Os games foram os campeões de descontos na Black Friday, data de descontos do varejo, ocorrida na última a sexta-feira (29). O economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), afirmou que o desconto nos jogos chegaram a 49% neste ano.
“O campeão de desconto efetivo foram os games. Pegamos os cinco jogos mais procurados na categoria e vimos como os preços se comportaram, levando em consideração a presença do produto em, pelo menos, cinco lojas virtuais. Os preços tiveram descontos de até 60% nos cinco produtos mais procurados e desconto efetivo, ou seja, aquele desconto em relação ao preço mínimo praticado nos 40 dias que antecederam o evento. Chegou a 49%”, disse Bentes.
O economista disse que produtos como cafeteira elétrica, smarts bands e de vestuário tiveram descontos efetivos. “Na parte de eletroportáteis, os descontos chegaram a 20% para a cafeteira elétrica. Para os óculos de sol, os descontos foram de 16%; calça masculina 14%; sapato masculino, 16%. Já os smarts bands, relógios para prática de exercícios físicos, tiveram descontos de 26%. Podemos dizer que esses foram os campeões de desconto nesta Black Friday”.
Monitoramento
A CNC fez o monitoramento dos preços de 250 produtos mais demandados pelos consumidores em sites de busca nos 40 dias que antecederam a Black Friday. O levantamento levou em consideração o desconto efetivo e em quais foram observados os maiores descontos. O monitoramento começou na última semana de outubro, com o acompanhando diário dos produtos.
“É importante fazer isso, porque um produto, na sexta-feira (29), poderia estar com desconto. O importante é calcular o desconto efetivo, ou seja, se o produto foi comercializado, digamos, com o preço mínimo de R$ 100. E no dia da Black Friday, ele aparece a R$ 100, ou seja, mesmo que ele tenha tido um desconto na passagem de quinta para sexta, não houve um desconto efetivo. O importante é a gente ver para o consumidor onde, de fato, o preço foi praticado abaixo do piso dos últimos 40 dias”, explicou o economista.
Bentes disse ainda que pode ter sido a maior temporada de descontos desde 2010. “Embora o balanço não tenha sido fechado ainda, foi a maior Black Friday desde que o evento passou a fazer parte do calendário do varejo no ano de 2010, com uma expectativa de faturamento de R$ 3,7 bilhões.”
Ao contrário de diversas datas comemorativas do varejo, a Black Friday não está associada a um feriado religioso ou qualquer outra motivação histórica, ela tem como mote uma promoção do varejo num período específico do ano.
Maquiagem de preços
Bentes destacou que nem todos os produtos sofrem maquiagem de preços. Alguns, mesmo fora da temporada, acabam sendo vendidos pelo fluxo do consumidor. “Os varejistas escolhem produtos específicos para aplicar um desconto grande, mas, em alguns casos, não houve desconto algum, aquele produto não fez parte da Black Friday daquele estabelecimento, mas isso não significa que houve maquiagem de preço. O produto não entrou no evento por uma estratégia do varejista. Mas, com isso, acaba chamando o consumidor para dentro da loja ou site e o consumidor acaba levando um produto que não estava na Black Friday”, disse.
Para o economista, a Black Friday não diminui as vendas no Natal, mas serve como termômetro para a data. “A Black Friday é um termômetro para o Natal, porque a movimentação financeira no período é dez vezes maior do que a Black Friday e deve faturar, esse ano, aproximadamente R$ 37 bilhões. O que acontece é que muitas pessoas acabam aproveitando a Black Friday para comprar produtos natalinos, compram no cartão de crédito, por exemplo, e pagam a fatura quando recebem a segunda parcela do 13º salário.”
Expectativa para o Natal
Na opinião de Bentes, das sete datas que compõem o calendário do varejo, a Black Friday é a data que, ao final de 2019, terá apresentado um maior crescimento real das vendas. “Nossa estimativa é um crescimento de 7%. Em nenhuma das datas, até agora, o aumento do faturamento se deu nessa magnitude”, afirmou.
Para ele, a combinação Black Friday e Natal apontam para um crescimento significativo em relação aos últimos anos. “Se for confirmada nossa expectativa, vai ser o melhor desempenho do varejo no Natal desde 2013, portanto desde o período anterior à recessão. O Natal deste ano, independentemente da alta do dólar, está garantido com crescimento de, pelo menos, 4,5% em relação ao ano passado”, acrescentou.
Na avaliação do economista da CNC, três fatores contribuem para a expectativa positiva: a queda na inflação, as condições de crédito e a liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
“A inflação que observamos hoje, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) no acumulado de 12 meses, até outubro, é a menor inflação dos últimos 21 anos, os preços não têm subido muito na média. Claro, as carnes tem subido bastante, mas outros produtos estão com preços estáveis ou caindo. Pelo indicador oficial de inflação do país os preços têm ajudado na recuperação do consumo”, analisou. O IPCA-15 registrou 0,14% em novembro deste ano. O índice é superior ao observado em outubro (0,09%), mas inferior ao de novembro de 2018 (0,19%).
Outro ponto são as condições de crédito. “A taxa de juros para o financiamento de uma compra não mudou muito do ano passado para este, mas isso aconteceu com uma ampliação dos prazos médios de pagamento, ou seja, o parcelamento de uma compra no varejo, por exemplo, está se dando num prazo maior e isso facilita a acomodação dessa prestação num orçamento que não está crescendo muito, o mercado de trabalho está andando meio de lado há algum tempo.”
