O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (8), por unanimidade, declarar inconstitucionais leis que proíbem o uso de carros particulares no transporte remunerado de pessoas. Na prática, a decisão libera o uso de aplicativos como Uber, Cabify e 99 em todo o país.
A decisão foi tomada pelos ministros durante a análise da validade de leis de Fortaleza (CE) e de São Paulo (SP) que tentavam restringir os aplicativos.
Os ministros ainda devem definir, porém, o limite da atuação dos municípios na regulamentação do tema, o que deve acontecer na sessão desta quinta (9).
Em dezembro do ano passado, quando o julgamento foi iniciado, dois ministros votaram a favor da liberação dos aplicativos: Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. O ministro Ricardo Lewandowski, contudo, pediu vista na ocasião, ou seja, mais tempo para analisar o caso.
Na ocasião, Fux disse que não se pode tentar privar o mercado dos aplicativos para beneficiar taxistas. "O serviço privado por meio de aplicativos não diminui o mercado de táxis. Há pessoas que pedem Uber, pegam táxi e cancelam Uber. (...) Não é legítimo evitar a entrada de novos integrantes no mercado para promover indevidamente o valor de permissões de táxi", afirmou.
Na sessão desta quarta, o voto de Barroso foi seguido por todos os demais ministros presentes. Somente Celso de Mello, não compareceu ao julgamento.
A decisão deve ter repercussão geral, ou seja, deve ser aplicada para todos os casos semelhantes nas instâncias inferiores da Justiça.
Votos dos ministros
Ao apresentar o voto, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou que as leis municipais contestadas no STF podem se referir apenas a táxis, não incluindo aplicativos, porque são transporte privado.
Em seguida, Alexandre de Moraes defendeu que o transporte remunerado por aplicativo segue uma "dinâmica diversa". "Não me parece possível qualificar essa atividade como serviço público", acrescentou.
Os ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Cármen Lúcia também acompanharam o voto do relator. "Me parece que não há ilicitude", afirmou Cármen Lúcia.
O ministro Marco Aurélio Mello disse "foi bem-vindo o sistema de aplicativos, e embora, não se tenha no cenário nacional a regulação, sob a minha ótica, hoje é um sistema mais seguro do que o de táxi”. “Eu opto sempre pelo Uber e tenho o aplicativo no meu celular", afirmou.
Por fim, também acompanhou o relator o presidente da Corte, ministros Dias Toffoli.
Após a decisão do STF, o aplicativo 99 divulgou nota na qual afirma que a decisão do STF é "positiva".
"Traz segurança jurídica, ao reafirmar a competência da União para legislar sobre trânsito e transporte. Ou seja, deixa claro que os municípios não podem proibir ou restringir a atuação dos motoristas nem o transporte remunerado privado individual de passageiros intermediado pelas empresas de aplicativos de mobilidade", diz o texto.
G1
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Representando o governador João Azevêdo, a vice-governadora Lígia Feliciano participou de reunião em Brasília, na manhã desta quarta-feira (8), com o presidente da República, Jair Bolsonaro, demais governadores das Unidades Federativas e os presidentes da Câmara Federal, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni e líderes de partidos.
Na ocasião, foi entregue ao presidente uma carta do Fórum dos Governadores. Lígia ressaltou que os governadores querem um novo pacto federativo, a redistribuição dos recursos da União, o Plano Mansueto (de equilíbrio financeiro dos estados), reestruturação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), a securitização das dívidas dos estados, a renegociação da cessão onerosa do petróleo e a redistribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), esse último por meio de uma proposta de emenda à Constituição.
Os estados pedem alterações no pacto e querem mudanças no relacionamento com a União, quanto às questões políticas, sociais e econômicas. Já os governadores do Nordeste defendem modificações no projeto da reforma da Previdência, como por exemplo, aposentaria rural, Benefício de Prestação Continuada e capitalização, entre outros pontos.
No final da reunião, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o governo federal vai analisar a carta dos governadores e responder sobre as demandas em uma semana.
