A taxa média de juros cobrada pelos bancos em suas operações com pessoas físicas e com empresas registrou alta de 1,7 ponto percentual em outubro, e chegou a 42,4% ao ano. Trata-se do maior patamar desde novembro de 2017 (42,6% ao ano), ou seja, em quase cinco anos.
O juro médio, nesse caso, foi calculado com base em recursos livres, ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
De acordo com o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas subiu de 23% ao ano, em em setembro, para 23,5% ao ano, em outubro. É o maior nível desde agosto de 2017 (24,4% ao ano).
Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 54% ao ano, em setembro, para 56,6% ao ano, em outubro. Este é o maior patamar desde fevereiro de 2018 (56,9% ao ano).
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 134,3% ao ano, em setembro, para 132,5% ao ano, em outubro.
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo, por sua vez, avançaram de de 390,7% ao ano em setembro para 399,5% ao ano em outubro. É a maior taxa desde agosto deste ano (399,6% ao ano).
O crédito rotativo do cartão de crédito, cuja demanda em 2021 foi a maior em dez anos, pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Mesmo com a queda em setembro, o patamar da taxa rotativa de juros segue proibitivo. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
Juro básico da economia
Com o aumento registrado em outubro deste ano, os juros bancários subiram mais do que a taxa básica da economia, a Selic, que avançou 11,75 pontos percentuais (de 2% para 13,75% ao ano) desde março do ano passado.
Nesse mesmo período, a taxa bancária média cobrada pelos bancos subiu 14 pontos percentuais.
O objetivo do ciclo da alta da taxa Selic, segundo o BC, foi conter as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia da Covid, que gerou interrupção na oferta de produtos e injetou recursos extraordinários na economia, por meio de auxílios temporários, o que elevou os preços.
Também causou impacto na inflação a guerra na Ucrânia, principalmente nos preços de combustíveis e alimentos nos últimos meses.
Mais recentemente, segundo o próprio BC, o mercado passou a projetar novas altas nos juros por conta das incertezas sobre as contas públicas.
Endividamento das famílias e inadimplência
Segundo o BC, o endividamento somou 49,9% da renda acumulada nos doze meses até setembro deste ano. A série histórica do BC para este indicador tem início em janeiro de 2005.
Com isso, registrou mudança marginal na comparação com agosto, quando estava em 49,8%.
Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias somava 41,8%.
Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu de 2,9% em setembro para 3% em outubro. É a maior desde maio de 2020 (3,2%).
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência avançou de 3,8% em setembro para 3,9% em outubro — a maior desde maio de 2020 (4%).
Já a inadimplência das empresas oscilou de 1,6%, em setembro, para 1,7% em outubro, a mais alta desde agosto de 2020 (1,8%).
Crédito bancário
O volume total do crédito bancário em mercado, segundo o Banco Central, avançou 1% em outubro deste ano, para R$ 5,21 trilhões.
Houve queda de 0,1% na carteira de pessoas jurídicas e aumento de 1,8% na de pessoas físicas.
De acordo com a instituição, entre as modalidades de crédito para as famílias, se destacaram em outubro o cartão de crédito (+2%), crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (+2,4%) e crédito pessoal não consignado (+1,5%).
Em doze meses, o crescimento do volume total do crédito bancário atingiu 15,8% em outubro, contra 16,4% em setembro.
Para todo este ano, o Banco Central estima uma expansão de 14,2% no crédito bancário. Em 2021, impulsionado por linhas emergenciais de crédito para o combate aos efeitos da pandemia, o crédito bancário teve alta de 16,3%.
Os dados do BC mostram que as concessões de novos empréstimos bancários também avançaram em setembro, quando registraram expansão de 1,24% contra o mês anterior.
Esse foi o quarto mês seguido de alta do indicador. O cálculo foi feito após ajuste sazonal, uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes.
g1
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