A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou, pela 29ª vez, o embargo americano imposto a Cuba há quase seis décadas nesta quarta-feira (23).
Foram 184 votos contra dois - os de Estados Unidos e Israel. O Brasil, que historicamente votava contra o embargo, se posicionou a favor da resolução em 2019 e não votou desta vez. Houve três abstenções: Ucrânia, Emirados Árabes Unidos e Colômbia pela segunda vez, outro grande aliado de Washington.
Realizado desde 1992, o voto anual de condenação ao embargo americano contra a ilha foi suspenso em 2020 devido à pandemia de coronavírus. Em um discurso presencial de 30 minutos na Assembleia Geral, o chanceler cubado Bruno Roríguez Padilla comparou o embargo à pandemia.
"Assim como o vírus, o bloqueio sufoca e mata, e deve acabar. Pátria ou morte! Venceremos!", disse Rodríguez.
Décadas de embargo
Imposto há 59 anos e endurecido em várias oportunidades, o embargo americano não conseguiu derrubar o governo do Partido Comunista cubano. Imposta em 1962 pelo presidente John F. Kennedy em plena Guerra Fria, apenas o Congresso dos Estados Unidos pode acabar com a medida. De acordo com Havana, a medida provocou os prejuízos à ilha que superam US$ 138 bilhões.
"Os Estados Unidos estão com todos na defesa da liberdade de Cuba. Os cubanos, como todas as pessoas, merecem o direito à liberdade de expressão, reunião, cultura", disse na Assembleia o coordenador político da missão dos EUA na ONU, Rodney Hunter.
"Nenhum governo deve silenciar seus críticos com violações de seus direitos humanos. Os Estados Unidos são contra essa resolução".
Apenas uma vez, em 2016, Washington optou pela abstenção no voto da resolução cubana que condena o embargo, em um contexto de aproximação do governo de Barack Obama com a ilha. Os dois países restabeleceram relações em 2015.
Donald Trump alterou, no entanto, a rota da aproximação histórica: voltou a declarar o país comunista como Estado patrocinador do terrorismo e impôs quase 250 novas sanções contra Cuba.
As medidas provocaram uma crise de energia e de combustível, restringiram as viagens de turistas americanos à ilha, assim como o envio de remessas de cubano-americanos para seus parentes em Cuba.
O presidente americano Joe Biden, que participou da política de degelo com Cuba como vice de Obama, não reverteu nenhuma das sanções impostas por Trump desde sua chegada à Casa Branca em janeiro deste ano.
Em sua campanha, no entanto, ele prometeu mudar a postura e afirmou que a linha dura de Trump contra Cuba "não fez nada para se avançar na democracia e nos direitos humanos" na ilha.
France Presse
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