Carta do fórum de governadores aos Chefes do Executivo e Legislativo
Os governadores dos estados e do Distrito Federal, considerando a necessidade de assegurar a estabilidade financeira dos entes federados, visando à promoção do desenvolvimento social em todas as regiões do Brasil, decidem:
* Reivindicar a implementação imediata pelo governo federal de um plano abrangente e sustentável que restabeleça o equilíbrio fiscal dos estados e do Distrito Federal, a exemplo do já aventado Plano Mansueto;
* Reiterar a importância fundamental de assegurar aos estados e ao Distrito Federal a devida compensação pelas perdas na arrecadação tributária decorrentes da desoneração de exportações, matéria regulamentada na “Lei Kandir”;
* Defender a manutenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, permanente e dotado de status constitucional que atenda às reais necessidades da população brasileira no tocante à educação;
* Pleitear a regularização adequada da “securitização” de créditos dos estados e do Distrito Federal, visando ao fortalecimento das finanças desses entes federados;
* Requerer a garantia de repasses federais dos recursos provenientes de cessão onerosa/bônus de assinatura aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios;
* Apoiar o avanço urgente da Proposta de Emenda à Constituição nº 51/2019 que “altera o art. 159 da Constituição para aumentar para 26% a parcela do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados destinada ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e dá outras providências”.
Secom-PB
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O juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, determinou o bloqueio de R$ 32,6 milhões do ex-presidente Michel Temer, de seu amigo pessoal João Baptista Lima Filho, o Coronel Lima, e de Carlos Alberto Costa, sócio de Lima.
A decisão é do dia 29 de abril, mesma data em que o juiz federal aceitou denúncia contra Temer, Lima, Costa e outros no chamado inquérito dos Portos. Foi a quinta ação penal em que o ex-presidente se tornou réu e tem como alvo o decreto que alterou as regras de concessão do setor de portos, publicado em 2017 - agora, Temer é réu em seis processos e ainda responde a mais cinco inquéritos. Para o Ministério Público Federal, Temer recebeu propina em troca de benefícios para o setor, incluindo o decreto. A denúncia envolve os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O bloqueio foi pedido pelo Ministério Público Federal no valor de R$ 32,6 milhões e atinge as contas bancárias dos três réus. Também foi determinado o bloqueio do mesmo valor nas contas das empresas que tem o Coronel Lima como sócio, incluindo a Argeplan Arquitetura e Engenharia. O juiz ainda determinou a indisponibilidade de imóveis e veículos de Temer, Lima e Costa, ou seja, eles não podem ser vendidos.
Para os procuradores, "ao praticar atos que no plano nacional e internacional são descritos como tipologias de lavagem de ativos, notadamente, a interposição de pessoas, a utilização de pessoa jurídica para o distanciamento formal dos valores, a emissão de notas fiscais frias, a realização de gastos em nome de terceiros, a conversão em ativos ilícitos, Michel Temer, auxiliado por João Baptista Lima Filho e Carlos Alberto Costa, dissimulou, de forma reiterada e por intermédio de organização criminosa, a origem ilícita de bens, direitos ou valores provenientes diretamente dos atos de corrupção ora denunciados."
Ao aceitar o pedido, o juiz concordou com os argumentos do MPF e disse que "o bloqueio destes valores e bens constitui medida essencial para fazer frente a eventual reparação dos danos causados pelo cometimento dos ilícitos penais em apuração". O valor de R$ 32,6 milhões foi calculado a partir da movimentação financeira das empresas do Coronel Lima entre setembro de 2016 e junho de 2017.
Ontem, o TRF-2 determinou que o ex-presidente e o Coronel Lima voltem à prisão. Temer é acusado de liderar uma organização criminosa que teria negociado R$ 1,8 bilhão em propina. Ele foi preso em 21 de março, durante a Operação Descontaminação, que teve como base a delação do dono da Engevix e investigações sobre obras da usina nuclear de Angra 3.
G1
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O Supremo Tribunal Federal (STF) deve declarar nesta quinta-feira que o presidente da República pode conceder indulto a presos com a regra que considerar mais conveniente. Isso inclui o direito de não editar indulto algum. Na campanha eleitoral, Jair Bolsonaro declarou que não daria indulto a presos . No entanto, para conter o aumento da violência dentro e fora de presídios, o presidente foi convencido por sua equipe a conceder perdão judicial e liberdade a um grupo restrito de presos em fevereiro – entre eles, deficientes ou que tenham doença grave.
