Após abrir em queda, o dólar voltou a ser negociado em alta nesta segunda-feira (26), com a cautela ainda pautado com os mercados, com os investidores de olho nos desdobramentos da guerra comercial após o presidente norte-americano, Donald Trump, amenizar o discurso em relação à disputa com a China.
Às 15h25, a moeda do norte-americana subia 0,64%, a R$ 4,1504, renovando máximas que não eram atingidas desde setembro do ano passado. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,1629.
Já a Bovespa operava em queda, ao redor de 96 mil pontos.
Na sexta-feira, o dólar encerrou a sessão em alta de 1,13%, vendida a R$ 4,1250 – maior valor desde 19 de setembro do ano passado (R$ 4,1267). Na parcial do mês, o dólar já acumula um salto de 8,03%. No ano, a valorização ante o real é de 6,47%.
Tensão entre EUA e China
Os Estados Unidos e a China buscaram nesta segunda-feira aliviar as tensões sobre a guerra comercial nesta segunda-feira, com Pequim pedindo calma e o presidente norte-americano, Donald Trump, prevendo um acordo depois que os mercados recuaram em resposta a novas tarifas de ambos os países.
Trump disse acreditar que a China quer fazer um acordo comercial depois de ter entrado em contato com autoridades comerciais dos EUA durante a noite para dizer que quer voltar à mesa de negociações. Quando perguntado se poderia adiar as tarifas planejadas para os produtos chineses, respondeu: "Tudo é possível".
A tensão entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na sexta-feira, com ambos os lados adotando mais tarifas sobre as exportações um do outro. Trump anunciou uma taxa adicional sobre cerca de US$ 550 bilhões de produtos chineses, horas depois de a China divulgar tarifas retaliatórias sobre US$ 75 bilhões em mercadorias dos EUA.
Para Italo Abucater, gerente de câmbio da Tullett Prebon, o dólar agora passa a operar em linha com seus pares emergentes, já que, apesar do alívio momentâneo dado pelas declarações, o cenário ainda é de cautela.
"O dólar operar em alta diante do cenário externo mais incerto faz muito mais sentido. Todos sabem que essa conversa de uma resolução próxima da guerra comercial é papo e que a tendência é que isso se estenda por um período indeterminado", disse à Reuters.
Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da CM Capital Markets, o sentimento de cautela permanece de pano de fundo, já que o cenário de mudanças bruscas de posicionamento de ambos os lados já se mostrou comum.
"Esse evento vai influenciar o mercado por um prazo indefinido, então sempre vai ter uma cautela. Por agora, está tudo tranquilo, mas amanhã as coisas podem mudar", disse à Reuters.
Atuação do Banco Central
Na cena doméstica, o BC vendeu todos os US$ 550 milhões em moeda física e negociou ainda todos os 11 mil contratos de swap cambial reverso ofertados -- nos quais assume posição comprada em dólar.
Na semana passada, o Banco Central anunciou a programação de leilões de venda de dólar à vista ao longo do mês de setembro, em operações que podem somar US$ 11,6 bilhões.
Ao garantir ao mercado a intenção de continuar a trocar swaps cambiais por dólar à vista, o BC reduz a incerteza sobre o objetivo de aumentar a liquidez no mercado à vista, cuja escassez de moeda tem sido um dos motores para a força recente do dólar.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2019 foi elevada de R$ 3,78 para R$ 3,80 por dólar, segundo boletim Focus do BC, divulgado nesta segunda. Para o fechamento de 2020, permaneceu em R$ 3,81 por dólar.
Economia estagnada
Na cena local, o destaque da semana é a divulgação do PIB oficial do segundo trimestre, que será conhecido na quinta-feira. "Embora o número esperado seja muito baixo, a maior parte dos economistas não espera um PIB negativo no período – o que, se for confirmado, afasta ao menos por ora a temida recessão", destacou a Azimut Brasil em relatório.
Os analistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de alta do PIB em 2019 de 0,83% para 0,80%, segundo boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda.
G1
Portal Santo André em Foco
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