Agência Brasil
Portal Santo André em Foco
Durante o mês de novembro de 2019, 118 motoristas foram autuados por dirigirem sob o efeito de álcool na Paraíba. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito no estado (Detran-PB), as autuações aconteceram através da Operação Lei Seca. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (2) pela Coordenação de Policiamento e Fiscalização do órgão.
Ao todo, foram realizados 1.275 testes de bafômetro em novembro, que resultaram ainda na apreensão de 101 carteiras de habilitação (CNHs) e na remoção de 35 veículos aos pátios do órgão. A operação ainda autuou em flagrante 99 condutores por outras infrações ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Segundo o coordenador de Policiamento e da Lei Seca, major Edmilson Castro, “a ação da Operação Lei Seca tem como objetivo prevenir acidentes, a fim de evitar novas vítimas no trânsito, mesmo assim, muitos motoristas ainda insistem em desobedecer as leis de trânsito”.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, os condutores de veículos flagrados sob efeito de álcool podem pagar multa no valor de R$ 2.934,70, além de responder a processo administrativo de cassação da CNH por um ano.
Em caso de reincidência, será cobrado o dobro do valor da multa e o condutor responderá pela cassação da CNH pelo período de dois anos.
G1 PB
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A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que anule a condenação determinada pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4) no caso do sítio em Atibaia (SP).
Na semana passada, o TRF-4 condenou Lula a 17 anos, 1 mês e 10 dias de prisão por entender que construtoras reformaram o sítio como forma de propina. Desde o início das investigações, Lula nega ser o dono do sítio e afirma não ter relação com as reformas no local.
No pedido apresentado ao STF, a defesa do ex-presidente argumentou que ele foi submetido a "constrangimento ilegal".
Isso porque, conforme os advogados, o recurso foi julgado mesmo diante de recursos pendentes de análise, como o que aponta suspeição de Sergio Moro. Atual ministro da Justiça, Moro conduziu o início do processo, quando ainda era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Além disso, argumenta a defesa, o recurso de Lula foi julgado antes de outros mais antigos, desrespeitando a ordem cronológica.
"Em apertada síntese, justifica-se o manejo do presente habeas corpus diante de manifesta ilegalidade perpetrada pela autoridade coatora, que não conheceu o HC nº 542.355/RS o qual, por sua vez, visa afastar constrangimento ilegal concretizado no dia 27.11.2019, com o julgamento da Apelação Criminal nº 5021365-32.2017.4.04.7000/PR, que manifestamente atropelou (i) a pendência de esgotamento dos recursos cabíveis sobre questões fundamentais à análise de mérito daquele recurso, bem como (ii) a ordem cronológica de julgamento dos recursos em trâmite perante aquela Corte Regional", diz o pedido da defesa.
Na semana passada, antes do julgamento pelo TRF-4, o ministro Luiz Edson Fachin rejeitou suspender o julgamento da apelação. Fachin é o relator da Lava Jato no Supremo.
Agora, a defesa quer que Fachin revise a decisão e suspenda o andamento do processo, já que o TRF-4 ainda precisa julgar um recurso, chamado embargos de declaração. No mérito, o pedido definitivo é para anular o julgamento da apelação.
Questionamentos pendentes
Entra os questionamentos feitos pela defesa que estão pendentes está a suspeição de procuradores da Lava Jato no Paraná e do ex-juiz Sérgio Moro. A defesa alega que houve perseguição.
"Considerando que as referidas mensagens reforçam a suspeição tanto dos procuradores da Lava Jato, quanto do ex-Juiz SERGIO MORO, que instruiu quase a totalidade da ação penal que deu origem à referida apelação – questão essa que foi arguida nas razões recursais, e tem potencial para anular todo o processo –, resta evidente que a suspeição e as demais questões prejudiciais de mérito não poderiam ter sido analisadas antes do esgotamento dos recursos cabíveis sobre essa matéria."
G1
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Enquanto esteve grávida de cada um de seus dois filhos — um menino que tem hoje 2 anos e uma menina de 1 — a alagoana Luisa (nome fictício), 38 anos, precisou tomar um total de 21 injeções de benzetacil, antibiótico da família da penicilina. Mesmo assim, sua caçula, Tainá, nasceu com atrasos no desenvolvimento que persistem até hoje. "Notei que ela não sentava sozinha, caía para trás, tinha a função motora enfraquecida", lembra a mãe, que mora em Maceió.
Ela ainda se lembra do dia em que recebeu do médico a notícia de que tinha sífilis, doença transmitida sexualmente e cercada de tabu e estigma, e que poderia afetar também o bebê que ela esperava. "Na hora eu me abalei. Chorei na sala, o médico ficou conversando comigo".
Relatos como o de Luisa, marcados por culpa e sofrimento, são comuns entre as mães que têm a vida transformada pela sífilis, cuja incidência em grávidas e bebês vem aumentando no Brasil na última década, especialmente a partir de 2010.
Nos adultos, a doença tem sintomas que podem evoluir de feridas genitais e manchas no corpo, febre, mal-estar e até lesões na pele, nos ossos e nos sistemas nervoso e cardiovascular, podendo também desenvolver quadros semelhantes à demência e à depressão. Em bebês, os efeitos são ainda mais catastróficos: malformações, microcefalia, comprometimento do sistema nervoso, sequelas na visão, nos músculos, coração e fígado, até aborto ou morte ao nascer, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No ano passado, 241 bebês brasileiros com menos de um ano de idade morreram em decorrência da sífilis congênita, em que a infecção é passada pela mãe, durante a gestação.