Será retomado nesta tarde o julgamento do indulto de Natal concedido pelo ex-presidente Michel Temer em 2017, considerado o mais abrangente dos últimos 30 anos. Em novembro do ano passado, seis dos onze ministros do tribunal votaram pela legitimidade do decreto , por entenderem que o presidente tem autonomia para criar as regras do perdão aos presos. Mesmo já havendo maioria, não houve decisão, porque um pedido de vista do ministro Luiz Fux adiou a conclusão do julgamento.
Depois de editado o decreto, o ministro Luís Roberto Barroso deu liminar restringindo o alcance da norma, para retirar o benefício de condenados por corrupção. No julgamento do ano passado, apenas Barroso e Edson Fachin votaram pela manutenção da liminar. Para eles, o decreto de 2017 colabora para aumentar a sensação de impunidade no país. Já votaram pela total liberdade do presidente para definir parâmetros do indulto de Natal os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.
O mais antigo integrante do tribunal, Celso de Mello, ressaltou que o presidente pode inclusive não conceder indulto a ninguém. Marco Aurélio se manifestou no mesmo sentido. Portanto, a decisão do STF será uma carta branca a Bolsonaro para manter os todos os presos atrás das grades no próximo Natal, se quiser. Se fizer isso, será o primeiro presidente desde promulgada a Constituição de 1988, a não conceder o indulto de dezembro.
Se a maioria for mantida, o STF não dará apenas uma carta branca a Bolsonaro. Outro efeito prático será devolver validade ao decreto de Temer. Com isso, condenados por corrupção poderão ser libertados, desde que preencham os requisitos da norma. Segundo dados da Defensoria Pública da União (DPU), apenas um réu na Lava-Jato receberia o benefício: o ex-deputado Luiz Argolo, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Pelo decreto de 2017, receberia perdão judicial e libertação quem tivesse cumprido apenas um quinto da pena total, sem considerar o tempo total de condenação, para crimes cometidos sem violência. No governo de Dilma Rousseff, por exemplo, foi beneficiado quem tinha cumprido um terço da pena, para condenados por até 12 anos de prisão.
O Globo
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O ex-presidente Michel Temer vai se apresentar nesta quinta-feira à Justiça. Ontem, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou a volta à prisão preventiva para Temer e o coronel João Baptista Lima, acusado de ser operador financeiro do emedebista. Por 2 votos a 1, a Primeira Turma do tribunal decidiu pela revogação do habeas corpus que garantiu a saída deles da prisão no Rio de Janeiro, no fim de março.
— Já falei com o advogado. Ele apresentará um habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça. Vou defender os meus direitos até o fim - afirmou. — Vou me apresentar regularmente, não tenho nenhum problema com isso. Na primeira vez, fui muito adequadamente tratado pela Polícia Federal. Lamentavelmente foi (uma surpresa) — afirmou.
O local da prisão será decidida pela juíza federal Caroline Figueiredo, que está substituindo o juiz Marcelo Bretas nas férias.
Em 21 de março, Temer, coronel Lima e mais seis pessoas foram presas pela Polícia Federal na Operação Descontaminação, que apurou o desvio de dinheiro público nas obras da Usina Angra 3. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente e seu grupo político receberam R$ 1,8 bilhão em propinas pagas pelo consórcio responsável pelas obras.
Temer permaneceu quatro dias preso em uma sala de 20 metros quadrados no terceiro andar da Superintendência da Polícia Federal no Rio. O ex-presidente foi solto após a decisão do desembargador Antonio Ivan Athié de lhe conceder um habeas corpus.
O ex-ministro e ex-governador do Rio Moreira Franco, que também foi preso na ocasião, além de outros cinco acusados, tiveram os habeas corpus mantidos por unanimidade ontem.
Propina por contratos
Parte das investigações contra Temer foi motivada pela delação de José Antunes Sobrinho, ex-sócio da Engevix, homologada em outubro do ano passado. Ele disse ter pago, em 2014, R$ 1,1 milhão de propina a pedido de coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco, com anuência do ex-presidente.
Antunes também informou à força-tarefa da Lava-Jato que foi procurado por Lima em 2010. Na ocasião, segundo ele, o coronel prometeu interferir no projeto da obra de Angra 3, com o aval de Temer, em troca do pagamento de propina.
