Novembro 26, 2024

Senado dos EUA investiga falhas na segurança do Capitólio

As falhas na segurança durante a invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro, por apoiadores de Donald Trump, foram o tema da primeira audiência pública da comissão de Segurança Interna e Assuntos Governamentais do Senado americano nesta terça-feira (23).

O motim foi realizado por militantes pró-Trump que haviam participado de um comício em que o ex-presidente encorajou seus eleitores a contestarem a validação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro do ano passado.

Na audiência, ficou determinado que houve uma falha grave na comunicação entre as autoridades responsáveis pela segurança do Congresso americano.

Na véspera da invasão, o FBI havia enviado um alerta à divisão de inteligência da polícia do Capitólio, mas Steven Sund, ex-chefe da segurança, afirmou que só ficou sabendo disso nesta segunda-feira (22), na véspera da audiência.

O total despreparo da segurança do Congresso, em um dia em que haveria um evento tão importante – a validação dos votos do colégio eleitoral – beira o absurdo.

O espanto quanto aos problemas de segurança é ainda maior porque, naqueles dias, os ecos de uma eleição contestada ainda ressonavam e não era segredo que Trump realizaria um comício com milhares de eleitores revoltados.

No entanto, à exceção das falhas na comunicação, pouco foi esclarecido na audiência dessa terça.

De quem é a culpa?
Todas as testemunhas convocadas disseram que esperavam que a manifestação de 6 de janeiro seriam como os eventos anteriores do movimento MAGA (Make America Great Again) – o slogan que se tornou a assinatura de Trump – e achavam improvável que houvesse violência.

Fora isso, elas ofereceram relatos pouco compatíveis, e jogaram umas nas outras a culpa pelo descontrole da situação.

Quatro testemunhas prestaram depoimento nessa primeira audiência: Paul Irving, ex-sargento de armas da Câmara dos Representantes; Michael Stenger, ex-sargento de armas do Senado; Steven Sund, ex-chefe da polícia do Capitólio; e Robert Contee, atual chefe do departamento da Polícia Metropolitana de Washington.

Com a exceção de Contee, todos perderam seus empregos depois da insurreição de 6 de janeiro.

Contradições
Uma das principais contradições foi entre os relatos de Sund e Irving sobre a iniciativa de pedir a ajuda da Guarda Nacional enquanto o Congresso era invadido. O ex-chefe da polícia do Capitólio afirmou que, dias antes da invasão, ele já havia sugerido o reforço da Guarda Nacional.

Além disso, disse que, às 13h09 do dia 6 de janeiro, ele ligou para seu superior, Irving, pedindo a ajuda da Guarda Nacional. Segundo o chefe de polícia, o sargento de armas declarou que, com isso, eles passariam por cima da hierarquia de comando, o que não era aceitável.

No entanto, Irving afirmou que essa chamada não aparece nos registros do seu celular, e só se comunicou com o chefe de polícia 20 minutos mais tarde, quando a situação já estava bem mais fora de controle.

Contee revelou ter ficado espantado com a resposta tardia dos militares. O Departamento de Defesa diz que ofereceu ajuda dias antes da invasão, mas que a oferta foi recusada. Oficiais do Pentágono vão prestar testemunho ao Senado na semana que vem.

Mortes e explosivos
Muitos temas sobre esta invasão que chocou o mundo ainda precisam ser esclarecidos, e não foram divulgados muitos detalhes nem mesmo sobre as cinco mortes ocorridas durante a invasão do Capitólio.

A veterana da Força Aérea Ashli Babbit, seguidora do movimento Qanon, que promove teorias conspiradoras, foi morta por um tiro de um policial do Capitólio ao tentar invadir a Câmara.

Brian Sicknick, policial do Capitólio, morreu horas depois de um confronto durante o motim, mas a família diz que a causa da sua morte ainda não foi determinada, já que ele não apresentava ferimento aparentes.

Três participantes do comício de Trump morreram de emergências médicas, como derrame, enfarte e possível atropelamento pela multidão. Até agora não foi determinado se alguém será indiciado pelas mortes.

O FBI ainda não divulgou informação alguma sobre quem colocou os explosivos nas sedes dos partidos republicano e democrata, poucos antes da invasão do Capitólio, apesar de haver um vídeo de um suspeito.

Os explosivos foram desativados antes de serem detonados.

A falta de informações concretas e a exposição das falhas na segurança da sede da democracia americana só servem para aumentar a ansiedade dos americanos que, quase dois meses depois dos atos violentos na capital, ainda veem o Congresso cercado por grades de proteção e soldados, sem previsão de uma volta à normalidade.

RFI
Portal Santo André em Foco

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