante britânica), a beta (sul-africana) e a gama (brasileira ou P.1).
Ela é mais contagiosa e reduz a eficácia das vacinas contra a Covid-19, principalmente se a pessoa tomou apenas uma dose.
A Rússia tem oficialmente 134.545 mortes causadas pelo coronavírus e é o país mais afetado da Europa. Mas a agência de estatísticas Rosstat, que contabiliza também os óbitos decorrentes da Covid-19, já contabilizava quase 270 mil vítimas no fim de abril, há dois meses.
Quase 90% dos novos casos em Moscou são provocados pela variante delta, segundo o prefeito da capital russa, Serguei Sobianin. A cidade está atualmente com 75% dos leitos para Covid-19 ocupados e adotou as primeiras restrições em quase seis meses.
A capital russa voltou a determinar o trabalho remoto para ao menos 30% das pessoas não vacinadas, passou a obrigar a vacinação dos funcionários do setor de serviços e criou um "passaporte" para permitir a entrada em restaurantes.
Austrália
Quase 10 milhões de australianos receberam a ordem do governo de cumprir um confinamento a partir da noite desta terça em várias cidades do país, devido ao aumento no número de casos.
Habitantes de Sydney (sudeste), Darwin (norte) e Perth (oeste) já estão em lockdown. Agora, residentes de Brisbane (leste) e de várias áreas do estado de Queensland terão de ficar em casa por pelo menos menos três dias.
"Conhecemos os riscos que a Covid apresenta e, observando o mundo, sabemos que a variante delta é uma nova 'besta', com a qual não podemos nos arriscar", afirmou o primeiro-ministro da Austrália Ocidental, Mark McGowan, em entrevista coletiva na noite de segunda.
A Austrália tem uma das mais bem sucedidas estratégias de combate ao vírus. Desde o início da pandemia, o país registrou pouco mais de 30 mil casos e 910 mortes.
Vacinação lenta
Tanto a Rússia quanto a Austrália ainda sofrem com campanhas de vacinação lentas contra a Covid-19. Os russos desconfiam da Sputnik V, usada em dezenas de países em todo o mundo, apesar dos reiterados apelos do presidente Vladimir Putin.
O país é 14º que mais aplicou doses de vacinas contra a Covid-19 no mundo, segundo o "Our World in Data", projeto ligado à Universidade de Oxford.
Foram 38,7 milhões, o que coloca a Rússia à frente do Canadá (36,2 milhões) e atrás da Espanha (39,9 milhões). O número equivale a 26,5 doses a cada 100 habitantes, patamar semelhante ao de Belize (26,6) e Bulgária (25) e muito inferior à média mundial (38,5).
Na Austrália, o pressionado primeiro-ministro Scott Morrison anunciou que a vacinação será obrigatória para funcionários de instituições que cuidam de idosos e dos centros de quarentena.
Quase 7,4 milhões de doses foram administradas no país, o equivalente a 28,9 doses a cada 100 australianos, patamar um pouco superior ao da Rússia. O governo também é criticado por não divulgar o número de pessoas totalmente vacinadas.
G1
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