A empresa Argeplan, do coronel Lima, participou de um contrato de R$ 162 milhões com a Eletronuclear para atuar nas obras de Angra 3, em parceria com a AF Consult, empresa que teve sedes na Suíça e Finlândia. A construtora Engevix tocaria a obra como subcontratada.
Outro delator, o doleiro Lúcio Funaro, informou à Justiça que o coronel Lima atuava como operador do presidente Temer junto à empresa estatal Eletronuclear, responsável pelas obras da usina de Angra 3. Funaro garantiu que Temer participou de esquemas de pagamento de propina a políticos do MDB, antigo PMDB, e se beneficiou deles. Segundo o delator, o ex-presidente teria recebido valores pagos pela empreiteira Odebrecht, além de ter sido beneficiado em esquemas de propina no Porto de Santos e também por repasses do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O Globo
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O Superior Tribunal de Justiça (STJ) publicou nesta quarta-feira (8) a decisão do tribunal de reduzir a pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex em Guarujá (SP).
Na prática, a publicação abre prazo de dois dias para a defesa do ex-presidente apresentar os chamados "embargos de declaração". Por meio deste recurso, os advogados podem esclarecer pontos da decisão, pedir nova redução da pena e até absolvição.
Passada esta etapa, o caso de Lula deve ser encerrado no STJ e seguir para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula está preso desde abril do ano passado na Superintendência da Polícia Federal. Condenado em um processo da Lava Jato, o ex-presidente afirma que não cometeu crimes, e a defesa dele diz que não há provas.
Redução da pena
No mês passado, por unanimidade, os ministros do STJ reduziram de 12 anos e 1 mês para 8 anos, 10 meses e 20 dias a pena de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Também reduziram as penas de multa: de R$ 1,2 milhão para R$ 181 mil e de R$ 29 milhões para R$ 2,4 milhões (valor do apartamento).
No entendimento da Justiça até agora, Lula recebeu um apartamento da OAS em retribuição a contratos da empresa com a Petrobras. A defesa do ex-presidente nega.
Progressão de regime
De acordo com a legislação penal, um preso tem direito a reivindicar progressão para o regime semiaberto depois de cumprir um sexto da pena. A pena imposta a Lula pelo TRF-4, portanto, exigiria pelo menos dois anos de prisão em regime fechado.
Com a decisão da Quinta Turma do STJ, Lula terá que cumprir 17 meses para reivindicar a transferência para o semiaberto. Com a redução, Lula teria direito a pedir progressão em setembro, mas alguns juristas defendem que isso pode ser antecipado.
G1
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O ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas voltou a criticar nesta quarta-feira o ideólogo Olavo de Carvalho, que tem feito uma série de ataques ao núcleo militar do governo. Villas Bôas fez uma rápida presença na sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara, que está ouvindo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Já fora da sala, o general, hoje assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), conversou rapidamente com jornalistas.
— Praticamente todas as crises que nós vivemos desde que o presidente Bolsonaro assumiu têm a participação direta ou indireta do Olavo de Carvalho, que não contribui. Temos tantas questões importantes que precisamos dar prioridade, e a gente fica dispersando energia com questões que absolutamente não contribuem para a solução dos problemas — afirmou Villas Bôas.
Na segunda-feira, no Twitter, o general já havia reagido às investidas de Olavo contra os militares. O texto citava o “vazio existencial” e a “falta de princípios básicos de educação” do ideólogo. O texto também classificava Olavo como “trótski de direita”. O primeiro alvo do ideólogo foi o vice-presidente, Hamilton Mourão. Em seguida, os ataques passaram a ser direcionados para o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Ambos retrucaram as ofensas, mas a entrada de Villas Bôas no debate foi interpretada com um sinal de que o núcleo militar não vai ceder ao grupo do governo alinhado a Olavo. O ideólogo, por sua vez, não recuou e também atacou o ex-comandante do Exército. Bolsonaro evitou repreender Olavo e não saiu em defesa dos militares.
pic.twitter.com/S9qHRePOos
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) 6 de maio de 2019
No período em que esteve na comissão, Villas Bôas foi interpelado por vários deputados, com quem tirou fotos, e saudado por Moro como um “modelo de homem público e verdadeiro herói nacional”. Na saída, o general também elogiou o ministro e defendeu o conjunto de medidas do pacote anticrime, em tramitação no Congresso.
