O candidato de esquerda Pedro Castillo, que terminou à frente na eleição presidencial no Peru, fez um apelo na terça-feira (15) à noite ao tribunal eleitoral do país que respeite a vontade popular e anuncie uma decisão rápida sobre a impugnação de votos.
Candidato do partido Peru Livre, Castillo obteve 50,125% dos votos válidos, contra 49,875% de Keiko Fujimori, do Fuerza Popular -- uma diferença de apenas 44.058 votos (0,25 ponto percentual).
Mas ele ainda não foi declarado vencedor porque pedidos de contestação de milhares de votos e centenas de atas das assembleias de voto continuam pendentes.
A contagem dos votos levou nove dias, e uma definição sobre os pedidos de impugnação de votos pode levar cerca de duas semanas.
"Peço às autoridades eleitorais que, de uma vez por todas, deixemos de prolongar e deixar o povo peruano em sofrimento -- e que se respeite a vontade popular deste país", afirmou Castillo a milhares de seguidores durante um comício em Lima, após o anúncio da apuração final das urnas.
Candidata derrotada pela terceira vez seguida em uma eleição presidencial, Keiko Fujimori impugnou e pediu a anulação de quase 200 mil votos e disse ainda ter esperança de reverter o resultado.
"Não nos deixemos confundir. Hoje saiu o resultado da apuração do Onpe [órgão eleitoral peruano], mas falta o mais importante, que é a avaliação das atas pendentes que o Júri Nacional de Eleições [JNE] tem que resolver", afirmou Keiko diante de milhares de apoiadores em frente à sede do seu partido, também em Lima.
"Confiamos nos órgãos eleitorais e, acima de tudo, na vontade popular, e sabemos que, quando analisarem essas irregularidades, o mais provável é que concordem conosco", afirmou Keiko, que é filha de Alberto Fujimori, ex-ditador peruano que está preso.
É a terceira disputa presidencial da filha de Fujimori, que tenta ser a primeira mulher a presidir o Peru. Na eleição de 2016, ela perdeu para o banqueiro Pedro Paulo Kuczynski por 50,12% a 49,88% e não reconheceu a derrota.
O vencedor tomará posse em 28 de julho, dia que marca os 200 anos da independência do Peru e o início da República no país.
Observadores internacionais
Castillo, um professor de escola rural de 51 anos, aproveitou o discurso a apoiadores para saudar os observadores internacionais que acompanharam a eleição peruana, incluindo uma missão da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Observadores da OEA afirmaram em um relatório preliminar que o processo eleitoral foi limpo, "sem graves irregularidades".
"Agradeço aos organismos internacionais que se manifestaram e afirmaram que a festa democrática não teve nenhuma objeção, nenhuma alteração", disse o candidato de esquerda.
Ele reiterou que seu governo respeitará o investimento privado, moderando sua posição a favor das estatizações defendida no início da campanha, e rejeitou comparações com o governo da Venezuela.
"Não somos chavistas, não somos comunistas, ninguém veio para desestabilizar este país, somos trabalhadores, somos lutadores, somos empreendedores e garantiremos uma economia estável", afirmou Castillo em meio a aplausos.
G1
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