O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira (2) que a população do estado da Carolina do Norte deveria votar duas vezes na eleição de novembro, uma em pessoa e outra pelo correio, embora fazer isso seja um crime.
"Deixe-os mandar o voto e deixe-os ir votar", disse Trump em uma entrevista ao canal WECT-TV de Wilmington, na Carolina do Norte, quando indagado sobre a segurança da votação pelo correio. "E se o sistema é tão bom quando dizem, obviamente não conseguirão votar" em pessoa.
Votar mais de uma vez em uma eleição é ilegal e, em alguns Estados, como a Carolina do Norte, é um crime.
Nesta quinta-feira (3), uma porta-voz da Casa Branca afirmou que Trump não estava incentivando comportamento ilegal.
Estado que pode determinar as eleições
O estado da Carolina do Norte é considerado um dos campos de batalha cruciais nas eleições presidenciais nos EUA, pois há chances reais do eleitorado pender para um ou outro candidato. Nos estados que tradicionalmente se inclinam a um dos partidos, na prática, não há disputa.
Na sexta-feira, serão enviadas cédulas de votação pelo correio aos eleitores da Carolina do Norte.
Trump acusa os democratas de tentarem roubar a eleição pressionando pelo uso da votação pelo correio. Recentemente, sua campanha de reeleição processou estados como Nova Jersey e Nevada por ampliarem o acesso à votação pelo correio.
O presidente dos EUA já disse que ela é suscetível a fraudes de larga escala, mas especialistas afirmam que fraudes eleitorais de qualquer tipo são raras nos EUA.
A votação pelo correio tampouco é nova no país --quase um de cada quatro eleitores contribuiu com sua cédula desta maneira em 2016.
Os democratas alegam que Trump tentam suprimir o voto para ajudar suas chances eleitorais.
Discussão sobre a natureza da fala de Trump
Tum Murtaugh, um representante da campanha de Trump, disse à NBC News na quarta-feira que o presidente estava encorajando as pessoas a votarem por correio e "depois comparecerem pessoalmente nos locais de votação para verificar se seu voto já foi contado".
O procurador-geral da Carolina do Norte, Josh Stein, um democrata, respondeu em uma rede social afirmando que Trump "incentivou desavergonhadamente" os moradores da Carolina do Norte "a violarem a lei de maneira a ajudá-lo a semear o caos em nossa eleição"
"Certifiquem-se de votar, mas não votem duas vezes! Farei tudo em meu poder para garantir que a vontade do povo seja manifestada em novembro", acrescentou na rede social.
O secretário de Justiça dos EUA, William Barr, disse à CNN que Trump "estava tentando ressaltar que a capacidade de monitorar este sistema não é boa". Informado de que votar duas vezes é ilegal, ele disse: "Não sei o que a lei do Estado em particular diz."
Barr disse que a votação pelo correio para a eleição de 3 de novembro pode ser vulnerável a fraudes, ecoando um argumento que Trump utiliza para criticar essa modalidade de voto, que deve aumentar em meio à pandemia de coronavírus.
Reuters
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