O Globo
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse nesta quarta-feira (8), em uma audiência na Câmara dos Deputados, que a permanência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no âmbito da pasta é estratégica para o combate à corrupção e lavagem de dinheiro.
O Coaf é um órgão de inteligência financeira do governo federal, responsável pelo rastreamento de transações financeiras atípicas, que atua principalmente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro.
"Entendemos que [o Coaf] é estratégico para o enfrentamento da corrupção e crime organizado", afirmou o ministro na audiência.
A manutenção do Coaf dentro da estrutura do Ministério da Justiça está sendo discutida no Congresso, na comissão que analisa a medida provisória de reestruturação dos ministérios no governo de Jair Bolsonaro. Um grupo de parlamentares quer que o órgão seja transferido para o Ministério da Economia.
"O ministro Paulo Guedes é um gestor absolutamente eficiente, mas ele tem muitas outras preocupações em foco no presente momento.. Vamos deixá-lo com essas outras preocupações que são severas. Não tem nenhum movimento da Economia para recuperar o Coaf", afirmou Moro.
Apoio em investigações
O ministro afirmou que o titular da Economia, Paulo Guedes, tem "uma série de preocupações", principalmente no ambiente macroeconômico e microeconômico e que "não é das maiores preocupações a lavagem de dinheiro".
Ele ressaltou que, ao ser convidado para assumir a pasta, não pediu que o Coaf ficasse sob a sua alçada, mas que considera que essas informações disponibilizadas pelo órgão ajudarão nas investigações se ele ficar no Ministério da Justiça.
De acordo com o ministro, a equipe do órgão foi reforçada – indo de cerca de 30 para mais de 50 servidores – e que o plano é chegar a 65 funcionários até o final deste ano.
Moro destacou que serão preservadas as mesmas regras de sigilo e preservação dos dados do cidadão existentes atualmente.
Tumulto
A audiência com Moro na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado transcorreu em clima bastante tenso, com bate boca e tumulto entre os parlamentares.
Em um dos momentos, os deputados tiveram quase que ser apartados. A confusão começou quando o deputado Rogério Correia (PT-MG) dizer que o ministro era "muito amigo" do deputado federal Aécio Neves (PSDB). Aécio é alvo de ação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre recebimento de suposta propina de R$ 2 milhões.
O presidente da comissão, deputado Capitão Augusto (PR-SP), interrompeu Correia e disse que ele estava partindo para "ofensas pessoais".
"Se for para partir para esse lado de ofensa, nós vamos interromper [...]. Ao invés de aproveitar esse tempo para fazer o que foi combinado, de trazer a pergunta, já começa partindo para ofensas pessoais? Aí, realmente, infelizmente, não dá para tolerar", disse Augusto.
O desenrolar do episódio deu início a uma confusão no plenário. Exaltado, o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA), integrante da bancada da bala, começou a gritar com os deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS), que tinham se levantado para falar com ele. Outros deputados precisaram intervir para apartar o bate-boca.
Durante toda a reunião houve provocações entre aliados do governo e a oposição. Em certo momento, o deputado Delegado Waldir (PSL-GO) questionou ao plenário quem tinha "medo do Coaf" em referência à discussão sobre a qual ministério ele deveria ficar subordinado.
O deputado Paulo Pimenta respondeu, então, "o ex-assessor do Bolsonaro", provocando risos em parte dos presentes.
Marielle Franco
Moro também foi questionado por deputados de oposição sobre outros temas, incluindo acerca das investigações sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro que é investigado por movimentações atípicas, e o caso da vereadora morta Marielle Franco.
O ministro disse que os casos estavam sendo investigados pelos ministérios públicos estaduais e que ele não tinha interferência sobre isso. Em relação ao assassinato da vereadora, afirmou que "realmente seria desejável que os fatos fossem elucidados mais rapidamente".
"Não sou um supertira", afirmou.
No início da audiência, ao falar sobre corrupção, ele já havia dito que não se envolve em casos específicos, mas que o seu papel como ministro se limita a "dar condições e liberdade para que as forças na área de segurança pública possam fazer o seu trabalho".
"[Quero] deixar muito claro aqui: o ministro da Justiça e da Segurança Pública não é o super tira, não é o super investigador. Eu não me envolvo diretamente com esses casos específicos, com esses casos concretos. Eu tenho bem presente que a minha função é estrutural: é dar condições e liberdade para que as forças na área de segurança pública possam fazer o seu trabalho", disse.
