Eleito o novo presidente do Flamengo na noite da última segunda-feira, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, chega ao cargo mais alto do clube depois de 15 anos atuando na política rubro-negra. O ge conta abaixo a trajetória e curiosidades do empresário de 64 anos da chapa "Raça, Amor e Gestão".
Carreira empresarial
Bap é formado em Engenharia Civil na UFRJ, mas fez mestrado em Finanças pelo Coppead-RJ e começou a carreira no varejo. Foi superintendente de compras nas Lojas Americanas e na Mesbla. Depois, foi presidente da Optiglobe (atual TIVIT, multinacional brasileira de soluções digitais), da DirecTV e da Sky após a fusão. Também atuou 14 anos como CEO da empresa de TV por assinatura, sendo premiado duas vezes pela revista Consumidor Moderno. Em função da vida profissional, passou a morar em São Paulo.
Política rubro-negra
Em 2009, Bap comprou um título de sócio do Flamengo, seu clube de coração, e começou a se envolver com a vida política da Gávea. Participou do FLA-21, grupo considerado embrião da famosa "Chapa Azul" que seria eleita três anos depois. Em 2010, patrocina o basquete rubro-negro com sua empresa, Sky, e ajuda na contratação de Zico como diretor técnico de futebol (o Galinho também virou garoto-propaganda da empresa de TV por assinatura, e desde aquela época tornaram-se grandes aliados).
Em seguida, Bap foi um dos precursores da Chapa Azul, que ganhou a eleição em 2012 e foi responsável pela grande reestruturação financeira do Flamengo na gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Luiz Eduardo Baptista teve o seu primeiro cargo no clube e virou vice-presidente de marketing. Foi ele quem liderou as negociações de patrocínios com Adidas, Peugeot e Caixa Econômica em 2013. Dois anos depois, rompeu com o presidente e apoiou Wallim Vasconcellos na eleição.
Como Bandeira foi reeleito, Bap só voltou ao Flamengo em 2019, após ganhar a eleição do ano anterior na chapa de Rodolfo Landim. Ele retornou como vice-presidente de relações externas e membro do conselho de futebol, também chamado de "Conselhinho", que era um grupo de cinco pessoas (Luiz Eduardo Baptista, Marcos Braz, Diogo Lemos, Fábio Palmer e Dekko Roisman) responsável por comandar a principal pasta do clube.
Na reeleição de Landim em 2021, Bap deixou a vice-presidência de relações externas para virar presidente do Conselho de Administração. E no ano seguinte ele se desliga do conselho de futebol após divergências internas, principalmente com Marcos Braz. Mas continua na gestão e alega que tinha um acordo com Landim para ser o próximo candidato da situação. Como o escolhido foi Rodrigo Dunshee, ele virou oposição e levou a melhor na eleição com ampla vantagem: 1.731 contra 1.166 votos.
Sem "papas na língua"
Conhecido por ter personalidade forte, Bap já deu algumas entrevistas fortes ou marcantes, como por exemplo após o título da Copa do Brasil de 2013, quando comemorou assim:
- O Flamengo cada dia mais forte para desespero dos nossos detratores, para os hipócritas, para os cretinos que não sabem o que falam. Deus perdoe vocês porque o mundo é rubro-negro. Fui!
Em 2012, após ganhar a eleição como vice de marketing, projetou o desafio de reerguer o Flamengo com a seguinte metáfora:
- Da situação que o Flamengo vem, eu me sinto assim: um gordinho, baixinho, meio careca cantando a Gisele Bündchen. Ela olhou para mim e sorriu. Não sei se ela está me sacaneando ou dando mole. Se estiver dando mole, quem sabe o Flamengo tenha um Natal bacana.
Em 2015, entrevista ao blog "Ser Flamengo", atacou Eduardo Bandeira de Mello por não respeitar decisões tomadas em colegiado após o então presidente ir em uma reunião com a Ferj para a costura de um acordo para estipulação de preços de ingressos:
- O grupo, por unanimidade, tinha decidido em não ir à reunião do arbitral nem fazer acordo de preços com a Federação. Ele fez diferente do que foi combinado. Uma das piores (coisas) que temos na vida é burro com iniciativa. Burro com iniciativa. Ele quebra você.
Durante o lançamento oficial de sua chapa esse ano, Bap foi ovacionado no palco ao dizer frases como:
- O Flamengo não precisa de messias nem de mecenas (ao se posicionar contra SAF).
- Vamos criar um código de conduta em que o atleta quando assinar o contrato saberá o que pode fazer ou não, e as consequências de não respeitar o manto sagrado (em alusão ao Gabigol aparecer em foto com uma camisa do Corinthians).
- Não vai haver algum atleta que ganhe muito dinheiro sem que o Flamengo tenha ganhado muitas conquistas.
- Como todo católico, eu também espero Jesus um dia (ao se mostrar a favor da volta do técnico Jorge Jesus).
Polêmica com Rafinha
Em 2021, quando o lateral-direito Rafinha quis voltar para o Flamengo, a negociação não teve sucesso. Para o jogador, ele foi vítima de uma "guerra política" entre o futebol e o alto comando do clube, do qual Bap fazia parte. Em entrevista ao seleção sportv naquele ano, alegou que o futebol, comandado por Marcos Braz, era favorável ao seu retorno:
- Com certeza eu fui vítima de uma guerra política. Falaram que era parte financeira, e não foi. Eles têm essa guerra, eu não sabia também. Não sabia que chegava a esse ponto. Eu paguei o pato, fiquei 35 dias em casa "cozinhando" esperando tomarem uma decisão. Essas pessoas tinham que ficar ligadas nas atribuições delas, as finanças, comunicação... Não tenho que pagar essa conta. Fui usado nessa guerra.
Bap se defendeu para o canal "Debate Rubro Negro" e garantiu que a questão foi apenas financeira:
- Essa tentativa de se criar uma narrativa diferente visa esconder a realidade. A pandemia afetou de maneira dramática, já é uma realidade. Fizemos o orçamento com premissas desafiadoras, todos no clube sabem. Não podemos assumir novos compromissos. Esportivamente, o Rafinha é uma unanimidade no Flamengo. Quem não ia querer? O que ele entende ter sido a razão para ele não jogar no Flamengo não é a realidade.
Reaproximação com Zico
Desde a época da Sky, Bap tem Zico como um fiel escudeiro. Mesmo com o ídolo tendo durado pouco no cargo de diretor técnico em 2010, ele continuou como garoto-propaganda da empresa de TV por assinatura. E nunca escondeu a gratidão:
- Ele podia ter cortado e rompido a relação. Acreditou em mim, usufruiu da minha imagem, jamais duvidou da minha integridade. Tenho amizade até hoje com ele - disse o Galinho de Quintino em 2012.
Apesar de não ter participado da eleição por não estar no Rio de Janeiro, Zico foi o principal apoio da campanha de Bap. E o novo presidente tem planos de levar o maior ídolo do clube para mais perto da gestão. Nos bastidores, já há a ideia de o Galinho ser o chefe da delegação nos Estados Unidos durante o Mundial de Clubes do ano que vem, como revelado pelo canal "Paparazzo Rubro-Negro".
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