Novembro 22, 2024

Trabalho sujo: entenda movimento que Dorival cobra dos jogadores e vê como fundamental para Seleção

– Temos que fazer um pouco mais o trabalho sujo, que não vinha acontecendo, dificultando nossas infiltrações.

A frase acima foi dita pelo técnico Dorival Júnior em entrevista na véspera da partida entre Brasil e Peru, nesta terça-feira, mas já vinha sendo escutada pelos jogadores da Seleção há um bom tempo.

O "trabalho sujo" ou "movimento sujo", outro termo também utilizado por Dorival, é uma ação que o treinador vem cobrando bastante dos convocados, especialmente aqueles que jogam no ataque. Ela é vista como fundamental para melhorar a produção ofensiva do Brasil.

Mas, afinal, que trabalho sujo é esse?
Dorival usa essa expressão para se referir a um movimento feito pelos jogadores de frente para a linha defensiva adversária. Mesmo que o atleta não vá receber a bola, ele se projeta em velocidade para "arrastar" consigo um marcador e, assim, abrir espaço na área rival.

Na última partida, por exemplo, isso pôde ser visto no lance do gol de empate do Brasil contra o Chile. Raphinha dispara em direção à ponta direita e chega até a ficar em posição de impedimento. O atacante não recebe a bola de Savinho, mas faz com que o centro da área fique menos protegido. É justamente neste espaço que Igor Jesus aparece para receber cruzamento de Savinho e mandar a bola para as redes.

Dorival quer que os jogadores não esperem a bola no pé, mas se mexam constantemente para que sejam acionados em velocidade ou que, ao menos, alarguem a defesa adversária, facilitando a vida do atleta que tem a posse.

Este "trabalho sujo" pode ser feito não só por meias e atacantes, mas também por laterais. A escalação de Vanderson, que tem características mais ofensivas do que Danilo, também tem por objetivo abrir espaços e gerar superioridade numérica de jogadores perto da área do Peru.

Na visão de Dorival, embora ainda esteja longe do ideal, o Brasil vem evoluindo nessas ações:

– O que ganhamos bastante na última partida foram os movimentos de infiltração. Não só com o Igor, mas muito com o Raphinha, o Savinho, o Rodrygo... Isso nos proporcionou uma outra condição. Estamos melhorando neste quesito. Mais do que ter um homem de referência neste instante, como buscamos com o Pedro, vejo a liberdade de movimento de jogadores de ótimo nível e com capacidade de usar o um para um, as trocas de passes para tabelas – comentou.

Durante a Copa América, o treinador da Seleção já havia apontado a falta dessas movimentações. Jogando em campos com dimensões reduzidas, Dorival entendia que o "trabalho sujo" era ainda mais importante.

– Precisamos de movimento fundamental: o movimento sujo. Ataques na última linha adversária, provocando movimentos de três, cinco, dez passes atrás e abertura frontal ao movimento de linha para facilitar quem tem a bola nos pés – opinou o técnico após o empate na estreia com a Costa Rica.

– Movimento em profundidade carrega a linha para perto do goleiro e abre espaços. Foi aspecto que mais intensificamos em trabalhos de treinamentos, o ataque à última linha, esse movimento sujo para quem quer achar espaços na última linha do adversário – completou.

Outra ação que Dorival pede a seus jogadores de ataque é que, em certos momentos, se desgarrem da marcação e recuem um pouco para receber a bola de frente para o gol. Rodrygo, Raphinha e Savinho, que mais uma vez formarão o ataque com Igor Jesus, têm essa característica.

Se o "trabalho sujo" for bem realizado nesta terça-feira, no Mané Garrincha, o Brasil pode "limpar" um pouco a sua situação nas Eliminatórias. A Seleção é a quarta colocada na competição com 13 pontos, seis a menos do que a líder Argentina.

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