G1
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Ao lado de soldados veteranos da 2ª Guerra Mundial, o presidente Jair Bolsonaro disse, hoje (8), que o Brasil deve ser governado seguindo o exemplo de honra daqueles que lutaram em nome do país. “Feliz é a pátria que tem as suas Forças Armadas com o compromisso de lutar a qualquer preço por sua liberdade e por sua democracia”, disse.
Bolsonaro participou da cerimônia em comemoração ao Dia da Vitória, que celebra a vitória dos aliados sobre as forças nazifascistas, no Monumento Nacional aos Mortos da 2ª Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Para o presidente, “ao lado de pessoas de bem e patriotas, que têm na alma as cores verde e amarela”, é possível colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. “Eles [jovens soldados] foram [para a guerra], muitos não voltaram, mas trouxeram para nós a esperança, a chama, a verdade e a certeza de que esse Brasil gozará de liberdade e de democracia e, ao lado da disciplina, poderá um dia conseguir com que todos nós obtenhamos ordem e progresso”, ressaltou o presidente em seu discurso.
Durante a cerimônia, também foi entregue a Medalha da Vitória, do Ministério da Defesa, a 300 pessoas e três instituições. A honraria homenageia militares das Forças Armadas, civis nacionais e estrangeiros e instituições civis nacionais, que contribuíram para difusão das ações e a atuação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra ou que apoiaram o Ministério da Defesa no cumprimento de suas missões.
O presidente Jair Bolsonaro estava acompanhado dos ministros da Defesa, Fernando Azevedo; da Secretaria-Geral da Presidência, Floriano Peixoto, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
Agência Brasil
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Com a mudança do voto do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, nesta quarta-feira (8), o plenário da Corte decidiu por maioria (6 votos a 5) estender a possibilidade de imunidade de prisão a deputados estaduais.
Segundo a decisão, as assembleias estaduais podem reverter ordem de prisão dada pelo Judiciário contra parlamentares estaduais. Com isso, deputados estaduais seguirão a mesma regra prevista na Constituição para deputados federais e senadores: só poderão ser presos em flagrante e em casos de crimes inafiançáveis (como estupro e tortura).
O entendimento vale automaticamente para os três estados que já tinham a regra: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Mato Grosso. Outros estados podem aprovar textos semelhantes e, se houver prisões preventivas de deputados em outros estados que não sejam em flagrante, eles também poderão pedir a aplicação da decisão.
Até o início do julgamento, havia maioria de votos (seis) no sentido de que as assembleias não poderiam reverter a ordem de prisão dada contra deputado estadual. Porém, com a mudança de entendimento do presidente do STF, o placar virou.
Reviravolta
O julgamento havia começado em 2017 e foi suspenso porque Barroso e Lewandowski não estavam presentes. Naquele ano, o voto de Toffoli dizia que as as assembleias não poderiam reverter prisões e apenas podiam suspender ações penais.
“A questão da prisão preventiva é vedada, portanto, pela Constituição brasileira, respeitando as óticas diferentes, única e exclusivamente aos membros do Congresso Nacional, leiam-se deputados federais, senadores da República, portanto, essa vedação de prisão diz respeito única e exclusivamente ao parlamento federal e é uma defesa da instituição e não a defesa do mandato”, disse Toffoli na ocasião.
Com a retomada do julgamento nesta quarta, Toffoli mudou o entendimento. Ele considerou que, como a maioria não concordou que era possível fazer a separação entre imunidade de prisão e outras imunidades, ficaria com o grupo que entendeu que a imunidade é ampla.
"Eu votei no sentido de que Constituição faz referência a congressistas em relação à prisão. Em relação a outras imunidades, fala em deputados e senadores. Ou seja, em relação à prisão, exclusiva a parlamentares. Esse voto restou isolado. Eu não vou insistir na minha posição. Na medida em que há dez colegas que não entendem diferenciação, eu me curvo àquilo que entendo estar na Constituição, que é a imunidade da prisão, a não ser em flagrante", afirmou Dias Toffoli.
