Cinco dias, cinco tristes recordes: a Índia registrou 352.991 casos de Covid-19 nesta segunda-feira (26) e voltou a bater, pelo 5º dia seguido, a marca de maior número diário de infectados do mundo:
Até então, só os Estados Unidos tinham superado a marca de 300 mil casos em um dia — e apenas uma única vez, em 2 de janeiro.
Foram mais de 1 milhão de novos infectados nos últimos 3 dias, e o país foi responsável por 48% de todos os casos do mundo nas últimas 24 horas, segundo dados do projeto do "Our World in Data".
A Índia, que vive o seu pior momento da pandemia, também registrou 2.812 novas mortes e voltou a ultrapassar o Brasil como a nação com mais vítimas do novo coronavírus em um dia.
Foi o 13º dia de alta no número de óbitos e o 6º recorde seguido do país, que passou de 195 mil mortes e 17,3 milhões de casos confirmados, segundo dados do governo indiano.
Mas há indícios de subnotificação no número de vítimas da Covid-19, e o governo está censurando nas redes sociais os críticos à gestão da pandemia (veja mais abaixo).
Colapso nos hospitais
A Índia vive uma explosão no número de infecções e um colapso em hospitais, com pessoas morrendo na fila por um leito e sofrendo com falta de remédios e oxigênio.
Na capital Nova Délhi, cremações em massa são feitas para dar conta do número de vítimas do novo coronavírus.
Com a escassez de oxigênio, leitos e até ambulâncias, famílias ficam sozinhas para transportar doentes com Covid-19 de um hospital para outro em busca de tratamento.
Nas redes sociais e em imagens de televisão, parentes desesperados imploram por atendimento na porta dos hospitais ou choram na rua por entes queridos que morreram esperando por tratamento.
Muitos tentam comprar oxigênio e remédios no mercado negro por um preço exponencial.
No sábado (24), o procurador-geral da Índia, Tushar Mehta, afirmou perante a Suprema Corte de Délhi que "ninguém no país ficou sem oxigênio".
Subnotificação de mortes
O número de mortes pode ser ainda maior, já que os casos suspeitos não estão incluídos na contabilidade oficial e muitas mortes por Covid-19 estão sendo atribuídas a doenças subjacentes.
Oficialmente, a Índia é o segundo país com mais casos confirmados de Covid-19 do mundo (17,3 milhões), atrás apenas dos EUA (32 milhões), e o quarto em número de mortes (195 mil), depois de EUA (572 mil), Brasil (390 mil) e México (214 mil).
Mas especialistas acreditam que o número real de mortes é muito pior.
Várias cidades importantes estão relatando um número muito maior de cremações e enterros feitos sob os protocolos da Covid-19 do que o número de mortes divulgado, segundo trabalhadores de crematórios e cemitérios, a imprensa local e uma revisão dos dados do governo.
Em um crematório de Bhopal, trabalhadores disseram ter cremado mais de 110 pessoas no sábado (24), enquanto dados do governo apontam que apenas 10 morreram de Covid-19 na cidade de 1,8 milhão de habitantes.
Censura no Twitter
Em meio ao pior momento da pandemia, a Índia pediu ao Twitter que tire do ar dezenas de posts que critiquem o governo indiano — inclusive alguns feitos por parlamentares locais.
A solicitação foi parcialmente atendida, e uma porta-voz da rede social ouvida pela agência de notícias Reuters confirmou que alguns tuítes foram tirados do ar devido a um "pedido legal".
O Twitter diz ser obrigado a cumprir a solicitação.
As autoridades indianas usam a Lei de Informação Tecnológica de 2000 do país, que tem uma cláusula sobre a "proteção da soberania e da integridade da Índia".
O governo indiano atribui a explosão de casos ao não uso de máscaras e ao desrespeito ao distanciamento social.
Especialistas apontam como causas também uma nova variante e o próprio governo, que comemorou a "fase final" da pandemia em março e tem se recusado a adotar um lockdown nacional.
Ajuda internacional
Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha se comprometeram a enviar ajuda ao país, como insumos para produção de vacinas, equipamentos médicos e equipamentos de proteção.
Em entrevista ao Hora 1 (assista abaixo), o embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, afirma acreditar que a grave situação do país inviabiliza uma possível exportação de vacinas.
Lago diz também que a nova onda da Covid-19 afetou os trabalhos da embaixada brasileira.
Dois diplomatas e alguns funcionários estão com suspeita de infecção e aguardam o resultado dos testes. Um caso já foi confirmado.
G1
Portal Santo André em Foco
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