O governo de Donald Trump anunciou na quarta-feira (6) que vai acabar todos os programas de pesquisas médicas sobre tecidos retirados de fetos abortados. A medida responde a uma reivindicação dos grupos contrários ao aborto nos Estados Unidos, mas coloca em risco os avanços na luta contra várias doenças.
O departamento de Saúde anunciou em um comunicado que a partir de agora nenhum pesquisador dos Institutos nacionais de saúde (NIH na sigla em inglês) poderá trabalhar sobre testes em tecidos de fetos. “Promover a dignidade da vida humana da concepção até a morte natural é uma das primeiras prioridades da administração do presidente Trump”, indicou o departamento, que equivale ao ministério da Saúde do país.
O governo também informou que não pretende renovar o contrato de financiamento público de pesquisas sobre tecidos fetais na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF). O programa, que contava com um orçamento de US$ 2 bilhões por ano, desenvolve testes sobre novos tratamentos contra o vírus HIV. Os tecidos fetais também são usados nas pesquisas contra o Mal de Alzheimer, problemas na medula óssea e doenças oftalmológicas.
O centro universitário californiano utiliza ratos de laboratório nos quais os pesquisadores implantam células fetais para criar um sistema imunitário próximo ao do humano. O objetivo é testar anticorpos potenciais contra o vírus.
As medidas não representam uma proibição das pesquisas, pois os programas privados poderão continuar. No entanto, eles não terão mais apoio de fundos públicos.
Vários estados restringiram o aborto
“A maioria dos americanos recusa que seus impostos criem um mercado para pedaços de bebês abortados que serão implantados em ratos para experiências”, defende a organização Marcha pela Vida. Mas para inúmeros cientistas, os tecidos fetais são essenciais para as pesquisas de ponta e já demonstraram sua eficácia, principalmente em vacinas contra a poliomielite, a rubéola e a raiva.
A decisão do governo Trump é anunciada logo após o voto em vários estados conservadores de leis que restringem o aborto no país. O objetivo é levar a questão diante da Suprema Corte, que autoriza, desde 1973, a interrupção voluntária da gravidez.
RFI
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