O boletim mais recente do Ministério da Saúde, divulgado em outubro, aponta que, em 2018, foram registrados 26,3 mil casos de sífilis congênita no país. Desde 2010, quando a doença passou a ser de notificação obrigatória, o aumento foi de 3,8 vezes — passando de 2,4 para 9 casos a cada mil nascidos vivos.
O aumento de uma doença tão antiga e vista como superada pela ciência surpreende, já que a sífilis é considerada pelos médicos um mal de diagnóstico fácil e tratamento barato. Como é possível que uma infecção facilmente detectável, que existe há pelo menos 500 anos e cujo tratamento, inventado em 1928, é um dos mais simples e baratos da medicina, atinja um número tão grande de pessoas — e crianças — no Brasil e no mundo?
"A ciência já resolveu essa doença. O tratamento é à base de penicilina, extremamente barato. Não teria por que ter crianças nascendo com sífilis congênita", afirma a enfermeira Ana Rita Paulo Cardoso, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza com uma tese que analisou casos de sífilis gestacional e congênita nos anos de 2008 a 2010, em Fortaleza. A pesquisa mostrou que a maior parte das mães teve acesso a consultas de pré-natal, mas o que falta, segundo Cardoso, é melhorar a qualidade das consultas.
No caso de mulheres grávidas, é possível detectar a doença com um teste rápido de sangue. Feito o diagnóstico, é preciso tomar uma dose semanal de penicilina benzatina (benzetacil), durante três semanas. Se o tratamento for seguido no início da gravidez, as chances de infecção do bebê são mínimas.
Um outro obstáculo ao tratamento adequado da sífilis parece ainda mais difícil de superar: a resistência dos homens em relação ao tema, negando-se a comparecer às consultas para receber tanto o diagnóstico quanto o tratamento adequados. Para que a doença seja erradicada com sucesso, mesmo em gestantes, precisam ser medicados tanto a mulher quanto todos os seus parceiros sexuais.
Rotina pesada e falta de dinheiro
Luisa descobriu a doença na gestação de seu primeiro filho, Thiago. O diagnóstico foi precoce, ainda no primeiro trimestre, e ela tomou 13 injeções de antibiótico. Ficou aliviada quando, ao nascer, os exames mostraram que o menino estava livre da doença.
Na volta da licença-maternidade em seu trabalho, como auxiliar de cozinha em um hotel em Maceió (AL), Luisa foi demitida. No exame demissional, um novo susto: a notícia de que estava grávida novamente, embora acreditasse estar prevenida por usar pílulas anticoncepcionais e camisinha. E, apesar do tratamento, ela ainda tinha sífilis. "O obstetra falou que provavelmente foi a quantidade de benzetacil que eu tomei que cortou o efeito do anticoncepcional."
Alguns médicos e estudos apontam que pode haver interferência de antibióticos no efeito de anticoncepcionais, embora haja discrepâncias entre a dimensão dessa interferência.
O marido de Luisa, o pai da criança, nunca foi contaminado. A suspeita é de que ela tenha recebido a infecção do ex-marido, de quem estava separada há mais de um ano quando engravidou, e com quem não tem mais contato.
Com um ano de idade, a filha de Luisa tem uma rotina pesada de atendimentos com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e enfermeiro. A mãe, que cuida da menina em tempo integral, não voltou a procurar emprego. O pai trabalha como ambulante, vendendo óculos e chinelos na beira da praia de Pajuçara, em Maceió, mas o movimento anda bem fraco neste ano, apesar do calor.
"Como houve vazamento de óleo em praias aqui perto, como Maragogi e Japaratinga, os turistas ficam achando que Maceió todinha está poluída." A sogra ajuda Luisa a pagar as despesas com alimentação desde que acabaram-se as parcelas do seguro-desemprego. O resto das contas começa a se acumular.
Por que os casos de sífilis não param de crescer?
Entre 2017 e 2018, a detecção da sífilis adquirida — ou seja, contraída por adultos em relações sexuais desprotegidas com pessoas contaminadas — aumentou 28,3% no Brasil, também segundo o Ministério da Saúde. Os sintomas podem evoluir de feridas iniciais na região do contágio e manchas no corpo, febre ou mal-estar para lesões na pele, nos ossos e nos sistemas nervoso e cardiovascular, e até mesmo desenvolvimento de quadros semelhantes à demência e à depressão.
A doença está distribuída por todas as regiões do país, aponta a coordenadora de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Angélica Miranda. Das 241 mortes de bebês por sífilis congênita, 101 foram no Sudeste, 77 no Nordeste, 27 no Norte, 21 no Sul e 15 no Centro-Oeste.
Os maiores percentuais de casos de sífilis congênita em 2018 ocorreram em crianças cujas mães tinham entre 20 e 29 anos de idade (53,6%); a maior parte possuía da 5ª à 8ª série incompleta (22,2%). Em relação à cor de pele das mães, a maioria se declarou como pardas (58,4%). Além disso, 81,8% das mães de crianças com sífilis congênita fizeram pré-natal, o que indica que não é o acesso a consultas o maior problema.
