Os gritos de “Fica, Gabigol” na goleada por 6 a 1 sobre o Avaí, quinta-feira, no Maracanã não terão maiores ecos no Flamengo. A negociação está em modo jogo de paciência. As condições de ambas as partes para a permanência já são conhecidas. Ainda com o Mundial para disputar, evita-se qualquer tipo de atrito com um dos principais nomes do time na temporada.
Mas, com a falta de uma resposta, o jogador foi comunicado pelo Rubro-Negro que teria que se reapresentar normalmente na Internazionale de Milão. O atacante, porém, teria externado que não pretende fazê-lo.
Contra o Avaí, Gabigol deixou sua marca mais uma vez - foi o 43º gol este ano em 56 jogos. Na comemoração, beijou o gramado do Maracanã - assim como fizera quando se despediu do Santos ano passado, na Vila Belmiro. E ouviu novamente da torcida o pedido para que fique.
Após o fim da partida, foi o último a sair de campo. Parecia querer aproveitar cada momento. Depois, de novo, voltou a comentar sobre a indefinição sobre seu futuro.
- Não tenho pressa, nem o Flamengo tem também. A gente está muito tranquilo. Temos agora um jogo contra o Santos, meu ex-time, espero que seja um grande jogo. Prioridade é o Flamengo, os jogos e o grupo, meus companheiros. Não me coloco à frente de nada.
Mas se Gabigol diz não ter pressa, o Flamengo joga com o tempo, pois o planejamento da temporada 2020 já está em curso e a proposta na mesa há tempos. Nomes de atacantes estão na pauta, o clube não está parado à espera do desfecho com o atual camisa 9.
A ideia de não se reapresentar a Inter de Milão não é qualquer tipo de litígio com os italianos e nem indica provável acerto com o Flamengo. Inclusive existe na Gávea uma corrente incomodada com a negociação virando novela pelo lado do atacante. E ainda com capítulos pela frente com a saída sendo tratada como "provável" em debates internos.
Em 2018, um cenário semelhante. Sem fazer parte dos planos do time italiano, Gabigol era alvo de clubes do Brasil e do exterior e teve sua reapresentação adiada pelo clube italiano do dia 3 para 11 de janeiro. Ele permaneceu no Brasil e, antes disso, acertou com o Flamengo - mas só depois de uma negociação arrastada, quando o clube venceu a concorrência do West Ham, da Inglaterra, e chegou a um acordo com os italianos.
O último jogo da Inter de Milão na atual temporada será no dia 21 de dezembro, contra o Genoa. E depois volta a campo no dia 5 de janeiro diante do Napoli. Com contrato até 31 dezembro, Gabriel teria que se apresentar na primeira semana de janeiro.
E o que falta para que o jogo com o Avaí não tenha sido a despedida de Gabriel diante da torcida?
Com o valor de compra de 80% dos direitos econômicos já acertado com os italianos por 16 milhões de euros - cerca de R$ 74,5 milhões na cotação atual -, o salário é uma das questões. A pedida por parte do jogador foi considerada alta pelo clube.
O Flamengo recheou os bônus financeiros em casos de metas atingidas, chegou a um valor que considera justo diante do que o atacante apresentou em 2019 e não pretende ir além. Considera que já fez sua parte.
A situação se arrasta há três meses, quando o cenário foi passado pelo departamento de futebol ao staff do jogador. Há um mês, o vice de futebol Marcos Braz tornou público o acerto com a Inter e rolou a bola para Gabigol.
Depois do gol diante do Avaí, Gabigol também comentou sobre o carinho da torcida:
- Ser reverenciado foi uma coisa que eu sempre sonhei. Estou muito feliz pelo carinho. O que passa pela minha cabeça agora é o jogo contra o Santos, meu ex-clube, na Vila Belmiro, onde fui muito feliz. Depois tem o Mundial. Depois disso temos tempo para sentar, conversar e resolver tudo - disse o camisa 9.
Globo Esporte
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