Entre médicos dos Estados Unidos, há cautela em relação ao resultado de um estudo que mostra que há um novo tratamento para a Covid-19, cujo anúncio foi feito na Inglaterra sem a divulgação da pesquisa completa na terça-feira (17).

Pesquisadores da Universidade de Oxford anunciaram na terça-feira (16) que um corticoide comum foi eficaz em casos muito severos de Covid-19, com potencial para diminuir a taxa de mortalidade de pacientes que já estão intubados em um terço.

O anúncio foi feito sem a divulgação dos dados que explicariam a conclusão. Os profissionais da saúde dos EUA aguardam mais informações.

A pressão para encontrar uma cura ou uma vacina acelerou o processo de relatar resultados dos estudos, o que já causou confusões a respeito da eficácia de terapias.

A publicação médica “The Lancet”, uma das mais importantes do mundo, até mesmo retratou um estudo sobre uma outra droga, a hidroxicloroquina.

Os pesquisadores ingleses disseram que vão tornar os detalhes públicos assim que possível.

“Nós já nos queimamos antes, não só durante a pandemia do coronavírus, mas até mesmo antes, com resultados [de pesquisas] que pareciam ser animadores, mas cujos dados não eram convincentes”, disse Kathryn Hibbert, diretora da unidade de tratamento intensivo do General Hospital de Massachusetts.

Ela afirmou que os dados, quando forem publicados, poderão ajudá-la a avaliar os resultados e ver quais pacientes podem se beneficiar e qual deve ter a dose ministrada. Há efeitos colaterais do corticoide.

“Espero que seja verdade, porque será um grande passo adiante no auxílio aos nossos pacientes”, ela disse. Por enquanto, o seu hospital não vai mudar o tratamento dos infectados.

A maior autoridade de saúde da Coreia do Sul recomendou precaução, porque o corticoide pode ter efeitos colaterais.

Há a possibilidade de supressão do sistema imunológico, de acordo com o doutor Thomas McGinn, médico chefe da maior rede de saúde de Nova York, Northwell Health.

Os corticoides são usados eventualmente em seus hospitais.

“Precisamos ver como é o estudo, dado o ambiente atual de retratações. Eu só quero ver os dados de verdade, se eles foram revistos por pares e se sairá em uma publicação científica”, disse.

Mark Wurfel, professor de medicina da Universidade de Washington, pediu aos pesquisadores que publiquem os dados da pesquisa antes mesmo da publicação oficial.

“Isso iria ajudar muito, muito, para nos auxiliar a alinhar o perfil dos nossos pacientes com os deles e decidirmos se é apropriado usar essa terapia.”

Entenda o medicamento
Um dos efeitos do coronavírus é desencadear uma espécie de resposta exagerada do corpo que tem sido chamada de “tempestade de citocinas”, uma grave inflamação.

O corticoide reduz essa inflamação generalizada que a Covid-19 pode causar.

G1
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