Para Daniela Mendes, enfermeira da área técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, é possível que parte do aumento do número de casos registrados pelo Ministério da Saúde se explique pela melhora na detecção e nos pré-natais sendo realizados no país. Mas, em outra parte, esse crescimento reflete uma "lacuna na prática sexual segura". Entre 2017 e 2018, a detecção da sífilis adquirida — ou seja, contraída por adultos em relações sexuais desprotegidas com pessoas contaminadas — aumentou 28,3% no Brasil, também segundo o Ministério da Saúde.
"É uma doença que existe desde a era pré-colombiana e o tratamento é muito barato. A detecção é feita com um furinho no dedo, de livre acesso (nos postos de saúde), até para adolescentes. Mas mesmo assim a gente não consegue controlar nem erradicar a doença. A conta não fecha", afirma Mendes. "Temos uma baixa adesão das pessoas ao uso de preservativos (camisinha) e a se testar regularmente para as infecções sexualmente transmissíveis."
O caminho, dizem os especialistas e o Ministério da Saúde, é conscientizar a população em relação à saúde sexual: reforçar a consciência de que quem tem vida sexual ativa precisa usar camisinha, e se tratar quando alguma doença aparecer. "Na população jovem, o que se observa é que as pessoas estão parando de usar camisinha. E, no caso da sífilis, é preciso ainda mais cuidado: a relação sexual não é só penetração, e você pode contrair sífilis por sexo oral, o que não é tão fácil com o HIV", diz Ana Rita Cardoso.
A resistência dos homens ao tratamento
Existem, também, dois entraves significativos no tratamento: o primeiro é que se houver atrasos longos nas doses, ele se torna ineficaz. O segundo é que, se a mulher voltar a praticar sexo inseguro com um parceiro infectado, voltará a contrair a sífilis. O jeito, então, é tratar também os parceiros.
Mas isso não costuma ser fácil. Muitos estudos científicos mostram que os homens são mais reticentes a tratamentos médicos em geral, e mais ainda quando se trata de uma doença ligada à sexualidade.
"Existe um tabu, tanto das mulheres quanto dos profissionais de saúde no momento do pré-natal, de se falar (com as gestantes) sobre parceiros sexuais", afirma Mendes. "Às vezes, as mulheres que vão chamar seu parceiro para se tratar acabam sofrendo violência por parte deles. Mas, se eu não o trato, a chance de a mulher se reinfectar é muito alta."
"A reinfecção mostra a importância em se fazer também o pré-natal do parceiro", afirma Angélica Miranda, do Ministério da Saúde.
Nas orientações para a prevenção, a responsabilidade recai mais sobre a mulher: a recomendação é que ela pense em fazer o exame para sífilis antes de engravidar, como parte das consultas de rotina. "Tem uma questão do machismo que bloqueia todo o tratamento", diz Ana Rita Cardoso. "O homem tem que participar, não é o tratamento mais fácil porque é injetável, mas não é questão de escolha".
A pesquisa "Compreendendo a sífilis congênita a partir do olhar materno", das pesquisadoras Martha Helena Teixeira de Souza e Elisiane Quatrin Beck, da Universidade Franciscana de Santa Maria, entrevistou 15 mães de bebês portadores de sífilis congênita em Brasília. Nove dessas mulheres receberam as três doses da medicação preconizada pelo Ministério da Saúde. No entanto, apenas três parceiros realizaram conjuntamente o tratamento.
"A reinfecção mostra a importância em se fazer também o pré-natal do parceiro", afirma Angélica Miranda, do Ministério da Saúde. Ela diz que 100 municípios brasileiros com o maior número de casos de sífilis participam, desde 2017, de um programa especial da pasta, em que as prefeituras recebem mais testes, e os esforços de pré-natal são intensificados, para aumentar a detecção precoce da sífilis. No momento, estão sendo analisados os dados para verificar se a ação teve impacto real e se levou a reduções nos números da sífilis.
No Brasil em geral, Miranda afirma que os números mostram que "houve uma desaceleração, a doença continua a crescer, mas não com a mesma frequência". A taxa de casos notificados de sífilis congênita em bebês entre 2018 e 2019 (segundo casos registrados até junho deste ano), por exemplo, subiu de 7 para 7,1.
"Na sífilis congênita, o desafio principal é aumentar a quantidade de diagnósticos ainda no primeiro trimestre da gestação — incluir mais mulheres no pré-natal e mais precocemente, com mais consultas. Quanto antes essa gestante for tratada, mais se evitará a transmissão da doença pela placenta", agrega Miranda.
Para além do Brasil, a sífilis é uma preocupação global, aponta a OMS, que registra 6 milhões de novos casos da doença a cada ano.
A incidência da sífilis congênita caiu globalmente entre 2012 e 2016, mas isso ainda representa cerca de 660 mil casos anuais da doença em crianças. "É a segunda principal causa evitável de natimortos, precedida apenas pela malária", diz boletim da organização.
Por que as consultas de pré-natal falham em detectar a sífilis?
Daniela Mendes, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, afirma que alguns profissionais da saúde têm dificuldade tanto em discutir o tema com os pacientes quanto em registrar corretamente a doença nos prontuários, o que dificulta o tratamento subsequente.
Em sua tese de mestrado em Fortaleza, a enfermeira Ana Rita Paulo Cardoso analisou 175 casos de grávidas que tiveram bebês com sífilis congênita. Chamou atenção da pesquisadora o fato de que, mesmo quando o diagnóstico da sífilis na gestante ocorria durante o pré-natal, é possível que a maioria dos testes tenham sido aplicados tarde demais, considerando que a maioria dos relatórios de notificação da doença foi feito durante o segundo e terceiro trimestres da gestação.
