O presidente do Congresso peruano, Manuel Merino, assumiu a presidência do Peru nesta terça-feira (10), após o impeachment de Martín Vizcarra. Ele se tornou o terceiro presidente a tomar posse no país andino em apenas quatro anos. Leia mais sobre as sucessões presidenciais no final da reportagem.
Em seu primeiro pronunciamento, Merino garantiu que vai trabalhar para que seu governo seja transitório e democrático, e disse que vai trabalhar pela independência das eleições gerais previstas para o ano que vem.
"Não temos o que celebrar, é um momento muito difícil para o país", disse o presidente peruano. "Eleições gerais e transição democrática, reitero que nosso primeiro compromisso é restaurar a democracia e seguir com o processo eleitoral."
O mandato iniciado em 2016, com a eleição de Pedro Pablo Kuczynski termina em 28 de julho de 2021. Relembre a sequência de presidentes que ocuparam o cargo durante este mandato:
Um dos mais populares do país, o presidente Vizcarra foi destituído na segunda-feira (9) por "incapacidade moral", depois de um processo que durou cerca de dois meses. Ele foi denunciado por receber propinas quando era governador em 2014.
Também nesta terça, houve enfrentamento entre manifestantes contrários à saída de Vizcarra e policiais da força nacional em uma das ruas próximas ao Congresso peruano, no centro de Lima. No dia anterior, grupos foram às ruas pedindo a anulação do impeachment.
Vizcarra, que era vice-presidente, chegou ao cargo após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, eleito em 2016. Kuczynski deixou a presidência em meio a uma crise depois da denúncia de uma suposta compra de votos de seus aliados no parlamento.
O mandato iniciado em 2016, marcado por escândalos de corrupção e dois processos de impeachment, termina em julho de 2021. Até lá, o Merino assume o controle do Peru. Ele disse que respeitará o calendário eleitoral, que inclui eleições presidenciais em abril do ano que vem.
Impeachment de Vizcarra
O Congresso do Peru aprovou na segunda a destituição de Martín Vizcarra. A moção para remover o popular presidente peruano superou os 87 votos necessários no Congresso.
Vizcarra, de 57 anos, tinha sobrevivido a uma votação anterior que tentava afastá-lo em setembro – quando apenas 32 dos 130 parlamentares votaram por sua saída – e uma tentativa de suspendê-lo em 2019.
“Hoje saio do Palácio do Governo, hoje volto para casa, apesar de haver inúmeras recomendações para que possamos agir por meio de ações judiciais para impedir essa decisão”, disse Vizcarra no pátio do Palácio Presidencial, cercado por seus ministros.
No ano passado, em outro processo, ele foi acusado de pressionar duas funcionárias do palácio de governo a mentir sobre um questionado contrato com um cantor.
Em 2018, uma proposta do presidente Martín Vizcarra para a reforma do Poder Judiciário, o controle do financiamento dos partidos políticos e a não reeleição dos congressistas foi aprovada por um plebiscito. Muitos apontam que a destituição do ex-presidente tem relação com essa vitória.
Merino fez um discurso conciliador no Congresso peruano e disse que ocupa o cargo em um momento "de muita preocupação".
"Não temos o que celebrar, é um momento muito difícil para o país, nesse contexto expresso meu respeito às institucionalizado e ao apoio das forças armadas", disse o presidente.
Novo presidente discreto
Político discreto e quase desconhecido dos peruanos, Merino assumirá as rédeas do país até concluir o atual mandato, em 28 de julho de 2021.
Engenheiro agrônomo e pecuarista de 59 anos, Merino ganhou uma cadeira nas eleições legislativas extraordinárias de janeiro, convocadas por Vizcarra após a dissolução constitucional do Congresso em 30 de setembro de 2019.
Sua eleição como chefe do Parlamento foi promovida pela bancada da Ação Popular, partido de centro-direita ao qual pertence há 41 anos.
Presidentes anteriores
Todos os presidentes do Peru nos últimos 30 anos sofreram processos de impeachment, foram presos ou estão foragidos. Três deles estavam envolvidos em um escândalo de corrupção ligado à construtora brasileira Odebrecht.
Já Alberto Fujimori (1990-2000) está preso desde 2009, condenado por dois massacres onde morreram 25 pessoas. Além disso, foi considerado culpado pelos sequestros de um empresário e um jornalista. Todos os delitos foram considerados como crimes contra a humanidade.
G1
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