O Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba emitiu uma recomendação à Prefeitura de João Pessoa a respeito da obra de recuperação da barreira do Cabo Branco. De acordo com o documento, a Secretaria de Planejamento e a Secretaria de Meio Ambiente devem revisar a obra para atender a alguns requisitos.
A recomendação levou em consideração um procedimento preparatório que tramitou no MPF com o objetivo de apurar o incidente que ocorreu em julho de 2020, quando o o mar do Cabo Branco foi tingido de uma coloração vermelha. A suspeita existente é de que havia relação com a operação realizada para remoção das rochas depositadas na praia. A denúncia foi formulada pelo Núcleo de Justiça Animal da UFPB (NEJA-UFPB).
Entre as recomendações do MPF, estão:
- que o licenciamento ambiental das obras de contenção da erosão marítima na falésia do Cabo Branco seja realizado sem fracionamentos, e conduzido junto ao órgão estadual licenciador (SUDEMA);
- que nenhuma intervenção no Sítio Paisagístico do Cabo Branco seja iniciada sem a prévia autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN);
- que o município de João Pessoa firme o Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo IPHAN, no qual são fixadas condicionantes ambientais e urbanísticas
- relevantes para a viabilidade da obra;
- que seja revisto o Projeto Executivo elaborado pela ACQUATOOL CONSULTORIA, para que não seja feita a implantação de 2,6 km de quebra-mares;
- que, ao reelaborar a proposta de intervenção, o município dê preferência à solução técnica menos invasiva e menos modificadora do ecossistema marítimo, à paisagem tombada da falésia do Cabo Branco, às piscinas naturais, ao turismo, ao uso e à balneabilidade da praia, bem de uso comum do povo;
- que o município leve em consideração, em todos os projetos, estudos e intervenções, o fato de a erosão marítima já estar avançando em direção a Praia de Tambaú, devendo abordar uma possibilidade de solução;
- que o município atualize periodicamente a Procuradoria da República na Paraíba do andamento do licenciamento ambiental do projeto e dos novos estudos ambientais
- contratados (EIA/RIMA);
- que seja facultado à sociedade civil organizada e à comunidade acadêmica, a participação em todo o processo de elaboração dos estudos ambientais e do novo projeto de intervenção, por meio da ampla divulgação de suas etapas principais;
- que o Município avalie solução de infraestrutura capaz de amenizar os efeitos à paisagem e à dinâmica dos sedimentos causada pela implantação do enrocamento no sopé da falésia;
- que o município promova periodicamente a manutenção dos gabiões, muros de arrimo e do enrocamento existente, evitando os desprendimentos de rocha que se espalham pela enseada do Cabo Branco;
- que o município elabore, no prazo de seis meses, plano de recomposição da cobertura vegetal do Setor de Amenização Ambiental (SAA), das Sub-Zonas “A”, “B” e
- “C” e das Zonas Especiais de Preservação (ZEP) 2 e 4 (conforme Mapa da Zona Adensável Prioritária do Altiplano Cabo Branco), buscando identificar os desmatamentos irregulares e apresentando cronograma de reflorestamento dos espaços indevidamente desmatados;
- que, na elaboração do novo Plano Diretor de João Pessoa, sejam endurecidas, e não flexibilizadas, as normas de proteção ambiental e paisagística;
- que, na elaboração do novo Plano Diretor de João Pessoa, se abstenha o município de autorizar ou estimular o adensamento populacional em direção à Zona Sudeste.
A Prefeitura de João Pessoa tem até quinze dias para se manifestar sobre o acatamento da recomendação. O G1 entrou em contato com os órgãos responsáveis e aguarda um retorno.
G1 PB
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