Julgamento
O julgamento tem como alvo as constituições estaduais do Rio Grande do Norte, de Mato Grosso e do Rio de Janeiro, que replicaram norma prevista na Constituição Federal e que estabelece que deputados federais e senadores só podem ser presos em flagrante. E que o Congresso deve decidir, após ser avisado pela Justiça em 24 horas, se mantém ou não a prisão.
No caso das regras estaduais, cabe às assembleias reverem as prisões. Foram julgadas três ações apresentadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que se posicionou contra a possibilidade de as regras serem estendidas.
A análise do caso começou em 2017, quando nove ministros votaram: cinco para afirmar que as Constituições estaduais não poderiam replicar a norma e que, portanto, os parlamentares estaduais não tinham a imunidade de prisão; e quatro para afirmar que as regras da Constituição para parlamentares federais poderiam ser estendidas para os estados.
Os votos desta quarta
O caso foi retomado nesta quarta, e Barroso disse entender que nem mesmo o Congresso tem o poder de derrubar as decisões da Justiça.
"Assembleia não tem poder de sustar processo ou prisão. Entendi que sequer o Congresso desfrutava dessa competência."
Para o ministro Barroso, permitir que assembleias revertam as decisões favorece a corrupção.
"Temos um quadro de corrupção sistêmica. O intérprete da Constituição deve enfrentar disfunções que acometeram sociedade brasileira. A Constituição não quis criar regime de privilégio, para impedir que direito penal interrompa crimes. A Constituição quis assegurar separação de poderes, moralidade administrativa", disse.
Barroso comentou especificamente o caso do Rio de Janeiro, uma vez que em 2017 a Assembleia do estado derrubou prisões impostas a deputados em um desdobramento da Lava Jato no Rio.
"O caso específico do Rio, em que a assembleia sustou a prisão e determinou diretamente a autoridade policial, sem sequer passar pelo Poder Judiciário a reincorporação dos parlamentares ao mandato, o quadro era dantesco", declarou.
"A não sustação do processo permitiu que se julgasse aquelas pessoas. Essas pessoas estariam livres e no exercício do mandato, se prevalecesse o entendimento de que a Assembleia Legislativa pode sustar o processo ou impedir a prisão. Portanto, eles poderiam continuar na prática dos crimes que envolvem achaques para recebimento de dinheiro e cada um deles, dessas pessoas, recebeu muitos milhões de reais em propinas", completou.
Para o ministro, impedir punições podem transformar o Legislativo em "reduto de marginais".
"Se nós não entendermos que é possível punir essas pessoas, transformaríamos o Poder Legislativo em um reduto de marginais, o que evidentemente ninguém deseja, nem os parlamentares honestos e de bem que ali estão. Você tem o vídeo, o áudio, a mochila de dinheiro, você tem todas as provas e as pessoas dizem ‘Estou sendo perseguido’ , e acusam o delegado, o procurador. Ninguém reconhece erro, ninguém pede desculpas. Todo mundo está sendo perseguido."
Lewandowski votou na sequência e deu o quinto voto a favor de que as assembleias possam rever as decisões judiciais porque trata-se de uma medida para proteger o mandato. Segundo ele, deputados estaduais se beneficiariam mesmo em estados que não preveem a imunidade.
"Independentemente de previsões nas constituições estaduais, tenho até dúvida da necessidade da reprodução nas mesmas. Não me impressionam as penas quilométricas aplicadas a juízes de primeiro grau a parlamentares estaduais e outros porque serão revistas pela cadeia recursal e tem sido revistas. Ninguém compactua com qualquer atentado ao erário, mas há valores aqui a sopesar."
Assembleia do Rio
No início de abril deste ano, a juíza Luciana Losada, da 13ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou a suspensão da posse de cinco deputados presos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Eles haviam assinado o livro de posse na cadeia, sendo imediatamente afastados e dando lugar aos suplentes.
Os eleitos foram presos em novembro de 2018, na Operação Furna da Onça, acusados de receber vantagens no esquema chefiado pelo então governador Sérgio Cabral em troca de votos favoráveis ao governo, na Alerj. Eles haviam acabado de ser reeleitos. Empossados, não receberam salário ou tinham direito a gabinete.
Agora, eles poderão questionar a validade da prisão caso não tenha ocorrido flagrante – podem recorrer diretamente à Justiça de primeira e segunda instância ou ao Supremo.
G1
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