O Papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal francês Philippe Barbarin, questionado por seu silêncio diante dos abusos sexuais de um ex-sacerdote da diocese de Lyon, no centro-oeste da França.
O arcebispo de 69 anos chegou a ser condenado a seis meses de prisão por não denunciar agressões sexuais contra menores em março de 2019. Em seguida, Barbarin fez o seu primeiro pedido de afastamento embora ainda houvesse a possibilidade de recurso na justiça francesa. Nessa época, o pontífice recusou o pedido alegando a presunção de inocência - já que o processo civil ainda não havia sido concluído.
Em 30 de janeiro, o tribunal de apelação de Lyon decidiu pela absolvição de Barbarin. Ele anunciou que colocava novamente sua renúncia à disposição do papa para permitir "virar a página" nesse caso muito simbólico sobre a pedofilia e seu acobertamento dentro da Igreja.
"Essa renúncia não é uma surpresa. Ele anunciou, renunciou. De todo os modos, sentimos que vivemos um momento muito importante para a diocese", declarou o monsenhor Michel Dubost, administrador apostólico. Dubost se ocupa da gestão da diocese de Lyon desde que Barbarin se afastou.
Abusos
O caso veio à tona em 2015, depois que várias vítimas denunciaram o padre Bernard Preynat por abusos cometidos entre 1986 e 1991 na diocese de Lyon. Na época dos abusos, as vítimas eram menores de 15 anos.
As vítimas também apresentaram uma denúncia contra Barbarin por não ter recorrido à Justiça, embora estivesse a par dos fatos.
O advogado Jean Boudot, que representava as vítimas, afirma que o cardeal sabia dos casos de pedofilia desde pelo menos 2010, quando discutiu com o padre Preynat os "rumores" que corriam sobre ele.
O cardeal, porém, afirma que só soube das denúncias contra o religioso em 2014 depois de conversar com uma das vítimas.
Depois de seis meses de investigação e de seis horas de interrogatório do cardeal, a Procuradoria de Lyon arquivou o caso em 2016. Várias vítimas lançaram, porém, um procedimento de citação direta. Na França, isso permite à vítima recorrer diretamente a um tribunal penal.
A partir daí o caso ficou sob responsabilidade da juíza presidente da 17ª câmara correcional de Lyon, Brigitte Vernay. O julgamento começou em janeiro de 2019 e Barbarin negou ter alguma culpa no caso. "Não vejo do que sou culpado", afirmou o cardeal.
G1
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