Católicos progressistas da Alemanha estão desafiando abertamente o Vaticano, que em março afirmou que padres não podem abençoar uniões do mesmo sexo, oferecendo as bênçãos em cultos em cerca de 100 igrejas de todo o país.
As bênçãos nos cultos abertos são a última resistência dos católicos alemães contra o documento do escritório ortodoxo do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé.
O documento diz que o clero católico não pode abençoar uniões do mesmo sexo porque Deus "não pode abençoar o pecado" e que, se isso acontecer, elas não são oficiais.
Segundo a Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa Francisco aprovou o posicionamento.
A medida agradou a conservadores e causou reação principalmente na Alemanha, onde a Igreja Católica está na vanguarda de discussões sobre questões polêmicas para o Vaticano.
O Papa Francisco, que já defendeu uma estrutura eclesial mais descentralizada, já alertou a Igreja Católica alemã que ela deve permanecer em comunhão com Roma.
'A homofobia de minha igreja'
Em Berlim, o reverendo Jan Korditschke, um jesuíta que trabalha para a diocese preparando adultos para o batismo e ajuda na congregação de St. Canisius, conduzirá bênçãos para casais gays em um culto de adoração no domingo (16).
"Estou convencido de que a orientação homossexual não é ruim, nem é o amor homossexual um pecado", afirmou Korditschke à agência de notícias Associated Press.
"Eu quero celebrar o amor dos homossexuais com essas bênçãos porque o amor dos homossexuais é algo bom".
Korditschke, que tem 44 anos, disse que é importante que os homossexuais possam se mostrar dentro da Igreja Católica e que não teme a possível repercussão no Vaticano.
"Eu defendo o que estou fazendo, embora seja doloroso para mim não poder fazer isso em sintonia com a liderança da igreja", disse Korditschke. "A homofobia de minha igreja me deixa com raiva e tenho vergonha disso".
Polêmica na própria Alemanha
O chefe da Conferência Episcopal Alemã criticou no mês passado a iniciativa, que é chamada de "Liebe Gewinnt" ("O amor vence").
O bispo de Limburg, Georg Baetzing, disse que as bênçãos "não são adequadas como um instrumento de manifestações políticas".
O Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), que tem defendido bênçãos para homossexuais desde 2015, posicionou-se mais uma vez a favor e classificou o documento do Vaticano como "não muito útil".
"São celebrações de adoração em que as pessoas expressam a Deus o que as move", disse Birgit Mock, porta-voz do ZdK para assuntos familiares.
"O fato de pedirem a bênção de Deus e agradecerem a Ele por tudo de bom em suas vidas — também por relacionamentos vividos com respeito mútuo e cheios de amor — está profundamente baseado no Evangelho", afirmou Mock.
Associated Press
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