"Estudos mostram a importância de prever atendimento pré-natal de qualidade com diagnóstico precoce em grávidas, e destacam que a evolução inadequada do tratamento dado à mãe têm relação com a mortalidade das crianças", diz o estudo de Cardoso.
Vergonha, tabu e exames atrasados
Os casos no Brasil são, provavelmente, subnotificados. Nos registros oficiais, a informação de que uma criança morreu por sífilis só é registrada quando o médico escreve no obituário, o que muitas vezes não acontece a pedido da própria família, diz a pesquisadora, que cita o exemplo do Ceará, onde realizou a pesquisa.
"Para dizer 'essa criança morreu por sífilis' é preciso que o médico coloque isso no atestado de óbito. E a maioria das vezes passa batido, coloca 'causa desconhecida' para a morte. Há resistência, vergonha de falar, estão cercadas de tabu. DST é muito associada à promiscuidade", diz.
O estudo explica que a sífilis pode ser transmitida ao bebê a partir da nona semana de gravidez, embora a transmissão seja mais frequente entre a 16ª e a 28ª semanas. É fundamental que a evolução do tratamento seja monitorada atentamente pelos médicos, para evitar possíveis reinfecções.
Entre os principais problemas das consultas, a pesquisadora aponta testes realizados com atrasos e com resultados defasados; mulheres que abandonam o pré-natal; falta de acompanhamento para chamar de volta as mulheres que abandonam o pré-natal; dificuldades em trazer o parceiro e convencê-lo a seguir o tratamento.
"Podemos concluir que as mulheres grávidas e os recém-nascidos com sífilis congênita não estão recebendo tratamento adequado. Os recém-nascidos não recebem testes de rotina para investigar a neurosífilis, como é a recomendação do Ministério da Saúde, e muitas mortes e abortos poderiam ter sido evitados com a administração adequada."
A filha de Luisa já demonstra melhoras desde que começou o tratamento, conta a mãe. Já está mais firme ao sentar, mas, com um ano de idade, ainda não dá sinais de falar ou engatinhar. A menina fez exames mais precisos no dia 26 de julho para saber quais os efeitos neurológicos da sífilis congênita, mas o resultado não saiu até hoje.
"Eu ainda não sei se ela tem microcefalia porque estou esperando os exames, que não estão prontos por falta de material aqui", lamenta. "Me mandam ligar de 15 em 15 dias e ficar aguardando. Quando eu ligo, dizem: daqui a 15 dias a senhora liga novamente, daí eu ligo. Desde julho".
A esperança de Luisa é conseguir respostas positivas sobre os pedidos de Bolsa Família, que ela fez no mês passado, e do Benefício de Prestação Continuada, salário mínimo pago pelo governo federal para pessoas de baixa renda "com deficiência que apresentem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial".
"Tenho vontade de voltar a trabalhar, mas minha vida parou. Minha rotina é toda dedicada a ela", diz Luisa.
BBC
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Um amplo estudo clínico para testar um medicamento de imunoterapia mostrou que a droga pode ser eficaz em alguns homens com câncer de próstata avançado.
Os pacientes que participaram da pesquisa tinham parado de responder às principais opções de tratamento.
E o estudo, publicado na revista científica "Journal of Clinical Oncology", mostrou que uma pequena parcela dos participantes permaneceu bem mesmo após o término dos testes, apesar de ter recebido um prognóstico pessimista antes do tratamento.
Na semana passada, foi divulgado que o mesmo medicamento se mostrou eficaz no tratamento de câncer de cabeça e pescoço avançado.
O que é imunoterapia?
A imunoterapia usa nosso próprio sistema imunológico para reconhecer e atacar células cancerígenas.
Já é usada como tratamento padrão para alguns tipos de câncer, como melanomas — e está sendo testada também como medicamento para muitas outras formas de câncer.
O tratamento parte da premissa de que o desenvolvimento de um câncer promove uma redução da atividade do sistema imunológico, uma vez que as células tumorais não são reconhecidas por ele e começam a crescer de forma descontrolada.
Para superar isso, pesquisadores descobriram maneiras de reverter o processo, ou seja, de ajudar o sistema imunológico a reconhecer as células tumorais e, ao mesmo tempo, aumentar sua resposta, causando a morte das "invasoras".
O que o estudo descobriu?
A pesquisa mostrou que um em cada 20 homens com câncer de próstata avançado respondeu ao medicamento pembrolizumabe — seus tumores diminuíram ou desapareceram por completo.
Embora o número seja relativamente pequeno, o estudo constatou que alguns pacientes ganharam anos extras de vida.
Outros 19% apresentaram alguma evidência de melhora.
Mas a maioria dos pacientes do estudo viveu em média oito meses usando o medicamento.
O ensaio clínico de fase II, conduzido pelo "Institute of Cancer Research" e pela fundação Royal Marsden, ambos no Reino Unido, contou com a participação de 258 homens com câncer de próstata avançado que não respondiam mais a outras opções de tratamento.
Qual o próximo passo?
As respostas mais satisfatórias foram observadas em pacientes cujos tumores apresentavam mutações nos genes envolvidos na reparação do DNA.
