O Hospital Napoleão Laureano, referência no tratamento do câncer em João Pessoa, é aquele que tem o maior percentual de mortes de pacientes oncológicos da região Nordeste. A informação está publicada em uma auditoria realizada pela Controladoria Geral da União (CGU) no ano de 2021 e que compara os números do Napoleão Laureano com os de outros hospitais de tratamento do tipo.
De acordo com a CGU, que se utiliza de dados coletados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), 521 pacientes morreram em 2021 durante a internação no Hospital Napoleão Laureano, de um total de 2.559 pessoas que foram internadas. O índice de óbitos é de 20,36%. É a maior proporção entre 10 hospitais de oito estados nordestinos analisados.
Para se ter uma ideia, o Napoleão Laureano é a única unidade hospitalar que chega a casa de 20%. Na lista divulgada pela CGU, a Sociedade Pernambucana do Combate ao Câncer (16,92%) e a Liga Bahiana Contra o Câncer (14,86%) aparecem na sequência. Em sentido contrário, o Instituto do Câncer do Ceará (3,77%) registrou o menor índice de óbitos de pacientes com câncer internados em 2021.
Na média geral dos dez hospitais analisados, o percentual de óbitos com relação a internados é de 10,19%, o que significa que o Hospital Napoleão Laureano tem uma taxa que é o dobro disso.
Os estudos e as análisas da CGU foram realizados a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que abriu inquérito para investigar denúncias de problemas na unidade. O relatório foi entregue ao MPF em 30 de janeiro, mas só nessa segunda-feira (5) ela foi publicizada à imprensa. O documento enumera uma série de outros problemas que comprovariam problemas graves na instituição no que diz respeito ao correto atendimento dos pacientes.
A Controladoria Geral da União, inclusive, destaca em seu relatório que é possível haver uma subnotificação dos óbitos. Isso porque, de acordo com o órgão, o próprio Hospital Napoleão Laureano teria informado que, em muitos casos, pacientes em estado terminal acabam sendo transferidos para o Hospital Padre Zé, com esses óbitos ficando registrados na outra unidade.
"Há indicativo de que o percentual de óbitos de pacientes internados no HNL seja ainda maior, caso não houvesse transferências de pacientes em estágio terminal para outro hospital”, destaca o texto.
Em nota, a direção do Hospital Napoleão Laureano afirmou que a taxa de mortalidade “está de acordo com a média para instituições da natureza do Laureano, assim como considerando as peculiaridades locais”.
A CGU, contudo, analisou um segundo cenário que comprovaria o alto índice de óbitos, bem acima da média de outros hospitais. Nesse segundo cenário, foram considerados os pacientes internados em 2021, restritos àqueles pacientes que possuem o Cartão Nacional de Saúde (CNS) informado no sistema SIH/SUS com o CPF inserido no Cadastro Nacional de Usuários do Sistema Único de Saúde (CadSUS). Essas informações adicionais permitiam cruzamento de dados que possibilitavam acompanhar o paciente mesmo após a alta.
Assim, de 2.351 pacientes que estiveram internados em 2021, 950 pacientes foram a óbito durante ou após o período de internação (considerando os anos de 2021 e 2022), o que corresponde a um percentual de 40,41%, que é quase o dobro da média de 23,02% da amostra.
g1 PB
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