A Fifa deu mais um passo na tentativa de organizar a Copa do Mundo a cada dois anos. Na reunião virtual realizada nesta segunda-feira, a entidade apresentou um estudo financeiro que prevê arrecadar US$ 4,4 bilhões a mais com a redução do intervalo entre os Mundiais. O valor corresponde a uma receita adicional de R$ 25 bilhões.
Segundo o trabalho feito por uma consultoria internacional, o plano aumentaria a arrecadação de US$ 7 bilhões (R$ 39,9 bilhões) estimados para US$ 11,4 bilhões (R$ 65 bilhões) em um ciclo de quatro anos graças ao aumento da receita de ingressos, direitos de mídia e de patrocínio.
- Os resultados econômicos apresentados são muitos fortes. Todos se beneficiariam, os mais ricos e os mais pobres. Teríamos também mais dinheiro para reinvestir no desenvolvimento do futebol em todo o mundo - disse o presidente da Fifa após o encontro.
Apesar dos números apresentados pelos funcionários da Fifa aos filiados, a entidade não realizou uma votação sobre o assunto. A estratégia do presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi usar o evento nesta segunda para "chegar a um consenso" sobre a proposta, que é o principal ponto de um profundo plano de reformulação do calendário do futebol mundial.
Infantino disse que os jovens são favoráveis à redução do intervalo entre os Mundiais e que a maior frequência de disputa do torneio não banalizaria o evento.
- O que importa é a qualidade - acrescentou o presidente da Fifa.
Estudo da FIFA projeta o dobro de empregos com Copa a cada dois anos
Para convencer os filiados, funcionários da Fifa ainda revelam que o estudo projetou um aumento do PIB em US$ 180 bilhões (R$ 1 trilhão) em um ciclo de 16 anos com a mudança da Copa a cada dois anos. A projeção para o cenário atual é de US $ 80 bilhões (R$ 456 milhões). A Fifa afirma que a redução do intervalo entre os Mundiais também dobraria para 2 milhões o número de empregos criados pelos eventos.
Opositores prometem torneios para rivalizar com Mundial
A Uefa e a Conmebol já anunciaram que são contrárias a proposta. As duas entidades controlam o futebol, respectivamente, na Europa e na América do Sul. Os seus filiados venceram todos os 21 títulos da Copa do Mundo desde 1930. Os grandes clubes europeus e o COI (Comitê Olímpico Internacional) também são contrários.
- Não acredito que estou fazendo inimigos. Meu papel é debater o futuro do futebol de forma respeitosa. Estamos falando de solidariedade - disse Infantino, sem dar um prazo quando colocará o assunto em votação.
Em novembro, um relatório encomendado pelo Fórum das Ligas Mundiais disse que a proposta da FIFA, aliada a mudanças na Copa do Mundo de Clubes, poderia custar às grandes ligas de futebol nacionais e à UEFA cerca de US $ 9 bilhões (R$ 51 bilhões) por temporada em direitos televisivos perdidos e acordos comerciais.
Na última semana, a Uefa e da Conmebol fizeram uma reunião para unificar uma parceria comercial na tentativa de contra golpear a proposta de um Mundial a cada dois anos. As duas entidades anunciaram a abertura de um escritório de negócios conjunto, com sede em Londres. A capital inglesa também será palco de um jogo entre os atuais campeões da Euro e da Copa América (Itália e Argentina) a ser disputado em junho.
Eles também aprovaram um estudo sobre a disputa de uma "Nations League" entre os dois continentes: as 10 seleções sul-americanas se juntariam ao torneio que a Uefa já organiza desde 2018. Os dirigentes, porém, não explicaram como funcionaria a logística ou a parte esportiva dessa competição.
FIFA propõe distribuir mais de R$ 18 bilhões para filiados
Funcionários da FIFA informaram aos representantes das federações que US $ 3,5 bilhões (R$ 18,8 bilhões) da receita extra seguiriam para um novo "Fundo de Solidariedade para Associações Membros". Pelo novo desenho, cada federação nacional receberia cerca de US$ 16 milhões (R$ 91 milhões) em um período de quatro anos, enquanto fundos extras também seriam doados para outro programa de desenvolvimento.
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