Os pesquisadores estão investigando agora se esse grupo pode se beneficiar mais da imunoterapia em um ensaio clínico mais amplo.
Mas, antes de tudo, será necessário realizar um teste para identificar que pacientes responderão melhor à medicação.
O que os especialistas dizem?
"A imunoterapia apresentou enormes benefícios para alguns pacientes com câncer, e é uma notícia fantástica saber que, até no caso do câncer de próstata, em que não vemos muita atividade imunológica, uma proporção de homens tenha respondido bem ao tratamento", diz o professor Paul Workman, diretor-executivo do Institute of Cancer Research.
"Uma limitação da imunoterapia é que não existe um teste ideal para selecionar aqueles com maior probabilidade de resposta (ao tratamento)."
"É encorajador saber que testes para mutações na reparação do DNA podem identificar pacientes com maior probabilidade de responder (ao tratamento). Estou ansioso para ver como será o estudo mais amplo que vai ser realizado com esse grupo de pacientes", acrescenta.
O professor Johann de Bono, oncologista da fundação Royal Marsden, do sistema de saúde público do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), foi um dos responsáveis pelo estudo.
"Não vemos muita atividade do sistema imunológico em tumores da próstata, por isso muitos oncologistas pensavam que a imunoterapia não funcionaria para esse tipo de câncer", diz Bono.
"Mas nosso estudo mostra que uma pequena proporção de homens com câncer em estágio final responde (à imunoterapia) e, essencialmente, que alguns desses homens se saíram muito bem de fato."
"Descobrimos que homens com mutações nos genes de reparação do DNA respondem especialmente bem à imunoterapia, incluindo dois pacientes meus que agora estão tomando o medicamento há mais de dois anos", completa.
Na semana passada, um outro estudo mostrou que o mesmo medicamento manteve sob controle o câncer de cabeça e pescoço em estágio avançado de alguns pacientes por uma média de dois anos — cinco vezes mais que a quimioterapia.
Ambos os estudos fazem parte de um campo de pesquisa em ascensão que sugere que a imunoterapia pode oferecer esperança a um número cada vez maior de pacientes com câncer.
O que é a próstata?
A próstata é uma glândula do tamanho de uma bola de pingue-pongue, localizada dentro da virilha, entre a base do pênis e o reto.
Sua principal função é fornecer o líquido prostático ou seminal que se mistura com o esperma nos testículos, para que os espermatozoides possam sobreviver e serem expulsos durante a ejaculação.
E o câncer de próstata?
O câncer de próstata se desenvolve quando ocorre crescimento e reprodução anormais de células da glândula.
Uma vez que o tumor se desenvolve, se alimenta dos hormônios masculinos.
No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) — ficando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.
O número de pessoas diagnosticadas com a doença tem crescido nos últimos anos.
Isso se deve parcialmente ao aumento da expectativa de vida e à evolução dos exames de rotina para diagnosticar o tumor.
Cerca de 30% dos homens com câncer de próstata avançado ou estágio 4 sobrevivem por cinco anos ou mais após o diagnóstico.
Exames de rotina
Ao se aproximar dos 50 anos — ou a partir dos 40, se houver histórico familiar da doença — todos os homens devem começar a fazer exames de rotina para a detecção de câncer de próstata.
De acordo com a Prostate Cancer Foundation, há dois tipos simples e relativamente indolores: o exame retal, em que o médico insere um dedo lubrificado e protegido por uma luva no reto para verificar se a glândula tem um crescimento ou forma irregular; e a coleta de sangue, usada para medir níveis de uma proteína produzida pela próstata — se estiverem elevados, pode ser um sinal de câncer.
BBC
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Os estudantes inscritos na condição de concluintes regulares que não fizeram a prova do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2019 e/ou não responderam ao Questionário do Estudante precisam justificar a ausência. As provas que avaliam os cursos de instituições de ensino superior foram aplicadas no dia 24 de novembro, com a presença de 390 mil estudantes, 89,6% dos inscritos.
A solicitação de dispensa da prova deve ser feita ao coordenador de curso da instituição, de 2 de janeiro de 2020 a 5 de fevereiro. A prova e o preenchimento do questionário são componentes curriculares obrigatórios para que o estudante obtenha o diploma da graduação.
O questionário desse ano foi respondido por 93,7% dos participantes. As instituições de ensino inscrevem os estudantes ingressantes e concluintes dos cursos de graduação avaliados na edição do Enade. Apenas os concluintes precisam fazer a prova.
O Enade 2019 avalia mais de 8 mil cursos pertencentes a 29 áreas de conhecimento, ofertadas por 1.953 instituições de educação superior.
Critérios de dispensa
A regularização dos estudantes ocorrerá de acordo com os critérios descritos no edital.
Um deles é a solicitação de dispensa da prova pelo próprio estudante em caso de acidente, assalto, casamento, extravio, perda, furto ou roubo de documento de identificação, luto, acompanhamento de cônjuge transferido(a) de município por seu empregador, saúde, maternidade, paternidade, atividade acadêmica, concurso público ou processo seletivo de trabalho, intercâmbio, privação de liberdade e trabalho. Ainda assim, o estudante deverá ter preenchido o questionário no período estipulado em edital. Caso o coordenador do curso indefira o pedido, cabe recurso no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que deve ser feito pelo Sistema Enade.
