Juan Guaidó , o líder da oposição na Venezuela, propôs na terça-feira (11) retomar as negociações com o governo de Nicolás Maduro para pedir um cronograma de eleições, incluindo presidenciais, em troca do "levantamento progressivo" de sanções internacionais.
Guaidó é reconhecido como presidente interino da Venezuela por 58 países. Desde 2019, ele se recusava a negociar com Maduro.
"A Venezuela precisa de um acordo de salvação nacional, um acordo que deve ser alcançado entre as forças democráticas, os atores que constituem e apoiam o regime e a comunidade internacional", disse Guaidó em vídeo transmitido em suas redes sociais.
De acordo com ele, o compromisso da comunidade internacional para conseguir esta recuperação é "oferecer incentivos ao regime, incluindo o levantamento progressivo das sanções condicionado, é claro, ao cumprimento destes objetivos fundamentais do acordo".
Guaidó pediu em sua mensagem um "acordo que inclua a convocação de um calendário de eleições livres e justas: presidencial, parlamentar, regional e municipal com observação e apoio internacional".
Sugeriu também a "entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a covid-19", que atinge o país com uma segunda onda virulenta, e a libertação de todos os presos políticos.
Proposta após a nomeação de novas autoridades eleitorais
A proposta, apresentada após outras tentativas fracassadas de negociação, é feita logo após o Parlamento, de ampla maioria governista, ter nomeado novas autoridades eleitorais.
"O 'bobolongo' (bobo) disse hoje que quer conversar", reagiu Maduro. "Ele foi deixado de fora, todo isolado e derrotado", disse o líder da Venezuela.
"Se ele quer se juntar aos diálogos que já estão em andamento, evoluindo em todas as questões, seja bem-vindo. Que se incorpore aos diálogos que já existem, mas que não se crie o patrão, o líder supremo de um país que não o reconhece", afirmou.
Em seu campo
Em agosto de 2019, Maduro encerrou os diálogos com a oposição, que eram mediados pela Noruega, em resposta às sanções econômicas dos Estados Unidos, principal apoio internacional de Guaidó.
Após o fracasso dessa aproximação, o líder chavista, apoiado pelas Forças Armadas e por aliados como Rússia e China, iniciou diálogos com outros setores da oposição.
Na negociação para nomear o novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), foi acertado dar aos opositores dois dos cinco principais cargos na diretoria presidida pelo ex-ministro de Maduro, Pedro Calzadilla.
É uma CNE "que não reconhecemos", criticou Guaidó, recusando-se a participar nas eleições regionais e municipais deste ano, que Calzadilla confirmou esta terça-feira em comunicado à imprensa, embora sem indicar uma data.
Calzadilla, acompanhado pelo restante da diretoria do CNE, anunciou uma "auditoria ampla" do registro eleitoral e do sistema automático de votação usado na Venezuela.
Também informou que o órgão acordou "revisar o estado das inabilitações" de dirigentes e partidos políticos, que afetam líderes opositores, como do duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que endossou a negociação pela CNE e, anteriormente, para a libertação de presos políticos.
"Conspirar com a ditadura, para legitimar-se mutuamente como tirania e oposição leal a essa tirania, não leva à liberdade, mas à submissão e normalização da pior tragédia que já ocorreu em nosso país", insistiu Guaidó, que liderou um boicote da oposição às eleições presidenciais de 2018 e às parlamentares de 2020.
Para o analista político Luis Vicente León, "é natural que Guaidó tente colocar o debate político de volta em seu campo".
"Embala, sem dúvida, em um novo pedido de negociação global e relaciona-o com sanções porque é o único instrumento de pressão que a oposição parece ter hoje, embora não a controle diretamente", acrescentou o especialista.
France Presse
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