Os países-membros do Mercosul vão discutir formalmente a flexibilização de suas negociações com países que não pertencem ao bloco e uma redução da tarifa externa comum em uma reunião em Buenos Aires na segunda quinzena de maio.
O anúncio foi feito pelos ministérios de Relações Exteriores da Argentina e do Uruguai.
A reunião presencial de ministros em Buenos Aires foi acertada na segunda-feira (26), no fim de um encontro virtual extraordinário no qual foram abordados os dois temas, ambos propostos pelo Uruguai.
A Argentina, que exerce a presidência temporária do Mercosul, destacou em um comunicado que propõe-se a "alcançar uma convergência com as propostas dos Estados Partes durante este semestre" com relação à revisão da tarifa externa comum.
"Devemos pensar quais capacidades têm os diferentes setores da economia para suportar uma redução de diferentes posições da tarifa externa comum e que implicância tem uma redução unilateral frente a negociações externas", declarou o chanceler argentino, Felipe Solá.
O Uruguai também quer permitir que cada país possa negociar com terceiros sem o bloco. A Argentina sugere que no fim deste semestre haja uma proposta de plano de negociações externas que identifique prioridades da agenda externa do Mercosul.
Bloco partido ao meio
Tanto a redução da tarifa externa comum quanto uma flexibilização que permita alcançar acordos comerciais sem o consenso dos quatro integrantes do Mercosul são assuntos polêmicos, que dividem o bloco.
Na reunião de segunda-feira, o Uruguai assegurou contar com o apoio do Brasil, enquanto o Paraguai coincidiu com a posição da Argentina.
"Com o apoio total do Brasil, a proposta do Uruguai sobre a flexibilização e a tarifa externa comum entra formalmente no Mercosul", comemorou a chancelaria uruguaia em uma rede social.
O vice-ministro de Relações Econômicas e Integração da chancelaria paraguaia, Raúl Cauno, expressou que seu país concorda com a Argentina: para os dois, a flexibilização para negociar com outros países e tarifa alfandegária "são duas instâncias diferentes que não podem estar em um mesmo instrumento porque têm particularidades e impactos diferentes.
"Brasil e Uruguai dizem: 'Senhores, não estamos cumprindo essa obrigação de nos integrarmos ao mundo e queremos que nos deem a oportunidade de negociar a 4, a 3, a 2 ou individualmente...", disse Cauno. A proposta uruguaia "não é a forma adequada, porque ataca os fundamentos de uma união alfandegária, que é o estágio prévio para a composição do que queremos alcançar: um mercado comum", afirmou ele.
Os presidentes de Argentina, Alberto Fernández, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, se enfrentaram na última cúpula do Mercosul, em 26 de março, devido a suas posições contraditórias sobre a flexibilização do bloco comercial.
Na ocasião, o presidente uruguaio afirmou que o Mercosul "não pode ser um obstáculo" que impeça o avanço comercial do seu país, ao que Fernández respondeu que se a Argentina for considerada um obstáculo, "que peguem outro barco".
Criado há 30 anos, o Mercosul requer o consenso para suas decisões, o que o Uruguai questiona agora com veemência.
"Se todos não estiverem de acordo, o Mercosul não avança. Justamente o que nós estamos propondo vai atacar diretamente este ponto: os que não querem avançar por determinada razão que deem lugar a algum dos parceiros para que avance", disse nesta segunda-feira o presidente uruguaio, Lacalle Pou.
France Presse
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