A dispensa da prova também pode acontecer por iniciativa das instituições de ensino superior, por compromissos acadêmicos vinculados ao curso avaliado pelo Enade, como atividade curricular e intercâmbio acadêmico. Nesse caso, pelo Sistema Enade, a instituição deve apresentar declaração ou documento que comprove a participação do estudante na atividade. Também nesses casos o estudante terá garantida a regularidade apenas se tiver preenchido o questionário.
O estudante também será dispensado quando não tiver sido inscrito no período previsto ou sido informado sobre sua inscrição no Enade, além de outras situações que inviabilizem integralmente a participação do aluno, por ato ou omissão da instituição de ensino. Nesse caso, a regularização ocorrerá mediante registro no Sistema Enade, por ação direta e exclusiva do coordenador de curso.
Agência Brasil
Portal Santo André em Foco
Estimular o processo de alfabetização e incentivar o turismo local são objetivos do projeto de extensão “Apps 4Society”, realizado por professores e alunos do campus IV da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) nos municípios de Rio Tinto e Mamanguape, no Litoral Norte de Paraíba. A iniciativa estimula o desenvolvimento de aplicativos que proponham soluções para problemas sociais que podem ser resolvidos através da tecnologia.
Já foram criados apps de alfabetização destinados a escolas públicas do Ensino Médio do Litoral Norte do estado. A ideia é tentar atingir pessoas que estão no processo de alfabetização, como crianças, jovens e adultos que possuem baixa renda.
Segundo a coordenadora do projeto, a professora Ayla Debora, foram criados dois aplicativos para alfabetização, o “AppAlpha” e o “Alfabeto”. Eles estão disponíveis no site do “Apps 4Society” em versões que estão na fase de teste.
“Os levamos para salas de aula da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no município de Sertãozinho e no distrito de Salema, em Rio Tinto, para sentirem na prática o impacto que os aplicativos produzidos podem gerar na vida dos estudantes “, contou a professora.
A iniciativa também busca divulgar informações sobre áreas do estado com a finalidade de valorizar riquezas naturais e culturais paraibanas.
G1 PB
Portal Santo André em Foco
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou nesta segunda-feira (2) que Cuba e Venezuela tentam sequestrar protestos democráticos na América Latina, e prometeu que Washington vai dar apoio aos países da região para evitar que o descontentamento se transforme em tumultos.
Pompeo é a principal autoridade de relações internacionais dos EUA.
Ele fez as declarações durante um discurso no Kentucky.
“Nós, na gestão Trump, vamos continuar a apoiar países que tentam evitar que Cuba e Venezuela sequestrem esses protestos, e nós trabalharemos com governos legítimos para prevenir que protestos se transformem em tumultos e violência que não refletem a vontade democrática do povo”, afirmou.
Entenda, abaixo, alguns dos conflitos que marcaram a América Latina em 2019.
Pompeo também pediu paciência para a política dos EUA em relação à Venezuela. Ele citou as iniciativas até agora: sanções econômicas, esforços contra cartéis de drogas e tentativas diplomáticos para aumentar a pressão contra o regime de Nicolás Maduro. Esse conjunto de medidas vai eventualmente ser bem-sucedidas, disse ele.
Bolívia, Chile, Equador, Peru, Paraguai e Colômbia registraram manifestações populares, distúrbios políticos e confrontos em 2019.
Bolívia
Em 20 de outubro, Evo Morales foi eleito em primeiro turno na Bolívia, mas protestos e denúncias de fraude na votação aumentaram a tensão no país. Evo perdeu apoio dos militares, que pediram sua saída. Ele renunciou à presidência no dia 10 de novembro.
A segunda-vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, se autoproclamou presidente interina e convocou novas eleições.
Chile
A onda de protestos teve início no Chile em setembro, após um aumento de 30 pesos (equivalente a R$ 0,17) no preço das tarifas do metrô de Santiago. Milhares de pessoas derrubaram portões, quebraram catracas e passaram sem bilhete pelos controles de acesso. A polícia revidou com bombas de gás lacrimogêneo. Os protestos tiveram uma escalada com saques e depredações.
O governo decretou estado de emergência, e o exército foi às ruas. O presidente Sebastian Piñera suspendeu o aumento da tarifa do metrô e instaurou uma reforma constitucional, mas os protestos continuam.
Equador
O país enfrentou em outubro 11 dias de violentos protestos e estradas bloqueadas depois que o presidente Lenín Moreno anunciou o fim de um subsídio aos combustíveis que já durava 40 anos, causando um aumento de até 123% nos preços. A medida é parte de um pacote de ajustes para cumprir metas acertadas com o FMI.
Em reação às primeiras manifestações, o governo decretou "estado de exceção" e, posteriormente, transferiu a sede do governo do Equador de Quito para a cidade costeira de Guayaquil. As medidas não contiveram as manifestações. Os distúrbios deixaram sete mortos, 1.340 feridos e 1.152 presos, segundo a Defensoria Pública. No dia 14 de outubro, o presidente revogou a medida que cortava o subsídio.
Colômbia
Líderes trabalhistas e estudantis da Colômbia convocaram protestos que duraram mais de uma semana.
Eles têm reclamações sobre possíveis alterações nas leis tributárias, trabalhistas e previdenciárias que estejam no legislativo ou que estejam em desenvolvimento. O presidente Iván Duque propôs um "diálogo nacional" que duraria até março, o que foi rejeitado pelos manifestantes.
