Novembro 25, 2024

Colômbia excluirá venezuelanos em situação irregular da vacinação contra Covid-19

O governo da Colômbia anunciou nesta segunda-feira (23) que excluirá os venezuelanos em situação irregular do processo de vacinação em massa contra a Covid-19, o que corresponde a 55% dos 1,7 milhão de cidadãos dessa nacionalidade no país, colocando em risco a vida de mais de meio milhão de pessoas.

A Colômbia já tem seu plano de vacinação contra Covid-19. Em janeiro, pessoas com mais de 80 anos e profissionais de saúde na linha de frente da luta contra o coronavírus serão os primeiros grupos populacionais a receberem a vacina. Em seguida, as doses serão generalizadas para toda a população da Colômbia, em várias etapas.

O governo garantiu acesso a 40 milhões de doses para uma população de 50 milhões de habitantes. Entre as vacinas selecionadas estão as das farmacêuticas Pfizer e AstraZeneca.

No entanto, um grupo significativo de pessoas ficará de fora deste grande plano de vacinação. O presidente Iván Duque insistiu que queria priorizar os colombianos, em detrimento de outras populações. Em outras palavras, os venezuelanos que não têm dupla nacionalidade ou que não estão regularmente na Colômbia não poderão receber a vacina contra o coronavírus. Segundo dados oficiais, existem mais de 1,7 milhão de venezuelanos residentes na Colômbia, e 55% deles estão em estado irregular.

Vírus não checa a cor do passaporte
“O vírus não pergunta a ninguém se tem documentos para quando vai se espalhar”, disse à RFI o ex-ministro da Saúde dos anos 1990, atual co-presidente do partido Alianza Verde e adversário do presidente Duque, Antonio Navarro Wolf.

“Epidemiologicamente, não há razão para que as pessoas que não possuem os documentos percam o direito a se vacinarem. Há também a questão da solidariedade: os venezuelanos estão em uma situação muito difícil. Eles vêm para a Colômbia para sobreviver. A vacina deve ser para todos que vivem na Colômbia."

Um dos argumentos do presidente Duque é que uma vacinação generalizada provocaria, segundo ele, a chegada maciça de venezuelanos.

“Já existe esta chegada massiva na fronteira devido à situação interna da Venezuela”, acrescenta Navarro Wolf. “Na Venezuela eles também terão uma vacina. Duvido que alguém vá fazer uma viagem tão longa e complexa simplesmente para ser vacinado na Colômbia", completou.

Outro ex-ministro da saúde da Colômbia, Alejandro Gaviria, também considerou que não vacinar os migrantes venezuelanos é uma má ideia do ponto de vista epidemiológico, e é discriminatório.

A Colômbia é o terceiro país da América Latina com o maior número de infecções (1,5 milhão) e o quarto com o maior número de mortes (40.400).

RFI
Portal Santo André em Foco

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