A aprovação de maneira forçada da reforma da Previdência na Assembleia causa divergências no partido do presidente francês Emmanuel Macron, A República em Marcha (LREM), que chega fragilizado às eleições municipais, segundo análise do "Le Figaro".
A reforma da Previdência na França foi aprovada sem votação na noite de terça-feira (3) na Assembleia Nacional. O primeiro-ministro francês Édouard Phillipe recorreu a um polêmico artigo da Constituição, o 49-3.
De acordo com o jornal francês, a reforma das aposentadorias deveria ser o texto mais importante do mandato de Macron. Após meses de discussão e de contestações nas ruas e na Assembleia, o governo parece ter apenas um objetivo: o de adotar o projeto de lei e assim "virar a página, e terminar com o assunto o mais rápido possível".
O jornal traz os questionamentos de deputados Socialistas e do LREM, sobre quais foram as causas deste divórcio entre o governo e o povo, já que 70% dos franceses eram favoráveis à reforma há um ano. Os deputados também se perguntam se ainda é possível reconquistar a confiança dos franceses e realizar a reforma em um contexto de paz social.
Para uma fonte do partido de Macron, o recurso ao artigo 49-3 para a aprovação da reforma das aposentadorias deixará marcas e piora a situação dentro do partido do presidente. O grupo se pergunta qual o caminho a seguir para as eleições de 2022. Outra fonte macronista entrevistada pelo jornal diz que "quando chegamos ao poder, em 2017, muitos imaginaram que nossa eleição era o primeiro capítulo de um novo mundo. Agora muitos acham que somos o último capítulo de um velho mundo".
Eleições municipais
O primeiro-ministro Édouard Philippe, que parecia fortalecido por um compromisso com a CFDT, uma das centrais sindicais mais importantes da França, e por estar na frente nas pesquisas como candidato na corrida para a prefeitura de sua cidade, o Havre, sai bastante enfraquecido após a aprovação forçada da reforma. Segundo "Le Figaro", foi necessário que militantes de seu partido passassem a noite em sua sede de campanha para proteger o material eleitoral.
Nesse contexto, responsáveis do LREM, citados por "Le Figaro", acreditam que talvez as eleições municipais, em 15 de março, ajudem a trazer respostas e a criar uma nova dinâmica. "As eleições não serão uma derrota, e sim um choque elétrico", acredita a fonte entrevistada.
Após quase três anos de criação, a falta de estrutura territorial e ideológica continuam sendo as principais fraquezas do partido de Emmanuel Macron, afirma o jornal. Para alcançar o maior número de eleitores, o partido acaba não agradando ninguém.
As municipais na França abrem um ciclo de eleições determinantes para o futuro das presidenciais de 2022. Para o "Le Figaro", esta é a ocasião para macronistas fazerem uma autocrítica.
RFI
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