Peru
No fim de setembro, o presidente do Peru, Martín Vizcarra, após uma derrota no Congresso, resolveu dissolver a legislatura e convocou novas eleições -- o que a lei permite. Em resposta, os congressistas chegaram a votar uma suspensão do líder executivo e nomearam a vice, a parlamentar Mercedes Aráoz, para ocupar seu cargo.
Ela, entretanto, renunciou ao posto, e Vizcarra permaneceu na presidência. Manifestantes apoiaram a decisão de fechar o Congresso, em meio à crise de credibilidade da classe política por causa do escândalo ligado à Odebrecht no país.
Paraguai
O governo assinou com o Brasil um documento em que se comprometia a comprar energia mais cara do que o habitual da Usina de Itaipu, que pertence aos dois países. Em decorrência disso, em agosto, o Paraguai mergulhou numa crise política, funcionários em cargos importantes caíram e o presidente Mario Abdo ficou ameaçado de ser submetido a um processo de impeachment. Houve manifestações pelo país, principalmente na capital Assunção.
O acordo firmado em maio, sem divulgação, foi cancelado oficialmente, e a tensão diminuiu. Um grupo governista que havia aderido à proposta de impeachment da oposição acabou desistindo.
G1
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A oito dias de assumir a vice-presidência da Argentina, Cristina Kirchner compareceu ao tribunal nesta segunda-feira (2) para testemunhar em um processo por corrupção, que ela denuncia como parte de um plano para "destruir líderes populares e democráticos".
É a primeira vez que a ex-presidente (2007-2015) se pronuncia em sua defesa perante o tribunal que a julga como suposta chefe de uma organização criminosa, acusada de favorecer o empresário Lázaro Báez na concessão de licitações para obras rodoviárias em a província de Santa Cruz (Patagônia, sul).
Seus advogados solicitaram que a audiência pública fosse transmitida ao vivo pela televisão, mas teve o pedido negado pelo tribunal.
Apoiadores esperaram por ela em frente ao local e reivindicaram que o depoimento seja televisionado.
Kirchner chegou às 09h30, sem falar com a imprensa. Ela insiste que as acusações contra ela são motivadas por uma perseguição política.
"Lawfare"
"Na Argentina, como no resto da América Latina, a articulação dos meios de comunicação hegemônicos e o aparato judicial com o objetivo de demonizar e destruir os líderes dos governos populares e democráticos, foi transformado em um plano sistemático", escreveu em uma rede social horas antes da audiência.
Kirchner, que governou entre 2007 e 2015, assumirá como vice-presidente no dia 10 de dezembro, após a vitória eleitoral da chapa peronista de centro-esquerda que integrou com Alberto Fernández.
Atualmente, como senadora, tem foro parlamentar, o que a exime do cumprimento da prisão preventiva solicitada pelos juízes.
Como vice-presidente –e também como presidente Senado–, ela precisa ter um julgamento político no Congresso antes da suspensa do foro.
Gregorio Dalbón, um de seus advogados, disse nesta segunda-feira (2) que "esse processo judicial será anulado porque não tem pé nem cabeça. Certamente os responsáveis pelo 'lawfare' serão julgados no futuro".
"De tudo o que disseram de Cristina nada foi encontrado. Cristina hoje demostrará que esse processo foi armado para persegui-la", acrescentou.
Oito processos
Kirchner, de 66 anos, é réu em oito processos, a maioria deles por acusações de contratações irregulares e corrupção passivo quando era chefe de Estado. Quatro casos foram elevados a julgamento oral, ainda sem data de início.
Dois processos, por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito (Hotesur e Los Sauces), também envolvem seus filhos Máximo e Florencia, em um julgamento unificado.
Outros dois são pela venda de "dólar futuro", que ela defende como uma medida de política monetária, e por acobertamento pela assinatura de um memorando com o Irã no caso que investiga o atentado no centro judeu Amia, que deixou 85 mortos em 1994.
France Presse
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A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (Partido Democrata), reafirmou nesta segunda-feira (2) na COP 25 o apoio dos americanos ao Acordo de Paris, apesar da retirada do pacto climático realizada por Donald Trump.
Pelosi e um grupo de 15 membros Democratas do Congresso se encontram em Madri para a reunião sobre o clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi um gesto político forte, um mês após o presidente americano oficializar a saída de seu país do Acordo de Paris.
"Estamos aqui para dizer a todos vocês, em nome da Câmara de Representantes e do Congresso dos Estados Unidos, que continuamos envolvidos", disse Pelosi, em coletiva de imprensa prévia ao lançamento oficial da COP 25.
Suas palavras foram recebidas com aplausos pelos presentes, entre eles vários chefes de Estado e de governo. Pelosi disse estar "orgulhosa" do compromisso dos congressistas que a acompanhavam.
"No topo de sua agenda, reconhecem o papel dos Estados Unidos para salvar o planeta para as futuras gerações. É uma missão, uma paixão, um enfoque baseado na ciência", disse.
Ele lembrou que as mudanças climáticas, uma "ameaça existencial", podem resultar em problemas de saúde pública, econômicos e de segurança nacional. "Temos uma responsabilidade moral com as futuras gerações de deixar para eles um planeta em melhor estado, no melhor estado possível", insistiu Pelosi.
Enquanto cerca de 200 países estão representados na capital espanhola ao menos em nível ministerial, e em muitos casos por chefes de Estado e de governo, os Estados Unidos escolheram uma diplomata para dirigir sua delegação oficial.
France Presse
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